01 setembro 2025

OCS carrega a maior responsabilidade pela paz e desenvolvimento

O presidente chinês, Xi Jinping, disse ontem, na receção dos convidados da Organização de Cooperação de Shanghai (OCS) que esta organização carrega uma responsabilidade maior na salvaguarda da paz e estabilidade regionais e na promoção de desenvolvimento e prosperidade de todos os países num mundo de crescentes incertezas e mudanças aceleradas.

Xi expressou a confiança de que, com esforços coletivos de todas as partes, a cúpula terá pleno sucesso, e que a OCS desempenhará um papel ainda maior, alcançará maior desenvolvimento e fará maior contribuição para reforçar a solidariedade e a cooperação entre os Estados-membros, reunir a força do Sul Global e promover mais progresso da civilização humana.


Com os principais mercados emergentes e países em desenvolvimento como China, Rússia e Índia entre seus membros, a OCS representa quase metade da população mundial e um quarto da economia global.

A cúpula de Tianjin é a maior cúpula anual do grupo até agora. Espera-se que os Estados-membros adotem documentos-chave, incluindo a estratégia de desenvolvimento da organização para a próxima década.

É também a segunda vez que o presidente Xi preside o evento, com a participação de líderes de mais de 20 países e 10 organizações internacionais. Antes da cúpula, Xi realizou mais de uma dúzia de reuniões bilaterais com os líderes em Tianjin.

A OCS tornou-se uma força importante na construção de um novo tipo de relações internacionais e uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade, acrescentou.

A cúpula inclui a 25ª Reunião do Conselho de Chefes de Estado da OCS, assim como a Reunião "OCS Plus", ambas realizadas na segunda-feira para discutir planos de cooperação e desenvolvimento e formas de melhorar a governança global.

Fonte:Xinua 



A cimeira da OCS: um passo importante para um mundo multipolar

Opinião de:
LORENZO MARIA PACINI, Consultor para Assuntos Internacionais

Uma Nota Discordante e Difícil de Resolver

Ontem, teve início em Tianjin, República Popular da China, a cimeira da Organização de Cooperação de Xangai. Participam mais de 20 líderes, entre os quais Vladimir Putin, Xi Jinping, Narendra Modi e o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres. É, sem dúvida, uma das cimeiras mais importantes dos últimos anos, cujo objectivo é demonstrar claramente a solidariedade do Sul Global contra o Ocidente.

Já se fala numa cimeira da OCS sob os auspícios do RIC — Rússia, Índia e China — três grandes potências que, após o encontro entre Trump e Putin em Anchorage, estão agora a reescrever as suas posições.

Esta solidariedade prevalece sobre as contradições interestatais no seio do bloco. Esta será a primeira visita de Modi à China em sete anos, após o arrefecimento das relações entre Nova Deli e Pequim após o conflito fronteiriço de 2020. Xi já levantou as sanções, resolvendo anos de tensões diplomáticas num ápice. Fácil, não é?

O conteúdo da declaração final da cimeira da OCS, que deverá incidir sobre questões comerciais, antiterroristas e climáticas, é secundário em relação ao valor real do documento: uma frente unida de países insatisfeitos com a agenda ocidental.

É necessária uma coordenação económica mais intensa no seio da OCS, bem como a criação de um ambiente de segurança mais concreto. A solidariedade política é essencial agora, mas, em caso de problemas realmente graves, prevalecerá a capacidade de projectar poder e a qualidade dos canais de comércio e interacção económica protegidos de sanções.

As dificuldades geoeconómicas entre a Índia e a China representam um dos principais desafios da geopolítica asiática contemporânea, precisamente por estarem enraizadas numa complexa intersecção de interesses competitivos territoriais, estratégicos e económicos.

Um elemento-chave desta rivalidade é a disputa territorial ao longo da Linha de Controlo Real (LOC), que divide as suas fronteiras montanhosas nos Himalaias. Este conflito, que culminou em confrontos armados em 2020, tem um profundo impacto na segurança regional, alimentando a desconfiança e justificando o aumento das despesas militares de ambos os lados.

Esta questão está intimamente ligada à segurança dos corredores estratégicos e das rotas comerciais, essenciais para a liderança de ambas as nações, com implicações para todo o Sudeste Asiático em termos do equilíbrio de poder dentro da ASEAN, que está a redefinir a sua dinâmica de poder regional e não só.

De facto, a China e a Índia competem pela influência na Ásia e fora dela, utilizando projectos e investimentos em infra-estruturas como ferramentas de política externa — muito mais do que a Rússia, que, embora geograficamente seja o maior país, não é o mais importante em termos demográficos e económicos.

Considere-se, por exemplo, a Iniciativa Faixa e Rota da China, vista com desconfiança por Nova Deli devido ao envolvimento do Paquistão, rival histórico da Índia, e às preocupações de que a BRI possa fortalecer a influência chinesa em áreas cruciais como o Sri Lanka e o Bangladesh. Ao mesmo tempo, a Índia procura estabelecer-se como um pólo económico alternativo, tanto através de Myanmar como para o Ocidente através do corredor [
Corredor Económico Índia-Oriente Médio-Europa] IMEC, promovendo a cooperação com os países do Quad [Diálogo de Segurança Quadrilateral] e investindo em iniciativas regionais.

Em tudo isto, a China mantém uma vantagem competitiva em termos de produção e logística, enquanto a Índia se concentra num sector de serviços em expansão e num vasto e jovem mercado interno. Estas diferenças dificultam as tentativas de negociação de alianças estratégicas baseadas em interesses económicos comuns. Por conseguinte, a resolução desta pequena mas significativa questão é essencial para se chegar a um acordo sobre a cooperação estratégica e antiterrorismo da OCS.

