O ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Yván Gil, respondeu na quinta-feira ao porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, Stéphane Dujarric, que no dia anterior tinha apelado a uma "desescalada das tensões" entre Caracas e Washington. "Não estamos perante um confronto... não há tensões que precisem de ser resolvidas com a intenção de 'desescalar' [um conflito], nem um diálogo que precise de ser estabelecido entre duas partes em disputa sobre alguma questão internacional", afirmou Gil durante um congresso de juristas realizado em Caracas.
Neste sentido, o ministro dos Negócios Estrangeiros instou a ONU a "chamar as coisas pelos seus nomes" quando se refere às ameaças e agressões unilaterais que os EUA têm perpetrado contra a Venezuela, sobretudo nas últimas semanas, com o envio de tropas para as Caraíbas e as execuções sumárias de pessoas a bordo de embarcações.
"[Estas pessoas assassinadas] não tiveram sequer direito à defesa, e nem sequer foi esclarecido se estavam a transportar ou a cometer algum crime em águas internacionais", destacou o ministro venezuelano.
"[Estas pessoas assassinadas] não tiveram sequer direito à defesa, e nem sequer foi esclarecido se estavam a transportar ou a cometer algum crime em águas internacionais", salientou o ministro venezuelano. Gil considerou “deplorável” que Dujarric se expressasse nestes termos, uma vez que “não há confronto entre dois Estados”, mas sim “uma tentativa de invasão, uma tentativa de agressão, uma tentativa de subjugar uma população livre e soberana, em violação de todos os princípios internacionais de direitos humanos que conhecemos”. Por esta razão, o ministro dos Negócios Estrangeiros anunciou que Caracas tomará medidas políticas, judiciais e legais para defender o respeito pelas convenções que os EUA alegadamente violaram com as suas ações hostis na região das Caraíbas.
“Vamos recorrer à ONU para exigir que as coisas sejam chamadas pelos seus nomes e que os órgãos ajam de acordo com o que está a acontecer. A tentativa de agressão deve ser interrompida pela lei, pela aplicação da lei”, afirmou.
A agressão é dos EUA
Desde agosto passado que os EUA têm enviado navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, sob o pretexto de combater o narcotráfico.
Ao mesmo tempo, Washington acusou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, sem provas ou qualquer fundamentação, de liderar um alegado cartel de droga. Neste contexto, a Procuradora-Geral dos EUA, Pam Bondi, duplicou a recompensa por informações que levassem à sua detenção.
Em meados de outubro, Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano. Em resposta, Maduro perguntou: “Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? Alguém acredita que a CIA não conspirou contra o Comandante [Hugo] Chávez há 26 anos e agora e contra mim?” As ações e a pressão de Washington foram descritas por Caracas como um evidente ato de agressão.
Esta posição foi também reiterada pelo Representante Permanente da Rússia junto das Nações Unidas, Vasily Nebenzia, que declarou numa reunião do Conselho de Segurança que as ações dos EUA nas Caraíbas não são exercícios militares comuns, mas antes uma “campanha flagrante de pressão política, militar e psicológica contra o governo de um Estado independente”.
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeamentos.
Os bombardeamentos a embarcações de pequeno calado foram também condenados pelos governos da Colômbia, do México e do Brasil, bem como por especialistas das Nações Unidas, que os descreveram como "execuções sumárias" contrárias ao direito internacional.
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