15 dezembro 2025

Povo da Venezuela mobiliza-se contra a pirataria e o roubo do petróleo nacional por parte dos EUA

Este sábado, a Venezuela foi palco de grandes protestos generalizados em vários estados, pelo povo venezuelano, que rejeita veementemente os atos de interferência do governo norte-americano e denunciou os atos de "pirataria internacional" perpetrados contra um petroleiro que transportava petróleo venezuelano.

Uma das maiores marchas começou na Plaza La Concordia e seguiu até à Plaza Miranda, estrategicamente localizada em frente à Avenida Baralt, em Caracas. Colunas de manifestantes de bairros operários como Magallanes de Catia, La Vega e Plaza Candelaria juntaram-se à marcha, amplificando a voz da condenação.

O protesto não se limitou ao Distrito da Capital. No estado de Miranda, os populares também saíram à rua numa marcha que se uniu à defesa da soberania nacional contra as ameaças externas.

Também no interior do país a adesão foi enorme. Em San Fernando de Apure, uma grande manifestação começou na Avenida Primero de Mayo e seguiu em direção ao icónico Monumento aos Pescadores numa mensagem clara contra a tentativa de pilhagem do petróleo venezuelano.

As concentrações massivas apoiam a denúncia oficial do Governo que qualificou «robo descarado» e «acto de piratería», «criminosa e ilegal» a retenção de um petroleiro venezuelano no Caribe por navios de guerra dos Estados Unidos. Esta nova agressão gerou rejeição por parte de governos como da China, da Rússia, de Cuba e do Irão, bem como de organizações como a ALBA-TCP, da Associação Americana de Juristas, e de movimentos sociais internacionais.

Aspetos-chave da agressão dos EUA no Caribe

Desde agosto passado que os EUA mantêm uma força militar significativa posicionada na costa da Venezuela, justificando-a como parte da luta contra a droga. Trump afirmou ainda que, para este efeito, lançará em breve ataques terrestres.

No âmbito destas operações, os EUA bombardearam alegados navios de tráfico de droga nas Caraíbas e no Pacífico, resultando em mais de 80 mortes, sem provas de que estivessem de facto a traficar narcóticos.
Numa escalada das ações violentas dos EUA na região, os militares norte-americanos atacaram um petroleiro na costa venezuelana.

Maduro afirma que o verdadeiro objectivo dos EUA é a "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela. "A máscara deles caiu; o narcotráfico é 'fake news', é o petróleo que querem roubar".

A ONU e a própria DEA salientam que a Venezuela não é uma rota principal de tráfico de droga para os Estados Unidos, uma vez que mais de 80% da droga utiliza a rota do Pacífico.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos e os governos da Colômbia, México, Rússia e Brasil condenaram as ações dos EUA. Os especialistas descrevem os ataques a embarcações como "execuções sumárias" que violam o direito internacional. 

Vídeos podem ser vistos AQUI

Seis presos políticos foram hospitalizados no Reino Unido após 39 dias em greve de fome. Governo não responde.

Os presos, apoiantes da Palestina, iniciaram a greve de fome no dia 2 de Novembro para exigirem um julgamento justo, a libertação sob fiança, o encerramento da prisão, o levantamento da proibição da organização Palestine Action e o fim da censura à sua correspondência. O protesto tornou-se na maior greve de fome coordenada nas prisões britânicas desde 1981, na Irlanda.

Dos oito grevistas, um já foi hospitalizado duas vezes, e outros cinco continuam hospitalizados e estão em estado crítico. Apesar disso, o Ministro da Justiça, David Lammy, não respondeu aos pedidos de diálogo nem aos apelos de várias organizações de solidariedade.

A campanha de apoio aos grevistas da fome já reuniu mais de 5.000 assinaturas e conta com o apoio do Partido Verde, do Your Party, do Partido Nacional Escocês, do Plaid Cymru, de parlamentares trabalhistas e de grupos de solidariedade para com a Palestina. As famílias e os activistas exigem que o Ministro da Justiça se reúna imediatamente com os representantes dos grevistas da fome antes da suspensão das actividades parlamentares.

Os co-líderes e parlamentares do Partido Verde escreveram-lhe publicamente ao ministro, enquanto o Your Party solicitou uma reunião há mais de um mês, sem ainda receberem resposta. A causa dos grevistas da fome é apoiada pelo Partido Verde, pelo Your Party, pelos membros do SNP, pelo Plaid Cymru e por vários deputados trabalhistas, bem como pela Campanha de Solidariedade com a Palestina e por grupos de solidariedade com a Palestina em todo o Reino Unido.

Na quarta-feira, 10 de dezembro de 2025, John McDonnell apresentou uma moção de emergência no Parlamento, assinada por 40 deputados, manifestando preocupação com os maus-tratos na prisão e com a rápida deterioração do estado de saúde dos presos.
Fonte aqui

09 dezembro 2025

Israel com apoio dos EUA comete todos os crimes

A polícia israelense, acompanhada por funcionários municipais, entrou à força no prédio da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, em Jerusalém Oriental, nesta segunda-feira.

Em mensagem divulgada na rede social X, o comissário-geral da Unrwa, Philippe Lazzarini, afirmou que as forças policiais entraram no local usando motos, caminhões e empilhadeiras, cortaram a comunicação e apreenderam móveis e equipamentos de informática.

“Desrespeito flagrante”

A bandeira da ONU foi retirada e substituída por uma bandeira israelense.

O chefe da Unrwa afirmou que esta ação representa um “desrespeito flagrante das obrigações de Israel enquanto Estado-membro das Nações Unidas de proteger e respeitar a inviolabilidade das instalações da organização”..../...

Convenções internacionais e obrigações legais

Israel é parte da Convenção sobre os Privilégios e Imunidades das Nações Unidas, que estabelece a inviolabilidade das instalações da ONU e a imunidade dos seus bens e ativos contra busca, apreensão e processos legais.

Lazzarini sublinhou ainda que a Corte Internacional de Justiça, CIJ, já afirmou que Israel tem obrigação de cooperar com a Unrwa e com outras agências da ONU. O comissário-geral alertou que permitir este tipo de ação cria um precedente perigoso para a presença da ONU em outras partes do mundo.

A Unrwa presta serviços em saúde, educação e outras áreas para cerca de 6 milhões de refugiados palestinos em cinco localidades no Oriente Médio, incluindo o Território Palestino Ocupado.

05 dezembro 2025

Mais de 64.000 crianças palestinianas foram mortas ou feridas por Israel

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Rede Global de Clusters de Protecção e a Área de Responsabilidade de Protecção da Criança alertaram que mais de 64.000 crianças palestinianas foram mortas ou feridas por Israel na Faixa de Gaza desde o início da sua mais recente campanha genocida contra a população palestiniana, em Outubro de 2023.

Em comunicado, as organizações informaram que 658.000 crianças abandonaram a escola devido à devastação causada pela agressão sistemática de Israel, que fez mais de 70.000 mortos no enclave costeiro.

“Estão expostas a violência implacável, repetidas deslocações e severas privações”, denunciou o comunicado. As instituições alertaram que, como consequência das ações criminosas de Israel, mais de 11.000 crianças sofreram ferimentos graves e necessitam de reabilitação a longo prazo e apoio em saúde mental.


Na terça-feira, os meios de comunicação locais noticiaram o assassinato de uma criança e de um jornalista num ataque israelita à Cidade de Gaza, uma agressão levada a cabo em flagrante violação dos acordos de cessar-fogo que entraram em vigor a 11 de Outubro.