As questões entre a Índia e a China, por mais importantes que sejam, não ofuscarão completamente um dos outros pontos-chave da cimeira: a posição da Turquia.

Avaliando Oportunidades, Evitando Riscos

Durante décadas, a Turquia ocupou uma posição única no panorama geopolítico: uma ponte entre a Europa e a Ásia, entre a NATO e o Médio Oriente, entre o islamismo e o secularismo. No entanto, a sua posição manteve-se condicionada pelos seus laços com as alianças ocidentais, particularmente a NATO e a União Europeia.

Nos últimos anos, porém, as mudanças globais desafiaram estes padrões tradicionais, abrindo novas possibilidades. Entre estas, a aproximação gradual de Ancara à Organização de Cooperação de Xangai (OCX) parece ser a mais significativa. Não se trata de uma simples manobra diplomática, mas de um realinhamento estratégico com efeitos potencialmente transformadores.

A OCS, que começou por ser um acordo de segurança regional entre a China, a Rússia e as repúblicas da Ásia Central, evoluiu para uma plataforma mais ampla que integra a cooperação económica, o combate ao terrorismo e os projetos de integração euro-asiática.

A entrada da Índia e do Paquistão aumentou o seu peso geopolítico, reforçando a ideia de uma ordem multipolar emergente. Neste cenário, a Turquia – membro do G20, potência militar e pólo entre a Europa, o Médio Oriente e o mundo turco – representaria uma mais-valia decisiva para o reforço do prestígio da organização.

O interesse da Turquia na OCS decorre das dificuldades que tem enfrentado nas suas relações com o Ocidente: as negociações de adesão à UE estão paralisadas há anos, as tensões no seio da NATO intensificaram-se devido às operações na Síria, à compra do sistema de mísseis russo S-400 e às disputas energéticas no Mediterrâneo Oriental. Esta aliança oferece a Ancara um fórum para promover os seus interesses sem restrições ideológicas e com a possibilidade de institucionalizar a sua agenda regional.

Ao longo da última década, os intelectuais e políticos turcos têm olhado para o Oriente com um interesse crescente, conscientes de que o centro de gravidade global está a mudar.

A OCS torna-se, assim, uma ferramenta para reforçar a cooperação económica e de segurança com potências como a China, a Rússia e a Índia, ao mesmo tempo que aborda ameaças comuns como o extremismo, o separatismo e o crime transnacional. Além disso, a identidade da Turquia — um Estado laico com maioria muçulmana — pode ajudar a ultrapassar as divisões culturais, fortalecendo a legitimidade da organização entre os países islâmicos.

A adesão da Turquia significaria, para a OCS, um acesso crucial e inevitável ao Mediterrâneo, fechando assim praticamente 90% da região geopolítica do Rimland
(*). Mas implica também cooperação em energia, migração e defesa, envolvimento diplomático em instituições multilaterais globais e até intervenção interna na NATO.

Sem dúvida que a importância e as limitações jurídicas e militares da participação simultânea na NATO e na OCS terão de ser consideradas, mas a realidade geopolítica actual é caracterizada por esferas de influência sobrepostas, e não por blocos rígidos, e as interacções multinível das guerras híbridas não podem aguardar reflexões novas e originais. Como demonstram os exemplos da Índia, do Paquistão e da China, a capacidade de forjar múltiplas alianças é hoje um requisito estratégico, pelo que a potencial parceria com a Turquia pode ser considerada um avanço significativo. Mas também muito perigoso.

O que a OCS continuará certamente a fazer, como tem sido afirmado e demonstrado nos últimos anos, é construir, gradualmente, uma ordem mundial mais equilibrada e multipolar.

Afinal, já não podemos negar: a OCS e os BRICS têm um valor que reside não na sua eficácia institucional, mas na formação de um novo centro simbólico: uma "ordem sem Ocidente". 

(*) Anel de países que circundam o Heartland que se localizaria no centro da Eurásia

Fonte: https://observatoriocrisis.com/

 

A crise na Alemanha

O chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, declarou: "Não estamos apenas a atravessar um período de fraqueza económica, mas também estamos numa crise estrutural na nossa economia", declarou o chanceler num discurso numa conferência do seu partido, a União Democrata Cristã, na cidade de Osnabrück, na Baixa Saxónia. Ao mesmo tempo, Merz criticou o trabalho do seu governo de coligação, afirmando não estar "satisfeito com o que alcançámos até agora" e apelou aos seus aliados para se esforçarem mais para implementar a política acordada de "crítica à imigração e apoio à indústria".

"... ninguém deve ter ilusões sobre a profundidade e o alcance dos desafios que enfrentamos", disse o chanceler e acrescentou  que resolver os problemas económicos do país é uma tarefa "maior do que qualquer um poderia imaginar há um ano".

Com a economia alemã a registar uma contracção de 0,3% no segundo trimestre face aos primeiros três meses do ano, Merz sublinhou que "grandes sectores da economia já não são competitivos" e referiu que "uma das muitas mensagens" desta tendência é a queda de 36% nos lucros da gigante automóvel Volkswagen.


31 agosto 2025

Hoje, a maior flotilha civil internacional de apoio a Gaza parte de Barcelona.

Mais de 20 barcos que transportam ativistas de 44 países vão com ajuda humanitária para a Palestina, este domingo 31 de agosto. O governo espanhol anunciou apoio diplomático à medida que cresce a solidariedade global contra o genocídio em Gaza.



