25 de novembro de 2014

Os Três Dias do Condor

A CIA, os governos dos Estados Unidos e o apoio às ditaduras militares

Quem se lembra do filme "os Três Dias de Condor" recorda um pacato investigador contratado pela CIA para ler livros e revistas, procurando significados escondidos e mensagens em código. Descobrira coisas que não devia e, um dia, ele sai comprar comida e quando regressa ao seu gabinete, numa dependência da CIA, encontra todos os seus colegas assassinados. Sente imediatamente que escapara por sorte e foge tentando descobrir quem está por detrás do crime antes que os assassinos cheguem até ele.

Hoje li em notícias do Brasil que o Ministério Público Federal (MPF/RJ) no Rio de Janeiro informou nesta segunda-feira (24) ter encontrado documentos na casa coronel Paulo Malhães, assassinado em abril deste ano. Esses documentos comprovam a colaboração entre os regimes ditatoriais da América do Sul nas décadas de 1970 e 1980, conhecida como Operação Condor. 

A Operação Condor foi uma ação conjunta de repressão a opositores das ditaduras instaladas nos seis países do Cone Sul: Brasil, a Argentina, o Chile, a Bolívia, o Paraguai e Uruguai. A função principal era neutralizar e reprimir os grupos que se opunham aos regimes militares montados na América Latina, como os Tupamanos no Uruguai, os Montoneros na Argentina, o MIR no Chile, etc. Montada em meados dos anos 1970. Esta acção foi apoiada pela CIA e há fortes indícios de que essa ação conjunta entre os governos do Cone Sul contou não apenas com o conhecimento, mas também com o apoio do governo norte-americano, como demonstram documentos secretos divulgados pelo Departamento de Estado em 2001.
foto retirada do portal Vermelho

Em 1992, foi comprovada, através de documentos encontrados no Paraguai, a existência de um acordo costurado por todos os países do Cone Sul com o intento de facilitar a cooperação na repressão aos grupos e indivíduos opositores dos regimes militares que então governavam o Cone Sul. 

Já em 28 de Abril deste ano a Globo noticiou que o Ministério Público Federal (MPF) tinha feito uma busca e apreensão de documentos na casa do coronel-reformado Paulo Malhães, morto no dia 25 ao que tudo indica assassinado por estranhos que invadiram a sua casa e levaram dois computadores.
Dizia ainda a Globo que segundo a polícia a morte de coronel pode ser um ato de 'queima de arquivo' ou 'vingança'.

Agora o procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, disse que a descoberta feita é uma marco histórico para revelar os responsáveis por crimes durante a ditadura. Na diligência na casa de Malhães, o Grupo de Trabalho de Justiça e Transição do MPF/RJ descobriu documentos relativos à Operação Gringo, que consistia no monitoramento, na vigilância e prisão de estrangeiros que demonstrassem qualquer atividade considerada ofensiva ao regime. 

Diz ainda a notícia que «Um informe em espanhol, denominado Operação Congonhas, detalha a estrutura de organizações de militância e guerrilha contra a ditadura argentina. Também explicava atividades de infiltração de militares argentinos no Brasil para monitorar, contatar e prender os "inimigos” do regime argentino. Os documentos agora encontrados são a maior prova da existência da Operação Condor e de que a Operação Gringo era um braço internacional».

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