O Ministério da Saúde de Gaza informou que o número de palestinianos mortos ultrapassa os 70.000, a maioria crianças e mulheres, enquanto 170.986 pessoas ficaram feridas. Alertou ainda que ainda há vítimas presas sob os escombros, onde as equipas de ambulâncias e da defesa civil enfrentam dificuldades devido às constantes ameaças e restrições impostas pela ocupação israelita.

As autoridades palestinianas relatam números alarmantes de ataques israelitas contra a população civil, para além de denunciarem crimes de guerra e violações do direito internacional e dos direitos humanos por parte desta entidade sionista.

Vários governos, especialistas e analistas concordam que a Palestina está a enfrentar um genocídio às mãos de Israel, no âmbito das suas ações colonialistas na nação árabe desde 1948, após a alocação ilegal, com o apoio da ONU, de parte do território palestiniano a um grupo de cidadãos europeus para fins de colonato, sem o consentimento da população palestiniana original.

Fonte TeleSur 

04 dezembro 2025

Israel não respeita o cessar fogo. Continua o genocídio

São já 356 mortes e 908 feridos desde que o cessar-fogo entrou em vigor a 11 de outubro (1).

Muitas vítimas permanecem sob os escombros e nas estradas e as ambulância e equipas de socorro não conseguem chegar até elas.

Os novos números elevam o número total de vítimas humanas da ofensiva israelita contra a Faixa de Gaza desde outubro de 2023 para, pelo menos, 70.103 mortos e 170.985 feridos, segundo a mesma fonte.

Mais de 100.000 palestinianos morreram na guerra.

As guerras e a instabilidade política têm um impacto dramático. Um estudo recente do Instituto Max Planck de Investigação Demográfica tentou fornecer uma estimativa quantitativa da devastação provocada pela Guerra de Gaza (2), que não coincide com os dados disponíveis.

“O nosso objetivo é estimar a esperança de vida e a perda de vidas causadas pelo conflito em Gaza, na Palestina, de uma forma que tenha em conta dados incompletos ou dispersos”, afirma Ana Gómez-Ugarte, uma das diretoras do estudo.

O estudo conclui que mais de 100.000 pessoas morreram na Guerra de Gaza. Entre 7 de outubro de 2023 e o final de 2024, 78.318 pessoas morreram como resultado direto da guerra e, até 6 de outubro deste ano, o número de mortos ultrapassou provavelmente os 100.000.

“Devido a esta mortalidade sem precedentes, a esperança de vida em Gaza caiu 44% em 2023 e 47% em 2024 em comparação com o que teria sido sem a guerra, o que equivale a perdas de 34,4 e 36,4 anos, respetivamente”, afirma Gómez-Ugarte.

1) https://www.lorientlejour.com/article/1486757/au-moins-356-palestiniens-tues-par-larmee-israelienne-depuis-le-debut-de-la-treve-selon-le-ministere-de-la-sante-de-gaza.html
(2) https://pophealthmetrics.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12963-025-00422-9 

Israel, oito décadas a espezinhar o direito internacional.

De uma notícia do Público de Espanha. 

As Nações Unidas e os tribunais internacionais emitiram dezenas de resoluções contra o governo israelita pelas suas políticas de ocupação e apartheid nos territórios palestinianos. Israel ignorou-as sistematicamente.

A primeira resolução da ONU sobre a causa palestiniana, foi emitida em 1947. Foi a primeira resolução a reconhecer a criação do Estado de Israel, mas também a existência do Estado palestiniano. Foi a primeira — de muitas — que os sucessivos governos de Telavive violaram.

Os debates arrastaram-se por quase vinte dias na passadeira verde da ONU. Representantes da comunidade judaica discursaram quatro vezes. Os da população palestiniana discursaram menos de metade dessas vezes. A reunião culminou com a partição do enclave em dois Estados: um árabe e outro judeu. “Esta solução foi profundamente colonial.” A ONU dividiu a Palestina sem consultar previamente o povo palestiniano e legitimou o projeto europeu em terras árabes. Israel manteve 54% do território, mas após a Nakba de 1948, ocupou 78%. E actualmente, nem sequer reconhece este plano de partilha como um ponto de referência válido. A população judaica não representava nem um terço do total de habitantes da Palestina nessa época.

O Estado de Israel nasceu da limpeza étnica

Israel aceitou a partilha, ou seja, aceitou a sua configuração como Estado. "Esta é a única parte da resolução que os israelitas cumpriram". "O projecto sionista começou com uma abordagem absolutamente colonial. O Estado de Israel nasceu da limpeza étnica: houve expulsões e massacres. Os refugiados que tiveram de fugir das suas casas nessa altura ainda não puderam regressar. E não podemos esquecer isso, por mais que as circunstâncias sejam agora diferentes e os crimes contra a humanidade, juntamente com o genocídio, tenham relegado este facto para segundo plano."

Resolução 194

Esta é precisamente uma das questões abordadas na Resolução 194 da Assembleia Geral da ONU, adoptada em Dezembro de 1948. O texto menciona explicitamente o "direito de regresso" dos refugiados palestinianos que foram expulsos das suas aldeias após a criação do Estado de Israel. Estabelece ainda que este direito deve ser cumprido "o mais rapidamente possível". A realidade é que passaram 77 anos. E nenhum refugiado palestiniano conseguiu regressar ao que os seus pais ou avós certamente chamavam de lar. "Esta resolução continua a ser a pedra basilar do direito internacional na Palestina e um ponto essencial para a libertação do povo palestiniano. Israel não só deixou de a cumprir, como também legislou em sentido contrário."

Resolução 242

A Resolução 242 é também uma das mais conhecidas. Nesta resolução, a Assembleia Geral da ONU exige a retirada do exército israelita dos territórios ilegalmente ocupados. O resultado é, mais uma vez, o mesmo das resoluções anteriores: Israel ignora-a desde a sua adopção. "A própria ocupação é um crime de agressão, tal como descrito no Estatuto de Roma". "Os israelitas contestam sistematicamente e respondem dizendo que os territórios ocupados também não estavam anteriormente sob soberania palestiniana, mas sim jordana e egípcia; por isso referem-se a eles como territórios contestados — ou seja, áreas sobre as quais dois ou mais países reivindicam soberania. A ocupação nunca terminou."

03 dezembro 2025

A Colômbia restabelece o serviço aéreo civil com a Venezuela e convida o mundo a fazer o mesmo.

O presidente colombiano, Gustavo Petro, anunciou na segunda-feira que o seu país retomou os voos de e para a Venezuela, no meio de ameaças e agressões dos Estados Unidos nas Caraíbas, através de táticas de pressão empregues pela administração Trump.

"A Colômbia está a restabelecer o serviço aéreo civil com a Venezuela e convida o mundo a fazer o mesmo", declarou Petro nas redes sociais, acrescentando que a situação atual exige canais diplomáticos para a sua resolução.

"É tempo de diálogo, não de barbárie", declarou Petro, sublinhando que "os EUA não têm o direito de fechar o espaço aéreo venezuelano. Podem fazê-lo com as suas próprias companhias aéreas, mas não com as do mundo".