Barcelona será o ponto de partida. A Flotilha Global Sumud é uma missão civil a Gaza que procura romper simbolicamente o bloqueio israelita e levar ajuda humanitária a uma população sitiada desde 1948. É uma poderosas expressão de solidariedade internacional. Centenas de pessoas acompanham a partida dos barcos de diferentes tamanhos, carregados com material médico, alimentos e materiais educativos. Figuras públicas como a atriz norte-americana Susan Sarandon, a ex-presidente da Câmara de Barcelona Ada Colau e a ativista climática sueca Greta Thunberg, decidiram juntar-se à causa.

Nos dias que antecederam a partida, Barcelona foi palco de concertos, fóruns e atividades culturais de apoio à Palestina. Dezenas de organizações sociais catalãs, europeias e árabes promoveram o evento, que contou também com o apoio de movimentos semelhantes em Valência, Maiorca, País Basco e Navarra, onde foram organizadas marchas e atos públicos.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, confirmou que o governo irá fornecer protecção diplomática e consular à tripulação da flotilha em caso de incidentes durante a viagem. A medida visa evitar possíveis detenções ou represálias, como aconteceu com as anteriores flotilhas intercetadas pelas forças israelitas em águas internacionais. Em Tunes, outros navios se juntarão antes de seguirem para a Faixa de Gaza.

30 agosto 2025

A crise económica que passa a ser política

A França é um país arruinado pela dívida e a crise económica levou a uma crise política. François Bayrou, o primeiro-ministro começou a propor cortes drásticos no orçamento e, consequentemente, nos direitos dos trabalhadores e dos reformados, como a redução das férias. A 8 de setembro, apresentará o seu plano de austeridade à Assembleia. O plano corta 44 mil milhões de euros do orçamento, e todos os partidos da oposição anunciaram que não o apoiarão, pelo que a sua demissão é certa.



Costumava ser chamado de "outono quente". A primeira manifestação está marcada para dois dias após a apresentação do plano por Bayrou. O apelo espontâneo está já nas redes sociais, semelhante ao movimento dos "coletes amarelos" de 2018. A CGT propõe convocar em setembro "uma jornada de mobilização para greves e manifestações, e conquistar um orçamento adequado às necessidades".



29 agosto 2025

Modi e Xi aproximam-se?

Com o horizonte na Cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), na cidade portuária de Tianjin, no nordeste da China, de 31 de agosto a 1 de setembro, a Índia e a China deram um passo importante nos seus esforços para normalização das suas relações bilaterais.

Isto poderá ser confirmado quando o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping, nos dias da Cimeira.

Esta aproximação será um acontecimento de grande importância no panorama da política mundial e certamente também terá reflexo no fortalecimento dos BRICS. Pode ser um bom exemplo na ordem mundial emergente do século XXI. São os dois países mais populosos do mundo.

As boas relações entre a China e a Índia e um entendimento estratégico será benéfico para os BRICS e para ambos os países. As recentes pressões dos EUA para que a Índia deixe de adquirir em especial o petróleo da Rússia, e as imposições de Trump com taxas ou tarifas à Índia, podem ter influído nas decisões de Modi de escapar à tradicional influência dos EUA e deixar de ser uma ferramenta de pressão sobre a China. Esta perspetiva certamente preocupa Trump, que tem ameaçado repetidamente os BRICS por serem um sério concorrente e contribuirem para o enfraquicimento do dólar como moeda global. O sistema de compensação CIPS da China, o SPFS da Rússia e o UPI da Índia são alternativas embrionárias ao SWIFT.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, que é também membro do Bureau Político do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC) e diretor do Gabinete da Comissão Central dos Negócios Estrangeiros, visitou Nova Deli durante dois dias. Marcou um ponto de viragem nas relações dos dois países, uma vez que Wang, indiscutivelmente um diplomata muito experiente e considerado, teve uma intervenção muito positiva nas negociações fronteiriças.

Wang referiu que a China e a Índia têm o dever de "demonstrar um sentido de responsabilidade global, atuar como grandes potências que são, dar o exemplo aos países do mundo e contribuir para a promoção da multipolarização global e da democratização das relações internacionais. Segundo a Agência de Notícias Xinhua há um "consenso" entre Wang e o Ministro dos Negócios Estrangeiros indiano, S. Jaishankar.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Índia defendeu "aprofundar a confiança política mútua com a China, reforçar a cooperação mutuamente benéfica nas áreas económica e comercial, melhorar o intercâmbio interpessoal e manter conjuntamente a paz e a tranquilidade nas zonas fronteiriças" e, numa publicação nas redes sociais, declarou: "Estou confiante de que as nossas conversações de 18 de agosto contribuirão para a construção de uma relação estável, cooperativa e orientada para o futuro entre a Índia e a China".

A visita de Wang contribuiu para que ambos os países retomem os voos diretos, desenvolvam o comércio e investimentos, cooperem nas potencialidades dos rios transfronteiriços, nomeadamente para o comércio fronteiriço através das passagens dos Himalaias, facilitem a emissão de vistos, em ambos os sentidos.

Modi pode ter grande influência positiva no acordo fronteiriço com a China pois está a dar prioridade à normalização das relações com a China e está consciente de que isso é benéfico para a Índia. É provável que pressões internas de sectores progressistas, e a necessidade de Modi ter que prestar contas face às imposições de Trump tenham também contribuído para este entendimento que está a nascer. A Índia, tal como os BRICS, procura diversificar os seus laços económicos e comerciais com outros países. A China, com fronteiras comuns tem todas as condições para proporcionar um bom desenvolvimento das suas condições económicas. Como deu a entender Modi, vale a pena escapar à influência dos EUA e, pelas mesmas razões, robustecer o processo Rússia-Índia-China, que Moscovo tem vindo a impulsionar.

