José Afonso e "Os Vampiros"
VAMPIROS
José Afonso, começou por cantar o tradicional fado de Coimbra. No entanto, como ele disse, na década de 60 apercebeu-se "da inutilidade de se cantar o cor-de-rosa e o bonitinho, muito em voga nas nossas composições radiofónicas e no nosso musichaIl de exportação". Procurou então dar às canções "uma certa dignidade" e "valor educativo". Tornou-se então uma figura central do movimento de renovação da música portuguesa que se desenvolveu na década de 1960, com as canções de intervenção, de conteúdo revolucionário e de esquerda, contra o fascismo. As canções de José Afonso marcaram o derrube do fascismo e o 25 de Abril de 1974. A sua canção, "Grândola, Vila Morena", foi utilizada como senha pelo Movimento das Forças Armadas.
Em 1963 são editados os primeiros temas de carácter vincadamente político, Os Vampiros e Menino do Bairro Negro — o primeiro contra a opressão do capitalismo, o segundo, inspirado na miséria do Bairro do Barredo, no Porto — integravam o disco Baladas de Coimbra, que viria a ser proibido pela Censura. José Afonso e Adriano Correia de Oliveira tornaram-se símbolos de resistência antisalazarista da época.
Segundo relata José Afonso, os vampiros, canção contra a exploração capitalista, foi pensada numa viagem a Coimbra pela urgência de tratar temas, educativos, na tentativa de se "repercutirem no espírito narcotizado do público, molestando-lhe a consciência adormecida em vez de o distrair”. Foi essa a intenção que orientou a génese de "Vampiros", imagem da "fauna hipernutrida de alguns parasitas do sangue alheio". Diz ele, "fiz uma canção para servir de pasto às aranhas e às moscas".
Zeca conseguiu abanar muitos espíritos adormecidos. Ainda hoje a sua voz ecoa nos momentos mais difíceis por que passamos. Os vampiros andam aí, ávidos do "sangue da manada".
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