A mensagem de Petro foi acompanhada por uma entrevista ao jornal La Razón com a ministra dos Transportes da Colômbia, María Fernanda Rojas Mantilla, que questionou o alerta emitido pela Administração Federal de Aviação (FAA) dos EUA em relação aos voos para a Venezuela, uma medida que descreveu como politicamente motivada e uma violação dos princípios fundamentais da aviação internacional.

A FAA emitiu um alerta a 21 de novembro contra a Venezuela, alegando uma alegada deterioração das condições de segurança e um aumento da atividade militar em território venezuelano. Esta ação dos EUA levou seis companhias aéreas internacionais a suspender os seus voos para a Venezuela, entre as quais a Iberia, a TAP, a Avianca, a Caribbean Airlines, a GOL e a Latam.

Aspetos-chave da agressão dos EUA:

Desdobramento militar: Desde agosto passado que os EUA mantêm uma força militar significativa destacada na costa da Venezuela, justificando-a como parte da luta contra o narcotráfico. Washington anunciou posteriormente a Operação Lança do Sul, com o objectivo oficial de "eliminar os narcoterroristas" do Hemisfério Ocidental e "proteger" os Estados Unidos "das drogas que estão a matar" os seus cidadãos.

Operações letais: No âmbito destas operações, foram realizados atentados bombistas contra alegados navios de tráfico de droga, resultando em mais de 70 mortes e sem provas de que estivessem realmente a transportar drogas.

Acusações e recompensa: Washington acusou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, sem provas, de liderar um cartel de droga e duplicou a recompensa pela sua captura.

Posição venezuelana: Maduro denuncia que o verdadeiro objetivo dos EUA é a "mudança de regime" para se apoderar da imensa riqueza de petróleo e gás da Venezuela.

Falta de apoio: Organizações como a ONU e a própria DEA salientam que a Venezuela não é uma rota principal de tráfico de droga para os Estados Unidos, uma vez que mais de 80% da droga que circula na região chega pela rota do Pacífico. 

Condenação internacional: A Rússia, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos e os governos da Colômbia, México e Brasil condenaram as ações dos EUA. Os especialistas descrevem os ataques a embarcações como "execuções sumárias" que violam o direito internacional.

Objectivo: Petróleo

Entretanto um Tribunal dos EUA decide venda da PDV Holding e sua filial petrolífera venezuelana CITIGO

A Venezuela acusou os Estados Unidos de tentarem apoderar-se das reservas de petróleo do país por meio da força militar, segundo uma carta enviada pelo presidente Nicolás Maduro ao secretário-geral da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).

A filial da estatal venezuelana PDVSA estava sob o controle de uma diretoria nomeada pela oposição no país sul-americano, depois de Washington ter entregue o comando da empresa em 2019, após não reconhecer a reeleição do presidente Nicolás Maduro.

A vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, leu nesta terça-feira um comunicado no qual "rejeita energicamente a decisão adotada no procedimento judicial de 'venda forçada' da empresa Citgo".

"A Venezuela não reconhece nem reconhecerá a venda da Citgo", acrescentou Rodríguez, que responsabilizou a oposição liderada por María Corina Machado, pela venda da empresa.

Horacio Medina, presidente diretoria nomeada pela oposição que controla a Citgo, disse à AFP que vai contestar a decisão.

O valor da Citgo é estimado em cerca de 10 mil milhões de dólares, segundo Medina.

 

01 dezembro 2025

Hoje, países da África, América Latina e Ásia podem dizer NÃO a Washington.

Da análise de John Mearsheimer, professor de ciência política na Universidade de Chicago e teórico da escola neorrealista em relações internacionais, que se apoia nos escritos de Richard D. Wolff, Professor Emérito de Economia na Universidade de Massachusetts, em Amherst, Professor Visitante no Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da New School University, em Nova Iorque e que também lecionou Economia na Universidade de Yale, na City University of New York e na Universidade de Paris I (Sorbonne), que pode ser lida aqui, extraí o seguinte resumo. Diz John Mearsheimer:

O professor Richard Wolf, um dos economistas marxistas mais respeitados dos Estados Unidos, acaba de apresentar a análise mais devastadora que já ouvi sobre o fracasso estratégico do Ocidente. 

Seu alerta não é uma opinião; é a autópsia de um império que, sem saber, está cometendo suicídio. As sanções concebidas para estrangular a Rússia acabaram criando algo muito pior para Washington e Bruxelas: uma ordem mundial multipolar que desafia a hegemonia americana em sua própria essência. 

Enquanto o Ocidente celebra vitórias táticas no campo de batalha, Moscou está vencendo uma guerra completamente diferente: a guerra para desmantelar o domínio do dólar e o controle económico ocidental. E o pior de tudo é que a maioria dos líderes ocidentais ainda não percebeu que está perdendo. 

Quando a Rússia lançou sua operação militar especial na Ucrânia em fevereiro de 2022, vi líderes ocidentais cometerem exatamente o mesmo erro fatal que venho documentando ao longo da minha carreira: confundiram indignação moral com pensamento estratégico. 

A resposta foi imediata e previsível: o maior pacote de sanções da história moderna. Congelamento de ativos, exclusão do sistema SWIFT, embargo energético e proibição de exportação de tecnologia avançada. O objetivo era cristalino: estrangular a economia russa até o colapso do regime. 

Como realista, eu sabia que essa estratégia se baseava numa premissa muito perigosa: a de que a Rússia não tinha alternativas. Mas Richard Wolf percebeu o mesmo que eu. O Ocidente não estava travando a guerra que pensava estar travando. Enquanto a OTAN se concentrava na contenção militar, a Rússia jogava um jogo completamente diferente: o desmantelamento sistemático da hegemonia económica ocidental. 

E Vladimir Putin estava prestes a demonstrar que o verdadeiro pilar do poder americano, o domínio do dólar, era muito mais frágil do que qualquer um imaginava. 

O primeiro choque veio em poucas semanas. O rublo, que analistas ocidentais previam que se tornaria sem valor, não só se estabilizou como se fortaleceu. No final de 2022, já havia se valorizado em relação ao dólar. O Produto Interno Bruto (PIB) da Rússia, que economistas do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial previam que desceria 15% ou mais, mal se contraiu antes de se recuperar a taxas que ridicularizaram todos aqueles que apostaram em seu colapso. 

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O verdadeiro terremoto foi estrutural. Richard Wolf chama isso de adaptação estratégica, à mudança sistemática da Rússia em direção ao que os economistas hoje chamam de coligação expandida do Sul Global. China, Índia, Irão, Turquia, Arábia Saudita, Brasil, Indonésia, Emirados Árabes Unidos — países que representam mais da metade da população mundial e uma parcela crescente do PIB global. 

O que mais me impressionou foi a rapidez dessa reorientação. Relações comerciais que normalmente levam décadas para se consolidar foram criadas em meses. O comércio bilateral entre a Rússia e a China cresceu 30% somente no primeiro ano. A Índia aumentou suas importações de petróleo russo em mais de 700%. Esses não foram ajustes temporários; foram mudanças permanentes no cenário económico global. 

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A Europa, num ato do que Wolf chama de arrogância moral, cortou o fornecimento de gás russo barato da noite para o dia. O suicídio económico foi imediato e devastador. Centenas de fábricas alemãs fecharam. 

A indústria francesa começou a ser transferida para os Estados Unidos e a Ásia. A competitividade europeia evaporou-se em questão de meses. Os preços da energia triplicaram e quadruplicaram em algumas regiões, impulsionando os principais fabricantes para os mercados americanos, onde subsídios e energia mais barata os aguardavam de braços abertos. 