Hoje, Dia Internacional Contra Testes Nucleares

O secretário-geral da ONU pediu que os líderes mundiais “parem de brincar com fogo”, ressaltando que “agora é hora de silenciar as bombas antes que elas falem novamente”. Os ensaios causaram mais de 2 mil explosões nos últimos 80 anos, com prejuízos à saúde e ao meio ambiente. É urgente a ratificação de Tratado Global para Proibição Total de Testes Nucleares. 

A Assembleia Geral também designou 26 de setembro como o Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares.

Cimeira da Organização de Cooperação de Xangai

O Presidente chinês, Xi Jinping, vai liderar a Cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (OCS), uma importante associação regional, que se realizará de 31 de agosto a 1 de setembro em Tianjin, na China.

Xi participará na 25ª reunião do Conselho de Chefes de Estado e noutros eventos da cimeira, que contará com a presença de 20 países e 10 organizações internacionais. Será a maior cimeira desde a criação da OCS.

De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, os membros da organização irão aprovar uma estratégia de desenvolvimento da OCS para os próximos 10 anos e adoptar uma série de documentos sobre o reforço da cooperação em matéria de segurança, economia, relações interpessoais e cultura.

A Cimeira de Tianjin guiará a OCS para uma nova etapa de desenvolvimento de alta qualidade, caracterizada por uma maior solidariedade, coordenação, vitalidade e contribuição, e permitirá a construção de uma comunidade OCS mais próxima, com um futuro partilhado.

Atualmente, a organização inclui a China, Rússia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Uzbequistão, Irão, Índia e Paquistão.

Não se trata de uma aliança militar. Os seus objectivos incluem o reforço da confiança mútua e da boa vizinhança, a consolidação da cooperação multifacetada para a manutenção e o reforço da paz e da segurança na região e a promoção do crescimento económico e do desenvolvimento social e cultural.

28 agosto 2025

Valerie Zink mostra que a Reuters veicula a propaganda de Israel

Nos últimos oito anos, trabalhei como correspondente da agência noticiosa Reuters. As minhas fotos, cobrindo histórias nas províncias das pradarias, foram publicadas pelo New York Times, Al Jazeera e outros órgãos de comunicação social na América do Norte, Ásia, Europa e noutros locais. Neste momento, é-me impossível manter uma relação com a Reuters, dado o seu papel na justificação do assassinato sistemático de jornalistas (245) por Israel em Gaza. Devo aos meus colegas da Palestina pelo menos isso, e muito mais.

Quando Israel assassinou Anas Al-Sharif, juntamente com toda a equipa da Al-Jazira na Cidade de Gaza, a 10 de agosto, a Reuters optou por publicar a alegação completamente infundada de Israel de que Al-Sharif era um agente do Hamas — uma das inúmeras mentiras que meios de comunicação como a Reuters têm repetido. A Reuters veicula a propaganda israelita e não confia nos seus próprios repórteres quanto ao genocídio israelita. Mais cinco jornalistas, incluindo o operador de câmara da Reuters, Hossam Al-Masri, estavam entre as 20 pessoas mortas esta manhã noutro ataque ao Hospital Nasser. Foi o que se conhece como um ataque de "tiro duplo", em que Israel bombardeia um alvo civil, como uma escola ou um hospital, depois aguarda a chegada de médicos, socorristas e jornalistas e ataca novamente o local para matar os socorristas e jornalistas.

Como afirmou Jeremy Scahill, do Drop Site News: "Todos os grandes meios de comunicação, do New York Times ao Washington Post, da AP à Reuters, serviram de cadeia de abastecimento para a propaganda israelita, lavando crimes de guerra e desumanizando vítimas, abandonando os seus colegas e o seu alegado compromisso de reportagens verdadeiras e éticas."

Os meios de comunicação ocidentais repetem as mentiras genocidas de Israel sem averiguar se têm alguma credibilidade.

O facto do trabalho de Anas Al-Sharif ter ganho um Prémio Pulitzer para a Reuters não os obrigou a defendê-lo quando as forças de ocupação israelitas o colocaram na lista negra de jornalistas. Não os obrigou a defendê-lo quando solicitou proteção aos meios de comunicação internacionais depois de um porta-voz militar israelita ter divulgado um vídeo que deixava clara a sua intenção de o assassinar após uma reportagem que tinha feito sobre a crescente fome (em Gaza). Não os obrigou a relatar honestamente a sua morte quando foi apanhado e morto semanas depois.

Valorizei o trabalho que tenho contribuído para a Reuters nos últimos oito anos, mas neste momento só consigo imaginar a utilização deste passe de imprensa com profunda vergonha e dor. Não sei o que significa começar a homenagear a coragem e o sacrifício dos jornalistas de Gaza — os mais corajosos e melhores da história —, mas, a partir de agora, vou dirigir o meu contributo ao seu serviço.

Fonte: Aqui 

A causa palestiniana deve ser a causa dos povos do mundo

Declaração do Capítulo Cubano da Rede de Intelectuais, Artistas e Movimentos Sociais em Defesa da Humanidade - Coletivo Juntos pela Palestina

Malak Mattar (Palestina), Última cena antes de voar com o pombo para o paraíso
Malak Mattar (Palestina), Última cena

 antes de voar com a pomba para o paraíso

 
As palavras não conseguem descrever o horror, a fúria e a dor dos assassinatos diários na Palestina, perpetrados pelo governo israelita. Não são suficientes para descrever o inferno diário daqueles que estão presos em Gaza, nem a condenação que a inação dos governos e das instituições internacionais merece. Nunca serão suficientes para exprimir a consternação causada pela aniquilação de um povo inteiro.
Mas também mal conseguem transmitir a grandeza de um povo que se recusa a render, reinventando-se todos os dias no meio do grotesco exercício de extermínio que o invasor pretende. A fome, as bombas, a sede e o silêncio dos poderosos do mundo não conseguiram apagar o seu amor pela vida e pela sua terra, o seu orgulho em resistir, apesar de tudo.

