Li hoje no Editorial do Negócios, o seguinte:
O fabuloso ano de 2002 do BPN, Jornal Negócios, 26-01-2011, Editorial
Pedro Santos Guerreiro - Director
26 de Setembro de 2003. O Negócios revela em primeira página: "Auditor com reservas às contas do BPN". Eram as contas de 2002 - o ano em que, como foi dito ontem no tribunal, o BPN já estaria falido. Mas aquela notícia teve consequências: o BPN mudou de auditor e cortou a publicidade ao Negócios.
É assim que funcionam os "mercados" e o capital financeiro.
Fiquei entretanto a pensar se a atitude do Jornal Negócios será uma excepção? Quantos editores cedem às pressões do poder económico e publicam apenas aquilo que aos proprietários dos órgãos de comunicação convém?
No final do Editorial, revela-se que José Oliveira e Costa explicava que tinha tomado decisões "para não pagar tanto imposto", afirmava que o crédito ao imobiliário e construção era "produto de alta qualidade" e que "A SLN tem 420 sócios, todos empresários de sucesso. Tomara que todo o crédito estivesse tão seguro quanto estes!"
Oito anos depois, começa o julgamento. O Director do Negócio termina assim o seu Editorial.
Alguns desses accionistas estão agora no banco dos réus. Outros, como Cavaco Silva, preferem riscar a passagem do BPN pelas suas vidas. Oliveira e Costa diz-se afectado na sua saúde. O tribunal vai adiando o julgamento porque não tem uma sala em condições. Tudo isto é fabuloso: do domínio das fábulas. "Valores que distinguem", diziam eles. Nós distinguimos bem: são dois mil milhões de euros.
O Julgamento foi adiado para depois das eleições, tal como o governo adiou as Indemnizações dos despedimentos.
Creio, não ser necessário mais comentários.
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