24 de outubro de 2015

A "crise" e o capitalismo

O que é a "estratégia do empobrecimento" de que tanto se tem falado? 

É na realidade a estratégia do capitalismo financeiro internacional que visa, um objectivo, que podemos dividir em duas:
1 - A transferência de dinheiro de quem o produz para os que detêm os meios de  exploração e o poder representado pelos bancos ou "mercados".
2 - O enfraquecimento da luta da classe explorada.

A primeira, que se processa pela dependência crescente dos Estados face aos Bancos e "mercados", através de empréstimos e juros que são sempre crescentes, justifica que os Governos apliquem as medidas de "austeridade", instrumento decisivo no acentuar das desigualdades. Os ricos em menor número mas cada vez mais ricos, e os pobres cada vez em maior número e mais pobres.

A segunda, a que tem a principal carga política, visa retirar força e meios aos trabalhadores, para dificultar a luta contra a exploração e, portanto, impedir a transformação da sociedade que, segundo eles, é eterna (o fim da história) o capitalismo.

A estratégia do empobrecimento é, entre outros:
- Aumento do desemprego para, através da chantagem - ou aceitas ou não tens trabalho - conseguir destruir todos os direitos dos trabalhadores.
Conseguem assim, com a conivência dos governos de direita, ao seu serviço, os meios para destruir os "contratos de trabalho" e praticar as arbitrariedades que entendem. São exemplos o salário mínimo, salário justo, horários de trabalho, despedimentos, entre muitos outros.
Trabalhadores que trabalham, pois o capitalismo não pode prescindir deles, ganham cada vez menos, face ao custo de vida, e têm horários de trabalho mais longos.
Trabalhadores que não trabalham, desempregados, não têm meios de subsistência e têm que dedicar os poucos meios que têm para conseguirem sobreviver.
Reformados, que agora poderiam ter maior participação na sociedade, vêm reduzidas as pensões para que descontaram uma vida, e os seus recursos são todos voltados para a ajuda aos filhos e netos na maioria, desempregados.
São evidentes os condicionamentos criados aos trabalhadores, sem rendimentos, nomeadamente na sua capacidade de organização e luta.

Dos restantes membros da sociedade, os jovens, se são filhos de trabalhadores, têm que abandonar os estudos e encontrar meios para sobreviver.
Os jovens filhos dos ricos, no poder, terão então oportunidade de continuar a estudar, em escolas privadas, e aprender as técnicas de domínio da sociedade capitalista, nos governos, nas administrações das empresas, que os pais lhes entregam como herança.

Parece estar assim garantida a prossecução do capitalismo, pelo empobrecimento, ou melhor, pelo enfraquecimento da luta dos trabalhadores.

Em paralelo com esta estratégia financeira, funciona uma outra, mais ideológica, que lhe dá suporte. O empobrecimento ou adormecimento das consciências.
Com uma pequena parte do dinheiro que subtraem aos trabalhadores, compram os meios de comunicação social, pagam bem a jornalistas que os sirvam, publicitários, comentadores, polítólogos, fazedores de opinião, do pensamento único, e a vários outros que os servem, formando assim uma "claque" de admiradores que vivem das migalhas que os grandes lhes vão dando. Essa "claque", alimenta a campanha ideológica que sustenta esta "democracia" que não é democracia. São os que servem para enganar, para desviar as atenções dos verdadeiros problemas dos trabalhadores, dizendo as coisas que bem conhecemos, para nos convencerem, para nos adormecerem. E, infelizmente, em parte conseguem.

Outras "sub-estratégias", como a guerra, o terrorismo que o imperialismo alimenta, concorrem também para os mesmos objectivos.

Mas, há sempre um mas, apesar da força dos muito ricos e empobrecimento dos cada vez mais pobres, há algumas condições que o capitalismo não consegue controlar.
Entre elas é a diferença numérica entre exploradores e explorados, entre muito ricos e muito pobres. Outra, a principal, é a inteligência das pessoas.
Felizmente, os trabalhadores, também têm cérebro. Por isso há cada vez mais os que têm confiança, determinação, inteligência e, apesar das estratégias e força do capitalismo, apesar dos sacrifícios, transmitem essa confiança e acrescentam à luta outros explorados, num processo imparável e indestrutível.

Uma nota para futura reflexão:
Sendo indispensável, não basta a confiança, a determinação e força para combater.
É necessário inteligência, adquirir os conhecimentos e as capacidades para, em todos os domínios da nossa actividade, da nossa luta, juntar a força ao saber fazer (e bem). Aprender, aprender sempre.


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