Durante mais de um século, as terras palestinianas estiveram na mira das potências coloniais, e em breve completarão oitenta anos desde que decidiram tomar um pedaço de território aos habitantes da Palestina para aí fundarem um novo Estado. Desde então, não cessaram os seus esforços para reduzir o seu espaço vital, confiná-los e aniquilá-los. A pilhagem imperialista e o racismo transformados em política internacional estão na origem deste crime e explicam o interesse do Ocidente em mascarar a verdade e promover uma narrativa amnésica que ignora as suas raízes profundas e nos quer fazer acreditar que tudo começou a 7 de Outubro de 2023.

A Palestina precisa de nós, de todos nós. Um movimento global e popular que, em todos os contextos, denuncie a mentira e reconheça o genocídio israelita pelo que ele é (não uma guerra, muito menos um conflito). Uma frente comum permanentemente activa que não dê tréguas à entidade sionista e aos seus cúmplices e encobridores. Que ela acuse implacavelmente aqueles que fornecem as bombas que devastam os hospitais, as escolas e os campos de refugiados, aqueles que privilegiam o agressor nas suas relações comerciais e políticas, aqueles que beneficiam e lucram com os bens roubados ao povo palestiniano. E que exponha qualquer tentativa de legitimação dos genocidas.

Sem o apoio aberto ou envergonhado da maioria dos governos ocidentais mais poderosos e a cumplicidade dos governos árabes mais reaccionários, o massacre teria parado. Mas não podemos esperar que reajam por conta própria ou que confiem na boa vontade de ninguém. Também não podemos desviar o olhar ou permanecer impassíveis perante a tentativa de varrer um povo inteiro da face da Terra e nada pode justificar o silêncio ou a conivência com o horror.

Enquanto partilhamos esta exigência urgente, o exército israelita iniciou a segunda fase da Operação "Carruagens de Gedeão" para ocupar Gaza e controlar as portas da cidade com total impunidade.

Vamos para as ruas, reais e virtuais, fazer ouvir as nossas vozes e fazer da causa palestiniana a causa de todos os povos do mundo.

Viva a vida! Viva a Palestina livre!

27 agosto 2025

Cuba condena a “barbárie” de Israel e o assassinato de médicos e jornalistas em Gaza

O Presidente da República de Cuba, Miguel Díaz-Canel, condenou esta segunda-feira, 25 de agosto, a escalada de violência e os ataques indiscriminados do Governo israelita contra o povo palestiniano na Faixa de Gaza. O líder cubano denunciou a "impunidade" do regime sionista, referindo que os ataques resultaram em mais de 62 mil assassinatos e colocaram milhares de pessoas, incluindo crianças, em risco de morrer de fome e subnutrição.

Na mesma linha, o chefe de Estado fez um apelo urgente para pôr fim à "barbárie", destacando os ataques deliberados contra hospitais e jornalistas. Recentemente, um ataque direto ao Complexo Médico Nasser, na cidade de Khan Yunis, resultou na morte de pelo menos 20 pessoas, incluindo cinco profissionais da imprensa.

Os repórteres, identificados como Hossam Al-Masri, Mohamad Salama, Maryam Abu Daqqa, Muath Abu Taha e Ahmad Abu Aziz, foram mortos enquanto documentavam os crimes de Israel na região. Com estas novas vítimas, o número de jornalistas mortos em Gaza desde 7 de outubro de 2023 sobe para 245, naquilo que Cuba considera ser uma política de ataques cobardes contra jornalistas palestinianos.

Regime israelita silencia vozes que revelam a morte silenciosa de crianças pela fome

Mais de 20 pessoas entre os quais jornalistas e médicos foram assassinadas pelas forças israelitas num ataque ao Hospital Nasser, um dos últimos centros médicos ainda activos em Gaza. A relatora das Nações Unidas (ONU) para os Territórios Palestinianos Ocupados, Francesca Albanese, pediu aos Estados que intervenham para travar o "massacre" israelita na Faixa de Gaza, alertando que a inacção dos países perpetua a violência.

As forças de Israel tal como fazem as pessoas que procuram alimentos e são assassinadas, está também a atrair médicos e jornalistas que se dirigem aos locais bombardeados para serem também assassinados.
O responsável da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinianos (UNRWA), Philippe Lazzarini, descreveu o ataque como uma forma de “silenciar as últimas vozes que relatam a morte de crianças pela fome”.
“A indiferença e a inacção do mundo são chocantes”, escreveu o responsável da UNRWA numa publicação na sua conta no X.

Por seu lado, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, condenou os ataques israelitas mortais ao hospital de Gaza no mesmo dia e apelou a “uma investigação imediata, transparente e imparcial” sobre as mortes provocadas.

Também o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, afirmou que “estes recentes assassinatos horríveis realçam os riscos extremos enfrentados pelos profissionais de saúde e jornalistas ao realizarem o seu trabalho vital no meio deste conflito brutal”.

De acordo com o Ministério da Saúde palestiniano em Gaza, o número de mártires da agressão do regime israelita na Faixa subiu para 62.744, e o número de feridos atingiu os 158.259.

Aumenta o genocídio do povo palestiniano devido ao bloqueio da entrada de ajuda humanitária pelas forças israelitas.