Testemunhei o colapso de cadeias de suprimentos inteiras em tempo real. Fábricas de produtos químicos que haviam sido lucrativas por décadas de repente se tornaram deficitárias. A produção de aço, a espinha dorsal da indústria europeia, caiu em dois dígitos. O setor automóvel, que já enfrentava dificuldades com a transição para a eletrificação, sofreu um golpe adicional com os custos de energia, que o tornaram cada vez menos competitivo em relação aos rivais asiáticos. 

Entretanto, a Rússia redirecionou seus fluxos de energia para o leste com uma eficiência surpreendente. As importações chinesas de petróleo russo atingiram níveis recordes, com Pequim garantindo contratos de longo prazo a preços reduzidos. 

A Índia tornou-se o maior cliente de Moscovo fora da China, aumentando suas compras em mais de 1.000% em 18 meses. Até mesmo aliados tradicionais dos EUA, como a Turquia, aumentaram discretamente suas importações de energia da Rússia. Mas o desenvolvimento mais significativo foi a construção de nova infraestrutura, a expansão do gasoduto Força da Sibéria. 

Novas rotas pela Ásia Central, terminais de gás natural liquefeito voltados para o mercado asiático. A Rússia estava literalmente reconfigurando a rede energética da Eurásia, afastando-a da Europa. O mapa energético da Eurásia foi redesenhado em meses, não em décadas. E a Europa, que havia voluntariamente abdicado da segurança energética por razões morais, viu-se em desvantagem permanente na produção global. 

No entanto, a energia foi apenas o começo. A transformação mais profunda afeta algo muito mais ameaçador para a hegemonia americana: o próprio sistema do dólar. Durante 80 anos, os Estados Unidos desfrutaram do que os economistas franceses chamaram de privilégio exorbitante — a capacidade de imprimir dinheiro que o resto do mundo é obrigado a aceitar porque o comércio internacional é realizado em dólares. 

Esse sistema permitiu que Washington financiasse déficits enormes, mantivesse uma presença militar global e transformasse as sanções em uma arma devastadora. Richard Wolf alerta que essa era está chegando ao fim não por meio de uma derrota militar, mas por meio de um desvio sistémico. 

Os países do BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — aceleraram o desenvolvimento de sistemas de pagamento alternativos. A Organização de Cooperação de Xangai está expandindo sua arquitetura financeira e, mais importante, os principais produtores de petróleo estão aceitando pagamentos em yuan, rublo e até mesmo rúpia em vez de dólares. 

Os números são impressionantes. Em 2021, apenas 2% do comércio entre Rússia e China foi realizado em suas moedas nacionais. Em 2025, esse número ultrapassará 75%. A Arábia Saudita, o aliado mais antigo dos Estados Unidos no Oriente Médio, começou a aceitar yuan para suas vendas de petróleo à China, algo que seria inimaginável há poucos anos. 

A expansão do BRICS Plus em 2023 incorporou Irão, Egito, Emirados Árabes Unidos e Etiópia, enquanto dezenas de outros países se apresentaram para aderir. Isso não é simbolismo diplomático; é a institucionalização de uma infraestrutura financeira não ocidental, o novo banco de desenvolvimento como alternativa ao Banco Mundial, o sistema de pagamentos do BRICS desafiando o domínio do SWIFT. Cada acordo comercial bilateral firmado fora do dólar representa uma pequena brecha na hegemonia financeira dos EUA, mas o efeito cumulativo é revolucionário. 

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Os países estão se preparando para uma ordem mundial pós-americana, não por meio de revoluções, mas sim por meio de um desapego gradual dos sistemas dominados pelo Ocidente. Richard Wolf chama isso de despertar da soberania: as nações redescobrindo que têm opções. 

O mundo unipolar, onde Washington ditava as regras, está sendo substituído por uma realidade multipolar, onde o poder é distribuído entre diversos centros, mas a transformação vai além da economia; ela é psicológica, cultural e civilizacional. Por três décadas, os valores, as instituições e os modelos de desenvolvimento ocidentais foram apresentados como universais e inevitáveis. 

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Richard Wolf não se limita a expressar uma opinião incómoda. Ele a fundamenta com uma avalanche de dados que nenhum think tank de Washington consegue refutar sem cair na caricatura. Seu argumento central é devastador justamente por ser empírico. O suposto fim da história não foi uma lei histórica, mas uma aposta ideológica que fracassou e continua fracassando às claras, em tempo real, diante de todo o planeta. 

Comecemos pela China, porque é o elefante na sala que ninguém mais pode ignorar. Desde 1978, quando a descentralização abriu a economia sem abrir o sistema político, o Partido Comunista Chinês tirou mais de 800 milhões de pessoas da extrema pobreza, segundo critérios do Banco Mundial. Isso equivale a resgatar, em quatro décadas, uma população maior do que toda a Europa e a América do Norte juntas. .../...

Em 2024, o PIB da China já havia ultrapassado o dos Estados Unidos em paridade do poder de compra e, segundo projeções do FMI, essa diferença aumentará na próxima década. Tudo isso sob um sistema que qualquer livro didático de ciência política ocidental da década de 1990 teria considerado insustentável a médio prazo. Trinta anos depois, o sistema não só permanece em vigor, como define o século XXI. 

Mas a China não está sozinha. A Índia, a maior democracia do mundo, seguindo o mantra repetido à exaustão, decidiu nos últimos 10 anos que ser uma democracia não significa imitar o modelo liberal anglo-saxão. Sob Narendra Modi, o país abraçou um nacionalismo hindu exacerbado, restringiu a liberdade de imprensa, aprovou leis de cidadania que discriminam com base na religião, bloqueou a internet na Caxemira por meses e perseguiu ONGs e figuras da oposição com uma agressividade que teria escandalizado colunistas ocidentais se o protagonista fosse a Venezuela ou a Bielorrússia. 

.../... O Vietname é talvez o caso mais emblemático. Um país governado pelo mesmo Partido Comunista que venceu a guerra contra os Estados Unidos mantém hoje uma das economias de crescimento mais rápido do planeta, 6,8% ao ano, fábricas da Samsung, Intel e Nike, acordos de livre comércio com a União Europeia, com o Reino Unido e com o CPTP, e um índice de aprovação governamental que gira em torno de 90%, segundo pesquisas independentes. 

O Vietname dobrou seu PIB per capita em apenas 15 anos. Reduziu a pobreza extrema de 70% para pelo menos 5%, e fez isso sem permitir uma oposição política real, com censura rigorosa e com um modelo que combina planeamento quinquenal com abertura seletiva ao capital estrangeiro. 

A Rússia merece um capítulo à parte, pois seu caso foi o que mais feriu o orgulho ocidental nos últimos três anos. 

Em fevereiro de 2022, líderes europeus e americanos anunciaram, quase com júbilo, o Armagedom financeiro contra Moscovo. Biden falou em transformar o rublo em entulho. A UE prometeu que a economia russa retrocederia décadas. Mais de 15.000 sanções depois. O regime mais severo já imposto a um país de grande porte, os resultados são os seguintes. A Rússia cresceu 3,6% em 2023 e a projeção é de um crescimento adicional de 3% em 2024, segundo o FMI — mais do que a Alemanha, a França ou o Reino Unido. O desemprego está em um nível historicamente baixo de 2,9%. O rublo, após uma desvalorização inicial, estabilizou-se e agora está mais forte em relação ao euro do que antes da guerra. 

