As entrevistas manipuladoras de Fátima Campos Ferreira
O que se passou com Ramalho Eanes
Todas as entrevistas que tenho visto de Fátima Campos Ferreira (FCF), contêm, sempre, manipulação dos entrevistados mas, especialmente dos telespectadores.
Por vezes, a manipulação é muito bem disfarçada, outras menos. Normalmente as técnicas usadas são o retirar conclusões que distorcem o que o entrevistado disse, outras é interromper o entrevistado quando a sua ideia não é o que ela quer que seja, outras ainda, introduzir na interrupção perguntas, que elas próprias são afirmações, ou que, face ao contexto das respostas do entrevistado, desviam a atenção para ideias que não são as que estão a ser expostas.
Isto acontece sempre nas entrevistas de FCF, que não perde oportunidades para induzir em erro o telespectador menos prevenido.
Vejamos alguns exemplos:
Vejamos alguns exemplos:
Na entrevista com Ramalho Eanes (RE), depois de uma introdução em que o Ex-Presidente, manifestou a necessidade do diálogo e da unidade de todos para resolver os graves problemas que atravessamos, aos 4 min. FCF pergunta concretamente se "o senhor acha... que o Presidente da República poderia ter antecipado esta inacção até chegar o FMI?"
RE começa por responder que "nesta negociação é necessário haver uma estratégia" e essa estratégia devia passar "por uma concentração de forças... com os partidos todos reunidos... a consensualizar um estratégia e… apresentarem-se como uma frente unida perante os nossos interlocutores". Mais adiante esclarece "isso não está a acontecer e estamos a negociar de forma dispersa o que reduz a nossa capacidade de intervenção".
Então aos 5.25 min. FCF interrompe e dá-se ao luxo de completar a ideia do entrevistado dizendo "e os partidos de esquerda nem sequer foram ouvidos porque não aceitaram ir".
Com esta interrupção Fátima desviou o assunto que era "das medidas que o PR poderia ter tomado para reunir todos os partidos" para uma outra que foi a posição dos partidos de esquerda não quererem negociar com o FMI.
A ideia que FCF habilidosamente deu, foi que a recusa dos partidos de esquerda, era a recusa do diálogo. Eanes volta a afirmar que a democracia é o diálogo e então aos 6.15 min Fátima reforça a mesma ideia, de que os partidos de esquerda não quiseram dialogar, concluindo o que RE dizia, com a sua pergunta/conclusão "acha, então, que esses partidos deveriam ter ido a essa reunião?". Com esta pergunta/afirmação FCF novamente desviou o entrevistado que opinava – “reunião conjunta com todos os partidos, para definir uma estratégia” - para a “reunião do FMI com cada partido”. Mais uma "habilidade" a que Eanes respondeu dizendo que cada partido terá as suas razões e, reportando-se, certamente, à sua ideia da reunião para definir a estratégia disse "eu ficaria muito satisfeito que isso tivesse acontecido".
Fátima dá mais umas estocadas nos partidos de esquerda e RE relembrou acontecimentos em que participou como Presidente da Republica e, aos 6.30 min diz que "nunca o Dr. Álvaro Cunhal se recusou a discutir comigo, com a Presidência, todas as questões..." Então FCF aos 7.00 min tenta interromper mais uma vez, mas RE completou a sua opinião da necessidade de dialogo com os partidos. Aos 7.15 min FCF volta a distorcer a ideia de Eanes - necessidade de diálogo com os partidos - dizendo: "não é essa a realidade" actual, os partidos estão a ir a "conta gotas" às reuniões com o FMI.
É evidente que esta forma de caracterizar “reuniões a conta gotas”, dita como foi, cria nos telespectadores uma imagem errada dos acontecimentos.
Aos 10.50 min. Eanes avança a ideia de um Governo de unidade com todos os partidos fomentado pelo PM para, na mesma linha de diálogo, enfrentar a situação e definir uma estratégia para negociar a redução dos juros, o alargamento do prazo de pagamento e pagar a dívida sem "esticar demasiado a corda" para os que estão em situação mais desfavorecida. Estas opiniões pareceram não interessar a FCF.
Então aos 23.00 min, já quase no fim, quando RE estava a falar da desarticulação da Europa, desde o fim da União Soviética, FCF preferiu perguntar quais as opiniões sobre as opiniões de Mário Soares, sobre Sarkosy, Merkel e Berlusconi. Como o povo diz "estava mais interessada em lavar roupa suja" e fabricar dissensões. É este o melhor jornalismo que temos na nossa televisão.
Boa análise, obrigado.
ResponderEliminarViva!
ResponderEliminarConcordo consigo quase em absoluto. E "quase" porque não entendo a "estratégia" de Fátima Campos Ferreira nem como estratégia nem como manipulação.
Aquilo é simplesmente incapacidade, burrice. Ela tem muita dificuldade em digerir o que se lhe está a dizer. Vem com o "teleponto" metido na cabeça e, tido o que sai das baias é areaia demais.
Cumprimentos
Ruben Valle Santos
Caro Ruben
ResponderEliminarÉ bem possível, mas creio que no meio da burrice faz um papel que lhe convém, até para ficar bem vista perante quem lhe interessa.
Cumprimentos
Eduardo