25 agosto 2025

EUA e a ameaça militar nas Caraíbas

Os EUA estão a enviar e re­forçar os seus meios mi­li­tares nas Ca­raíbas a pre­texto do “com­bate ao nar­co­trá­fico”. Lí­deres la­tino-ame­ri­canos acusam os EUA de fabricar pro­vo­ca­ções e pretextos contra a Re­pú­blica Bo­li­va­riana da Ve­ne­zuela e outros países.

O mais re­cente re­la­tório do Ga­bi­nete das Na­ções Unidas contra a Droga e o De­lito (ONUDD), re­vela que a Ve­ne­zuela é um ter­ri­tório livre de cul­tivos ilí­citos e pro­ces­sa­mento de drogas e muito tem feito para o combate ao tráfico. O relatório indica que apenas 5% das drogas tentam atravessar o território venezuelano, enquanto a maioria (87%) parte pela Colômbia e Equador com destino aos Estados Unidos e à Europa. O relatório aponta os Estados Unidos como o principal mercado consumidor de drogas e opióides sintéticos. Os analistas dizem ainda que as acusações da Casa Branca carecem de provas e pois parecem justificar medidas coercivas contra a Venezuela.

Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional, afirmou que "não há país neste continente com maiores vitórias contra o narcotráfico do que a Venezuela nos últimos tempos".

Vários países con­de­naram as calúnias usadas pela ad­mi­nis­tração Trump e os pretextos para ameaçar a região como aconteceu nos anos 80 com a Ni­ca­rágua e Pa­namá.

O mi­nistro da De­fesa, Pa­driño López, re­cordou que as mai­ores agres­sões im­pe­ri­a­listas são pre­ce­didas pela pre­pa­ração da opi­nião pú­blica in­ter­na­ci­onal, a partir da ma­ni­pu­lação dos factos e de mentiras para confundir os incautos. Disse: «o apa­rato me­diá­tico do im­pe­ri­a­lismo é tão vasto que con­segue apre­sentar a men­tira como se de “ver­dade” se tra­tasse» e referiu que o facto os EUA enviarem forças militares para o Mar das Ca­raíbas e não para o Pa­cí­fico, por onde passa a maior parte da droga com des­tino aos EUA, revela as intenções de ameaça à Ve­ne­zuela.

O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, fez na quinta-feira um apelo direto aos Estados Unidos e à Venezuela para que "resolvam as suas diferenças por meios pacíficos" e "exerçam moderação", numa tentativa de neutralizar a escalada promovida pela Casa Branca e pelo Secretário de Estado, Marco Rubio. A porta-voz adjunta de Guterres, Daniela Gross, confirmou que o Secretário-Geral está a acompanhar os acontecimentos "de perto", embora se tenha abstido de descrever a mobilização militar como uma violação da Carta da ONU. 

O Ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, manifestou na sexta-feira, durante uma conversa telefónica com a Vice-Presidente Delcy Rodríguez, o apoio inequívoco do seu país ao Governo venezuelano e ao Presidente Nicolás Maduro face às crescentes ameaças dos Estados Unidos, "solidariedade com o Governo venezuelano "numa altura em que a Casa Branca representa um perigo significativo para uma região Declarada como Zona de Paz, adotada em 2014 em Havana.

China, Irão, países da ALBA-TCP e organizações sociais de todo o mundo, também já condenaram a agressão dos EUA e manifestaram a sua solidariedade para com a Revolução Bolivariana, além de apoiarem a histórica Declaração da América Latina e Caraíbas como Zona de Paz. 

As declarações que condenam o cerco ao país sul-americano continuam a chegar de todo o mundo. Algumas organizações lembraram a "ultrajante" a tentativa do regime norte-americano, feita no passado dia 7, de oferecer recompensa US$ 50 milhões por informações que levem à prisão ou condenação de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela. Disseram que tal anúncio da procuradora-geral Pam Bondi é um procedimento copiado dos "filmes de faroeste". 

O texto traça paralelos entre as políticas de Donald Trump e o sionismo, apontando a cumplicidade em crimes internacionais e solicitando a emissão de mandados de captura contra o presidente norte-americano e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

A Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América - Acordo Comercial dos Povos (ALBA-TCP) realizou uma cimeira extraordinária onde líderes, entre os quais o presidente boliviano Luis Arce, denunciou a "provocação inaceitável" dos Estados Unidos, que "ainda acreditam que a nossa América é o seu quintal". O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, classificou as ações de Washington como uma "nova demonstração de força imperial", enquanto o seu homólogo nicaraguense, o copresidente Daniel Ortega, apelou à unidade para defender a soberania regional.

Face a esta ameaça, o presidente Nicolás Maduro anunciou esta quinta-feira que "Solicitei um processo nacional de alistamento para toda a força da milícia nos quartéis, unidades militares, praças públicas centrais, Praça Bolívar e sede das 15.751 Bases Populares de Defesa Integral".

24 agosto 2025

Os crimes de Israel e a cumplicidade dos Estados Unidos

As forças is­ra­e­litas in­ten­si­fi­cam os ata­ques na Faixa de Gaza, desrespeitando o cessar-fogo acor­dado e todas as leis internacionais e dos direitos humanos. Israel prossegue o genocídio do povo palestiniano. Bombas, fome, morte dos que procuram alimentos, boicote da ajuda humanitária internacional e da ONU, são as armas da política miserável de Israel. Contudo em Israel, cresce a indignação de centenas de milhar de israelitas contra a guerra. Multiplicam-se ações de pro­testo contra o go­verno de ex­trema-di­reita. Foi con­vo­cada uma greve geral na­ci­onal, re­a­li­zaram-se mar­chas de tra­ba­lha­dores de di­versos sec­tores e cortes de im­por­tantes ro­do­vias por todo o país. Exigem-se me­didas para pôr fim ao genocídio. Os manifestantes têm sido reprimidos e muitos foram presos pela polícia de Israel.