A Rússia ultrapassou a Arábia Saudita como o maior exportador de petróleo para a China e a Índia. Está vendendo mais trigo do que nunca, quase 50 milhões de toneladas anualmente. Inaugurou a rota marítima do Ártico. Assinou acordos de gás de 30 anos com Pequim e viu países que supostamente a isolariam — Turquia, Índia, Brasil, África do Sul e Indonésia — multiplicarem seu comércio bilateral. 

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O mundo do século XXI não se assemelhará a Washington ou Bruxelas. Ele se assemelhará a si mesmo: diverso, híbrido, pragmático, por vezes autoritário, frequentemente caótico, mas definitivamente não subserviente. E quanto mais cedo aceitarmos isso, menos dolorosa será a transição, porque a alternativa não é manter a velha ordem — isso já é impossível. A alternativa é decidir se a nova ordem nascerá da cooperação ou do confronto. .../...

E aqui, com o factos mostrados, termina a seleção das análises de John Mearsheimer e Richard D. Wolff uma vez que o texto original segue com prognósticos subjetivos e opiniões que poderão ser contrariados.

25 novembro 2025

VENEZUELA

É, sem dúvida, importante a leitura de informação que nos é escondida pela comunicação dita social e que é dominada pelos grande grupos económicos nas mãos de meia dúzia de milionários que não querem perder o seu poder e privilégios.  

Hoje em Diario Octubre vi o texto de Laura Mercedes Giráldez que passo a reproduzir pedindo desculpa se um ou outro erro de tradução possa ter havido. A fonte pode ser vista AQUI. 

A Venezuela decidiu construir coletivamente o futuro do país. Foram implementados diversos mecanismos para atingir este objetivo, fortemente influenciados pela ligação entre os quatro níveis de governo e o poder popular. Com esta convicção, realizou-se ontem a quarta e última Consulta Popular Nacional do ano, na qual foram selecionados mais de 10.000 projetos comunitários para implementação com financiamento estatal.

Este processo teve início em assembleias de base, onde as propostas consideradas adequadas pelos 5.336 Circuitos Comunitários foram pré-selecionadas para fazer face às necessidades locais. Estas necessidades concentraram-se principalmente em questões urgentes relacionadas com os serviços públicos, infraestruturas para a saúde, educação, desporto e centros de lazer, bem como formas de fortalecer a economia comunitária.

Após esta votação, os novos projetos serão adicionados aos 23.000 já aprovados e implementados nos últimos 18 meses pelo mesmo procedimento, uma demonstração inequívoca das transformações sociais promovidas pelo Estado bolivariano.

Para as eleições foram instaladas cerca de 9.000 mesas de voto em aproximadamente 8.600 centros de voto em todo o país, com a participação de observadores internacionais, segundo o Conselho Nacional Eleitoral e as Comissões Eleitorais Comunais.

Após esta celebração popular, para concretizar as decisões do povo, serão formados os Comités Bolivarianos de Bases Integrais. Estes comités supervisionarão a implementação em cada comunidade, para que os próprios cidadãos possam construir e garantir o seu futuro, com o apoio do governo.

Este mecanismo, inédito no mundo, é uma forma de fortalecer a democracia participativa e protagonista que a nação sul-americana teima em defender, apesar das constantes ameaças do imperialismo.

21 novembro 2025

29 de novembro dia Internacional de Solidariedade com o Povo da Palestina,

Data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) para celebrar e apoiar o direito do povo palestino à autodeterminação e

Encerramento da Campanha de Solidariedade com o Povo Palestino
Todos pela Palestina!
Fim ao genocídio!
Fim à ocupação
Organização: CPPC, CGTP-IN, MPPM, Projecto Ruído.

A comunidade internacional e a própria ONU reafirma os direitos do povo palestino, incluindo o direito à autodeterminação, fim da guerra e do genocídio e do boicote a ajuda humanitária ao povo.


Do comunicado da ONU:

Neste 29 de novembro, as Nações Unidas comemoram o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino. A data é celebrada desde 1977.

Guterres destacou que a posição das Nações Unidas é clara: “a paz deve avançar – a ocupação deve terminar”.

Para o secretário-geral da ONU, os condutores de conflito de longa data, incluindo ocupação, expansão de assentamentos, demolições de casas e despejos, aumentam a raiva, o desespero e a desesperança das pessoas.

Guterres lembrou que Gaza continua a enfrentar o bloqueio da ajuda humanitária internacional.

Segundo a ONU, existem mais de 8 milhões de palestinos vivendo no seu território como Cisjordânia e Gaza, Jerusalém Oriental, em Israel, e nos países árabes vizinhos, em campos de refugiados na região e é necessário que a comunidade internacional foque a sua atenção na questão da Palestina, que permanece sem solução.

A ONU também destaca que que o povo palestino ainda não conquistou seus direitos como a autodeterminação sem interferência externa, independência e soberania nacional e a capacidade de retornar às suas casas e propriedades, das quais foi deslocado.

Em muitas partes do mundo várias atividades e manifestações são realizadas anualmente pelos governos e pela sociedade civil em comemoração ao Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino.

17 novembro 2025

Israel não cumpre o acordo de paz e continua a matar pela fome e pela doença

A ONU denuncia que continuam as proibições e fortes restrições à entrada de ajuda internacional em Gaza. Adnan Abu Hasna, porta-voz da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) acrescenta que a maior parte da população consome água contaminada com nitratos e níveis de salinidade muito elevados.

Esta situação está a provocar surtos de hepatite, meningite, doenças intestinais e respiratórias, além de um aumento dos casos de insuficiência renal e cancro, enfatizou.

Também a UNRWA possui centenas de milhares de cobertores, colchões e tendas nos seus armazéns — o suficiente para um milhão de pessoas —, mas a entrada destes artigos em Gaza é extremamente difícil devido às restrições impostas por Israel, que rejeitou mais de vinte pedidos de envio de mantimentos básicos. 

A agência da ONU apelou ainda à evacuação de cerca de 16.500 pessoas doentes e feridas para receberem tratamento em centros especializados o que não é possivel dadas as decisões de Israel.

“Estamos a falar de destruição total e de cidades inteiras arrasadas, como Rafah, que continua a ser alvo de intensos bombardeamentos apesar do acordo de cessar-fogo, tal como Beit Hanoun e Beit Lahia”, alertou o porta-voz da ONU.

Os crimes internacionais dos EUA devem ser punidos (III)

O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, apelou aos juristas de todo o mundo para defenderem a manutenção das Caraíbas como Zona de Paz. O Encontro de Juristas em Defesa do Direito Internacional pela Soberania e Paz, contou com a presença de especialistas jurídicos de diversas partes do mundo nomeadamente da Argélia, Argentina, Etiópia, Cuba, República Democrática do Congo, Tunísia, Uganda, Brasil, Chile, Equador, Panamá, Peru, Iraque, Portugal, Grécia, Nicarágua, Trinidad e Tobago, Itália, África do Sul, El Salvador, Guatemala, México, Colômbia e Alemanha. "Apoiem a nossa denúncia e a nossa busca pela verdade". "Ajudem-nos a manter esta liberdade e esta paz", disse Rodríguez, reafirmando que a Venezuela é um país de paz, mas também um país livre.