Isrealitas, em di­versas ci­dades, re­a­li­zam mar­chas de so­li­da­ri­e­dade com os pa­les­ti­ni­anos na Faixa de Gaza que conta já com mais de 217 mil ví­timas das quais muitas de­zenas de mi­lhar são cri­anças como tem sido informado neste blogue. A fome pro­vo­cada por mais de cinco meses de blo­queio cri­mi­noso à dis­tri­buição da ajuda hu­ma­ni­tária já causou pelo menos 251 mortes entre os quais 118 me­nores de idade.

A Or­ga­ni­zação Mun­dial da Saúde (OMS) alertou para a grave crise ali­mentar, in­di­cando que a des­nu­trição aguda afeta mais de 10% da po­pu­lação da Faixa de Gaza e mais de 20% das mu­lheres grá­vidas e lac­tantes.

Forças pa­trió­ticas e pro­gres­sistas do Lí­bano de apoio à Palestina, estão também a ser vítimas de repressão por parte do governo li­banês. O Par­tido Co­mu­nista Li­banês (PCL), junto com ou­tras forças, de­nuncia essa situação pressionada pela cumplicidade dos Estados Unidos que apoiam Is­rael.

Em co­mu­ni­cado, o PCL lembra que o di­reito in­ter­na­ci­onal con­sagra o di­reito à re­sis­tência sob ocu­pação e con­si­dera que o plano do go­verno li­banês surge à margem de um projeto na­ci­onal que visa o com­bate à agressão is­ra­e­lita, a re­ti­rada das forças ocu­pantes, a li­ber­tação dos pri­si­o­neiros li­ba­neses e a re­cons­trução das áreas afetadas pelos re­centes bom­bar­de­a­mentos is­ra­e­litas.

O PCL sa­li­enta que o povo li­banês não tem outra es­colha senão a da re­sis­tência na­ci­onal e po­pular «por todos os meios apro­pri­ados» que de­verá «unir a es­ma­ga­dora mai­oria do povo li­banês», independentemente de regionalismos ou con­fis­sões re­li­gi­osas.



22 agosto 2025

Comunicados da ONU não faltam, mas...

Recente relatório de segurança alimentar da ONU mostra a situação de fome generalizada em Gaza. António Guterres, Secretário Geral da ONU, revela a impotência desta organização para intervir. Mais de meio milhão de pessoas em Gaza estão passando fome.

O genocídio que Israel tem vindo a cometer e que afeta, na maioria, crianças e idosos, é um crime contra a humanidade, reconhecido pela generalidade dos países na ONU. Contudo Estados Unidos, União Europeia e muitos dos países ricos do “ocidente” nada fazem para impedir esta situação, numa evidente cumplicidade com Israel.

O relatório da ONU chama a atenção para o facto de ser «a primeira vez que a fome é declarada no Oriente Médio». Estima-se que até ao final de setembro, mais de 640 mil pessoas enfrentarão níveis "catastróficos" de insegurança alimentar, em toda a Faixa de Gaza.

© Unicef/Mohammed Nateel-Criança sofrendo de fome em hospital

A fome não tem a ver com a falta de comida, pois é o colapso deliberado provocado pelo boicote que Israel faz à distribuição de alimentos. A monstruosidade é tal que Israel mata as pessoas que se dirigem aos locais na procura de alimentos.

As agências da ONU têm destacado a extrema urgência de fornecer ajuda humanitária imediata e em larga escala, dada a escalada de mortes por fome. Centenas de milhares de pessoas passam dias sem ter o que comer.

António Guterres, reconhece que Israel não cumpre o direito internacional, incluindo o dever de garantir alimentos e suprimentos médicos para a população. Contudo não é capaz de exigir medidas para que os países da ONU ultrapassem o boicote feito pelos EUA, UE e países cúmplices de Israel. Diz que «não é mais possível tolerarem-se desculpas e a “negação de Israel”», mas as palavras, "levadas pelo vento", nada resolvem.

A intensificação da ofensiva militar em Gaza tem consequências ainda mais arrasadoras para os civis, onde a fome já mata centenas de pessoas e mais de 12 mil crianças foram identificadas como gravemente desnutridas — o maior número mensal já registado e um aumento de seis vezes desde o início do ano.

O coordenador de Ajuda de Emergência da ONU, Tom Fletcher, disse que os alimentos para Gaza “estão sendo acumulados na fronteira e Israel proíbe a entrada dos carregamentos.”



21 agosto 2025

Acabar o genocídio em Gaza

 

Num comunicado da ONU é dada a informação de que António Guterres voltou a pedir um cessar-fogo em Gaza. Guterres declarou ainda que a decisão das autoridades israelenses de expandir a “construção ilegal de assentamentos, que dividiria a Cisjordânia, deve ser revertida” uma vez que “toda construção de assentamentos é uma violação do direito internacional”.

A função dos média das grandes corporações

Ao ler um artigo de Moisés Absalón Pastora no DiarioOctubre fiz a seguinte adaptação:

Hoje os meios de comunicação são uma componente das guerras híbridas, são meios de comunicação de guerra.



Frank Wisner, da CIA, referiu-se aos media como uma espécie de instrumento musical ou uma orquestra. Gabava-se de que a agência de espionagem americana tinha tantos ativos em redações de todo o mundo que os EUA podiam tocar a imprensa como um músico toca seu instrumento ou como um maestro dirige uma orquestra.

Malcolm X, o líder revolucionário negro dos EUA, que foi assassinado pela polícia, reconheceu que a comunicação social
tem o poder de transformar inocentes em culpados e culpados em inocentes.

Os conglomerados mediáticos
controlam agências de informação. Transmitem o que convém às grandes empresas, e os seus agentes controlam a imprensa para servir os interesses da elite, do "establishment".

Hoje não podemos escapar às televisões que nos entram em casa. Somos todos bombardeados por órgãos de comunicação social de diferentes tipos. As grandes corporações mediáticas são estruturas como bases militares. Alocam milhares de milhões de dólares. Têm especialistas para distorcer ou inventar notícias. Para deturpar e falsificar ideias e factos. Não apresentam provas concretas. O objetivo é enfraquecer, confundir e desestabilizar aqueles que de atrevem a pensar.

Pensar, refletir é a nossa defesa.

20 agosto 2025

A violência e a apatia dos governos atingem a ONU

Ontem, foi o Dia Mundial Humanitário

No ano passado, foram mortos 383 trabalhadores da ONU, 308 funcionários foram feridos e 170 foram sequestrados ou detidos.

Ontem, no Dia Mundial Humanitário, foi assinalado que, em Gaza, 181 trabalhadores humanitários foram mortos. Tom Fletcher reiterou que os ataques a trabalhadores humanitários violam o direito internacional e afetam os meios de subsistência de milhões de pessoas.

Unicef/Mohammed Nateel Crianças tentam ajuda em Gaza
 As mortes relacionadas com a falta de alimentos atingem principalmente as crianças. Desde 27 de maio, 1.857 palestinos foram mortos enquanto buscavam comida na Fundação Humanitária de Gaza. O fluxo de ajuda que chega a Gaza é “totalmente insuficiente” para combater a fome” e isso é o “resultado direto da política do governo israelense de bloquear a ajuda humanitária” disse o porta-voz do Escritório de Direitos Humanos da ONU, Thameen Al-Kheetan que acrescentou que as tentativas de procura de comida "pode ser uma busca mortal".

Falta vontade política e coragem moral. 

Os dados mais recentes indicam que 1.857 palestinos foram mortos enquanto buscavam comida na Fundação Humanitária de Gaza. Al-Kheetan disse que 1.021 foram mortos nas proximidades dos locais da Fundação e 836 nas rotas de camiões de suprimentos.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pede nesta data, que o mundo tome ações para proteger os que ajudam as vítimas e que os autores das mortes sejam levados à justiça e acabe o fluxo de armas entre as partes que violam o direito internacional. Ele relembrou o compromisso de governos em agir e as regras adotadas pelo Conselho de Segurança para proteger os trabalhadores humanitários e sua atuação, destacando que “falta vontade política e coragem moral.”

19 agosto 2025

Federico García Lorca foi assassinado pelos fascistas em Granada há 89 anos

 

Poeta e dramaturgo Federico García Lorca, teve a maior influência e popularidade da literatura espanhola do século XX. Como dramaturgo foi e é considerado uma sumidade do teatro espanhol. Conviveu com artistas como Salvador Dali, Luis Buñuel e Manuel de Falla.

Sua obra é composta por prosa, poesia e teatro sempre ligada à cultura popular. Lorca publicou a trilogia trágica que o firmaria como um dos maiores dramaturgos espanhóis de todos os tempos, compostas pelas peças “Bodas de Sangue” (1933), “Yerma” (1934) e “A Casa de Bernarda Alba” (1936). Na poesia, destacou-se pelas elegias à sua terra e à gente andaluza (“Seis Poemas Galegos”, “Poemas Soltos”, “Cantares Populares”, etc.).

Foi uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola provocada pelos fascistas que derrubaram a república, legalmente constituida. No dia 16 de agosto de 1936, Lorca foi preso na casa de um amigo, o poeta Luis Rosales. Sua captura foi ordenada pelo fascista Ramon Ruiz Alonso, infame dirigente da Falange Espanhola. Após ter estado três dias em cativeiro foi fuzilado em 19 de agosto de 1936 pelas tropas franquistas nos arredores de Granada, tornando-se uma das primeiras das mais de 650 mil vítimas de republicanos e democratas que tombariam ao longo da Guerra Civil Espanhola.

O apoio ao povo da Palestina estende-se a todo o mundo.

 

Como referido na última mensagem deste blogue, também nos Estados Unidos os estudantes têm vindo a promover muitas manifestações contra o genocídio de Israel em Gaza. A Universidade de Columbia organizou um acampamento de protesto contra Israel e obteve a solidariedade de muitas outras universidades.
Os estudantes denunciam a cumplicidade do governo do seu país no genocídio israelita.
Muitos destes protestos foram reprimidos com violência. O reitor da Universidade de Columbia, Nemat Minouche Shafik, ordenou à polícia que dispersasse o acampamento, o que resultou na detenção de 100 estudantes. Em Yale, 50 manifestantes foram detidos. No Ohio, os manifestantes foram espancados e sujeitos a choques elétricos. Cerca de 300 manifestantes foram detidos pela polícia durante os protestos. Cerca de quinze universidades chamaram a polícia, e os protestos eclodiram em cerca de trinta instituições de ensino superior de todo o país. Muitos professores apoiam os estudantes. A Associated Press revelou que mais de 1.600 manifestantes foram detidos em todo o país desde as primeiras manifestações.
Em Inglaterra, também as universidades britânicas continuam os seus protestos.
O genocídio em Gaza está a gerar a revolta em muitas comunidades judaicas de todo o mundo cada vez mais judeus estão horrorizados com o que está a ser feito em seu nome.
O apoio ao povo da Palestina estende-se a todo o mundo.