Rodríguez denunciou não só o poderio militar letal dos EUA na região das Caraíbas, mas também o seu controlo sobre os media e as redes sociais, com as quais criaram realidades virtuais “completamente diferentes da verdade e do quotidiano de 30 milhões” de venezuelanos.

Salientou que a disseminação destas “mentiras, calúnias e falsidades” pelo governo dos EUA não tem outro propósito senão violar o direito internacional, a legislação e as convenções.

O legislador declarou que estas calúnias e mentiras, e as suas consequências subsequentes, não têm outro objectivo que não seja a “forma máxima de agressão para promover a mudança de regime na Venezuela” e substituir o governo constitucional legitimamente eleito, estabelecido através de mais de 30 processos eleitorais.

Denunciou a flagrante alegação de Washington de que "o que queremos é petróleo" e reiterou que esta não é uma luta contra o narcotráfico.

Foi referido que o país está no centro de uma agressão imperialista para controlar os recursos petrolíferos, mas o que está a acontecer "é uma agressão contra a humanidade" e contra o sistema da ONU, que estabeleceu princípios fundamentais como a paz, a segurança internacional, a cooperação, os direitos humanos e o desenvolvimento.

Nota: Estes três textos foram extraídos de aqui. 

16 novembro 2025

Os crimes internacionais dos EUA devem ser punidos (II)

Tal como a Presidente da Associação Americana de Juristas na Argentina, no Encontro de Juristas em Defesa do Direito Internacional pela Soberania e Paz, o vice-presidente da Sociedade Científica de Direito Internacional de Cuba, Freider Santana, considerou o destacamento militar dos Estados Unidos nas Caraíbas uma agressão flagrante de natureza imperial que viola a ordem jurídica internacional.

O especialista afirmou que este encontro ocorre num momento crítico para a paz, a segurança e a autodeterminação, dada a recente e crescente presença militar dos EUA no Mar das Caraíbas.

Salientou que, tal como noutras ocasiões, esta presença militar foi apresentada sob o eufemismo das “operações de segurança” ou do “combate ao narcotráfico”.

O reitor da Universidade do Oriente realçou que estas ações constituem, na verdade, “um ato flagrante de agressão imperial que viola a ordem jurídica internacional, da qual todos somos garantes”.

Entre as violações cometidas pelo governo dos EUA com esta escalada e o destacamento de 20% das suas forças navais em águas das Caraíbas, o jurista mencionou as violações do princípio que proíbe o uso e a ameaça de força, e a erosão do princípio da igualdade soberana.

Defendeu o uso de ferramentas baseadas no Direito Internacional, na diplomacia e em ações concretas para que os Estados latino-americanos e caribenhos “possam desenvolver e salvaguardar a sua soberania e paz coletiva” orientadas pelo espírito de “defesa inabalável” da Carta das Nações Unidas e pelos princípios que norteiam as relações entre os Estados.

Segundo o especialista em direito internacional, a presença de navios de guerra, aeronaves e outros recursos militares nas proximidades das zonas económicas exclusivas dos países das Caraíbas constitui “um ato de interferência e coação ilegais”.

Esta conduta, afirmou, viola o princípio fundamental da não intervenção consagrado no artigo 19.º da Carta da Organização dos Estados Americanos e na Resolução 2625/25 da Assembleia Geral da ONU e declarou que os Estados Unidos agem como se o seu poder lhes conferisse um “estatuto superior”, violando a igualdade jurídica de todos os Estados.

Os crimes internacionais dos EUA devem ser punidos (I)

A presidente da Associação Americana de Juristas na Argentina, Claudia Rocca, propôs a formação de um grupo de trabalho internacional para apresentar uma queixa ao Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, o senador Marco Rubio e outros responsáveis ​​por operações militares que ameaçam a estabilidade das Caraíbas e violam o direito internacional.

Durante a sua intervenção no Encontro de Juristas pela Soberania e Paz, Rocca disse que o objetivo da proposta é “responsabilizar aqueles que promovem ações que violam os princípios da soberania e da não intervenção”, pilares fundamentais da ordem jurídica internacional.

“Esperamos que este encontro leve à criação de um grupo de trabalho para redigir em conjunto uma queixa perante o Tribunal Penal Internacional contra o Presidente Trump, Marco Rubio e todos aqueles que são material ou intelectualmente responsáveis ​​pelos crimes descritos no início desta declaração”, destacou a advogada.

O narcotráfico como desculpa 

Rocca acusou os Estados Unidos de instrumentalizarem o combate ao narcotráfico para justificar a sua interferência noutros países, incluindo eventuais ações militares diretas. “O narcotráfico tornou-se a nova desculpa para legitimar a agressão, porque já não se pode usar o discurso dos direitos humanos, sendo um dos Estados que mais os viola”, afirmou.

Propôs ainda a criação de uma liga internacional de juristas para atuar em defesa da ordem jurídica global e denunciou que o sistema norte-americano “renovou os seus métodos de dominação, mas atravessa uma crise estrutural que parece irreversível”. Neste sentido, considerou que a Venezuela “está a tornar-se um espaço de resistência e de afirmação da independência dos povos”.

A jurista concluiu o seu discurso lembrando a todos que a América Latina e as Caraíbas devem permanecer territórios de paz e exortou os profissionais do direito a garantirem o respeito pelos princípios internacionais face às pressões externas. “Temos a obrigação de exigir os direitos dos nossos povos e de os defender com os instrumentos do direito”, enfatizou.

15 novembro 2025

Novos crimes dos EUA contra o Direito Internacional e Direitos Humanos

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Yván Gil, respondeu na quinta-feira ao porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, Stéphane Dujarric, que no dia anterior tinha apelado a uma "desescalada das tensões" entre Caracas e Washington. "Não estamos perante um confronto... não há tensões que precisem de ser resolvidas com a intenção de 'desescalar' [um conflito], nem um diálogo que precise de ser estabelecido entre duas partes em disputa sobre alguma questão internacional", afirmou Gil durante um congresso de juristas realizado em Caracas. 

Neste sentido, o ministro dos Negócios Estrangeiros instou a ONU a "chamar as coisas pelos seus nomes" quando se refere às ameaças e agressões unilaterais que os EUA têm perpetrado contra a Venezuela, sobretudo nas últimas semanas, com o envio de tropas para as Caraíbas e as execuções sumárias de pessoas a bordo de embarcações.

"[Estas pessoas assassinadas] não tiveram sequer direito à defesa, e nem sequer foi esclarecido se estavam a transportar ou a cometer algum crime em águas internacionais", destacou o ministro venezuelano.

"[Estas pessoas assassinadas] não tiveram sequer direito à defesa, e nem sequer foi esclarecido se estavam a transportar ou a cometer algum crime em águas internacionais", salientou o ministro venezuelano. Gil considerou “deplorável” que Dujarric se expressasse nestes termos, uma vez que “não há confronto entre dois Estados”, mas sim “uma tentativa de invasão, uma tentativa de agressão, uma tentativa de subjugar uma população livre e soberana, em violação de todos os princípios internacionais de direitos humanos que conhecemos”. Por esta razão, o ministro dos Negócios Estrangeiros anunciou que Caracas tomará medidas políticas, judiciais e legais para defender o respeito pelas convenções que os EUA alegadamente violaram com as suas ações hostis na região das Caraíbas.

“Vamos recorrer à ONU para exigir que as coisas sejam chamadas pelos seus nomes e que os órgãos ajam de acordo com o que está a acontecer. A tentativa de agressão deve ser interrompida pela lei, pela aplicação da lei”, afirmou.

A agressão é dos EUA

Desde agosto passado que os EUA têm enviado navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, sob o pretexto de combater o narcotráfico.

Ao mesmo tempo, Washington acusou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, sem provas ou qualquer fundamentação, de liderar um alegado cartel de droga. Neste contexto, a Procuradora-Geral dos EUA, Pam Bondi, duplicou a recompensa por informações que levassem à sua detenção.

Em meados de outubro, Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano. Em resposta, Maduro perguntou: “Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? Alguém acredita que a CIA não conspirou contra o Comandante [Hugo] Chávez há 26 anos e agora e contra mim?” As ações e a pressão de Washington foram descritas por Caracas como um evidente ato de agressão.

Esta posição foi também reiterada pelo Representante Permanente da Rússia junto das Nações Unidas, Vasily Nebenzia, que declarou numa reunião do Conselho de Segurança que as ações dos EUA nas Caraíbas não são exercícios militares comuns, mas antes uma “campanha flagrante de pressão política, militar e psicológica contra o governo de um Estado independente”.

O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeamentos.

Os bombardeamentos a embarcações de pequeno calado foram também condenados pelos governos da Colômbia, do México e do Brasil, bem como por especialistas das Nações Unidas, que os descreveram como "execuções sumárias" contrárias ao direito internacional.

25 outubro 2025

Israel não cumpre o acordo de cessar fogo e continua o genocídio pela fome

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alertou na quinta-feira para as elevadas taxas de subnutrição em Gaza, sobretudo entre as crianças, e pediu mais ajuda para o território, devastado após dois anos de guerra.

"Não há mantimentos de emergência, nem incubadoras, e muitas equipas médicas são impedidas de entrar", disse Tess Ingram, porta-voz da agência. Ingram observou que muitas crianças precisam de um tratamento abrangente para reverter a subnutrição.

Embora Israel tenha prometido permitir a entrada de ajuda em larga escala em Gaza, como parte de um acordo de tréguas assinado este mês, várias organizações não governamentais (ONG) e agências da ONU denunciam o não cumprimento pelo governo de Netanyahu.

O Programa Alimentar Mundial (PAM) declarou ontem que alguns alimentos conseguem entrar no enclave costeiro mas é uma pequena parte do que seria necessária para satisfazer as necessidades mínimas da população local. "Nenhum comboio de grandes dimensões chegou à Cidade de Gaza ou ao norte de Gaza", enfatizou o responsável.

"A ajuda que chega a Gaza é uma gota no oceano do que é urgentemente necessário", estimou a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA), que anunciou que tem mantimentos suficientes na Jordânia e no Egipto para encher 6.000 camiões com ajuda para a Faixa de Gaza, mas Israel proíbe esses fornecimentos.

Israel Radwan, do Movimento de Resistência Islâmica, acusou Israel de violar o acordo de cessar-fogo dizendo: "A ocupação está apenas a permitir que uma gota no oceano de ajuda chegue à Faixa de Gaza".

24 outubro 2025

Israel não respeita as decisões da ONU e do Tribunal Internacional de Justiça

De acordo com o Comunicado da ONU de ontem, 23 de outubro, o Tribunal Internacional de Justiça, mais uma vez, se pronunciou sobre as obrigações fundamentais de Israel nos Territórios Palestinos ocupados, em particular em Gaza.

A decisão sublinha o dever de garantir o acesso a bens essenciais, permitir a assistência humanitária imparcial e respeitar o direito internacional humanitário e os direitos humanos.

Boicote ao socorro e fome como método de guerra

Segundo o parecer do Tribunal, Israel tem a obrigação de assegurar que a população dos Territórios Palestinos disponha dos suprimentos essenciais à vida. Diante da falta desses recursos, em Gaza, a Corte declarou que Israel deve facilitar ações de ajuda imparcial, incluindo a prestada pela ONU e que não deve haver obstrução do auxílio.

O Tribunal também reiterou obrigações claras sob o direito humanitário internacional, como proteger o pessoal e as instalações médicas e de socorro, proibir o deslocamento forçado de civis e não usar a fome como método de guerra. O Tribunal lembrou ainda que Israel deve respeitar o direito das pessoas detidas a receber visitas da organização Cruz Vermelha.

O parecer reafirma que Israel tem deveres sob o direito internacional dos direitos humanos, devendo respeitar, proteger e cumprir os direitos dos palestinos nos territórios ocupados.


Papel da ONU

O Tribunal destacou ainda o papel indispensável da ONU, incluindo o da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, na prestação de ajuda humanitária e no apoio ao direito à autodeterminação palestina.  O parecer rejeitou as alegações de falta de imparcialidade ou neutralidade da Unrwa.

Pela decisão, Israel, como Estado-membro da ONU, deve cooperar plenamente com as Nações Unidas e respeitar os privilégios, imunidades e inviolabilidade das suas instalações e do seu pessoal, inclusive em tempos de conflito armado.

Caminho político e futuro da Palestina

O secretário-geral da ONU adiantou que o parecer do Tribunal será transmitido à Assembleia Geral das Nações Unidas, que decidirá os próximos passos.

Ele lembrou que a ONU continuará a fornecer assistência humanitária à população em Gaza, sublinhando que a decisão da Corte pode ser decisiva para melhorar a situação trágica no território.

António Guterres voltou a apelar a um caminho político credível que ponha fim à ocupação e conduza a uma solução de dois Estados, com Israel e Palestina a viverem lado a lado em paz e segurança, dentro de fronteiras seguras e reconhecidas, com Jerusalém como capital de ambos em conformidade com o direito internacional e as resoluções da ONU há muito tempo tomadas e não respeitadas.

         

17 outubro 2025

Solidariedade com a Palestina

Concerto pela Palestina este sábado em Lisboa, com Programação especial

O programa começa às 15h, de sábado, dia 18 de Outubro, na rotunda do Areeiro de onde parte o Desfile que conta com o apoio de cerca de 140 organizações. O desfile dirige-se para o Fórum Lisboa, pelas 16h onde se fará o concerto apresentado pela actriz Joana Figueira.

O Concerto tem a participação de Expresso Transatlântico, Prétu, Freddy Locks, Boémia, Handala Dabke, Jorge Barata, ÚDI e Diego Jansen. A entrada é livre, mas limitada à lotação da sala.


A solidariedade para com a Palestina tem tido em todo o mundo uma fortissima expressão. Cidadãos de todo o mundo saíram à rua em 137 países nos últimos dois anos. É a derrota mais significativa de Israel desde a sua fundação como Estado, em 1948.

No passado fim de semana, os protestos contra o genocídio em Gaza ocorreram em Amesterdão (250.000 pessoas), Roma (250.000 pessoas), Madrid (92.000 pessoas), Barcelona (70.000 pessoas), Dublin, Istambul, Londres, onde mil pessoas se manifestaram apesar dos apelos do governo à abstenção, e em muitas outras cidades.

Estas manifestações ocorreram depois de Israel ter intercetado parte da flotilha internacional, composta por cerca de 50 embarcações cujo objetivo era romper o bloqueio israelita a Gaza e entregar ajuda humanitária à população palestiniana.

As manifestações no Iémen foram já 15.069, nos Estados Unidos 5.931 e na Europa (França, Itália, Espanha, Alemanha, Holanda, Inglaterra, Portugal e Noruega), o número sobe para mais de 6.700.

Milhões de pessoas em todos os continentes mobilizaram-se sobretudo pela paz, um cessar-fogo e contra o genocídio na Faixa de Gaza.

12 outubro 2025

Até Já

 De: https://raquelcardeiravarela.wordpress.com/2025/10/11/ate-ja/ retirei esta mensagem de Raquel Varela que, apesar de não me surpreender, me impressionou.

Até já

Como é público, a nova Direção de Informação da RTP decidiu não continuar a contar comigo nos programas de debate semanal. Quero, ao final destes 11 anos, deixar aqui algumas notas que serão, espero, sinceras e delicadas.

Quero agradecer a quem me convidou, a quem esteve na organização e na produção, dos jornalistas aos técnicos de som, imagem, produção, realização, maquilhagem, cabeleireiro, um trabalho imenso e essencial. Fui acarinhada por tantos. 

Quero agradecer aos amigos, colegas, camaradas (gosto desta palavra) com quem discuti semanalmente os temas, e a muitas outras dezenas de pessoas a quem, consoante os assuntos, telefonei, com quem me reuni para aprofundar saberes que nenhum indivíduo sozinho domina. 

Vivi anos em países “nórdicos” onde a sinceridade não é vista como má educação. São países mais adultos e com uma esfera pública mais desenvolvida. Em Portugal, o desacordo frontal é mal visto (a não ser nos programas sobre futebol) e rapidamente se passa de debater ideias a acusar e insultar pessoas. Em suma, as pessoas fogem ao debate porque acham que assim evitam conflitos ou porque assim fomos habituados à força por décadas de ditadura. Mas o que acontece é que a violência verbal, a desconfiança, a coscuvilhice se instalam nessa ausência de debatermos frontalmente as divergências. 

A minha saída do comentário semanal da RTP não se deve certamente a audiências, já que em todos os programas onde estive elas subiram. Há, porém, muitos programas sem grandes audiências que são excelentes, outros com grandes audiências que são uma desgraça para o nível geral de educação do país (desqualificam-no e embrutecem-no) e alguns com boas audiências que são bons ou excelentes. Saio por uma escolha política – todas as escolhas são políticas, e devemos falar abertamente delas.

Há um quadro de mudança política no país. Está no poder um Governo da AD, com o apoio da IL, com influência crescente do partido fascista Chega. Há uma situação mundial de degradação do modo de vida e do debate de ideias. O Presidente dos EUA comunica por tweets e memes, e disse querer transformar Gaza num resort. Por cá, o presidente do Chega lidera uma organização racista que usa a mentira como arma política de eleição, e a internet está cheia de perfis falsos que reproduzem a propaganda do Chega. A União Europeia corta o orçamento para a saúde, para a educação, para a agricultura para produzir drones carros e aviões de combate, munições para matar, amputar e dizimar o género humano, a primeira pátria a que pertenço.

Pautei-me todos estes anos por uma defesa intransigente da liberdade de expressão.  Mesmo contra um centro-esquerda capitulador, moralista e descafeinado. Aquilo a que hoje se assiste é, porém, de enorme gravidade. Tenho vinte anos de carreira como historiadora e professora. Se afirmo que o Chega é fascista não é para produzir efeito mediático. Sou cuidadosa com os conceitos. Estamos a viver a legitimação do irracionalismo, do culto do Estado, da punição, da violência verbal (e física) contra os percebidos como mais fracos e da mentira como “opinião”. Que o Estado tenha legalizado isto é uma coisa, que eu como historiadora o aceitasse seria uma rutura ética com o meu trabalho. 

A minha saída de comentadora da RTP fragiliza ainda mais a esfera pública. Não por mim, pois ninguém é insubstituível. Mas porque as vozes como a minha não representam mais uma “opinião”. Reflectem um modo de pensar a sociedade em que vivemos, com demonstração de argumentos e critério de verdade – errando, também  -, que  discorda abertamente dos grandes mantras da opinião publicada: a inevitabilidade do capitalismo, e da guerra, a naturalização do sofrimento e assédio contra quem trabalha. Defendi a Democracia sem adjetivos, que só pode ser de base, participativa, e a auto-organização dos cidadãos, plenos no uso da Razão, independente do Estado. 

A voz pública é uma necessidade. Deve ser séria e diversa. É-o cada vez menos. E é isso que tem levado, também, à quebra de audiências – a repetição ad nauseam dos mesmos argumentos, da mesma falta de imaginação ou de vontade para repensar a sociedade. O que produzimos? Para quem produzimos? Como produzimos? Estas questões, que são centrais para a humanidade, quase nunca são feitas, fagocitadas por uma comunicação ligeira e ideologicamente homogénea.

Estive, por vezes sozinha como comentadora, ao lado das primeiras greves dos estivadores, da greve cirúrgica dos enfermeiros, da paralisação dos camionistas e da greve dos trabalhadores da AutoEuropa contra o trabalho ao domingo, todos alvo de campanhas mediáticas que pareciam verdades indiscutíveis na altura e mentiras descaradas dias depois. E estive, com poucos mais comentadores, ao lado das greves dos professores, médicos, maquinistas, transportes em geral, sustentando o que para mim é óbvio – se há alguém capaz de parar esta deriva para a guerra e para a morte são os trabalhadores organizados.  

Nos últimos anos, nunca saí de casa sem que viessem ter comigo pessoas para falar, agradecer, apoiar, conversar. Recebi carinho e afeto, abraços, nos cafés, nos aviões, nas filas de serviços apinhados, nas escolas, entre as empregadas de limpeza de jardins e trabalhadores da ferrovia, motoristas e professores, enfermeiros e médicos. Tudo isso me ajudou a conhecer um país decente, que existe, embora muitas vezes sem voz. Muito obrigado a todas e a cada uma dessas pessoas. Ajudaram-me muito a crescer e a ter força para continuar.

Há um Portugal sentado e outro de pé. O de pé é quem vive do trabalho, e que todos os dias assegura a produção e a reprodução da nossa vida. É nesse país, dos que trabalham, que me revejo e ao qual procurei dar voz. Se fui um pouco voz desse Portugal ignorado, valeu a pena.

Continuarei a fazer ouvir a minha voz e ideias, a defender os trabalhadores e os seus direitos, a dar aulas públicas e conferências, cursos, documentários, livros, a lutar por um outro país assente no bem comum, na igualdade real, na democracia do povo e na liberdade. 

Até breve 

 

01 outubro 2025

Jordânia pede ação global para impedir a continuação do genocídio e agressões de Israel ao povo da Palestina

O vice-primeiro-ministro da Jordânia e ministro das Relações Exteriores, Ayman Safadi, pediu à comunidade internacional que aja com firmeza para impedir a agressão israelense contra Gaza e conter a escalada na Cisjordânia ocupada.

Este apelo divulgado pela agência Petra, foi feito na reunião ministerial da Organização de Cooperação Islâmica (OIC) realizada à margem da décima oitava sessão da Assembleia Geral da ONU.

Safadi alertou que repetidas violações israelenses representam uma séria ameaça à paz e à segurança regionais e internacionais.

Em várias reuniões bilaterais com homólogos e funcionários internacionais, e com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, ele abordou a necessidade urgente de um cessar-fogo imediato e duradouro em Gaza, um acordo de troca de prisioneiros e acesso humanitário irrestrito à Faixa.