As mentiras e a manipulação da informação
Ainda ontem escrevi sobre a Líbia a proposito de uma notícia do "The Telegraph". Hoje, uma notícia do Público inverte as informações e pretende dar uma imagem a favor da intervenção da NATO, escondendo os verdadeiros mercenários.
(ver: http://www.publico.pt/Mundo/onu-vai-investigar-recrutamento-de-mercenarios-por-khadafi--1546626)
O Público começa por afirmar em título "ONU vai investigar recrutamento de mercenários por Khadafi". A afirmação é perentória. Contudo logo a seguir deixa uma dúvida:"O suposto recrutamento de mercenários durante o conflito na Líbia, que culminou na morte do líder líbio, Muammar Khadafi, vai ser investigado pelas Nações Unidas". Qual suposto?
No corpo da notícia o Jornal Público, volta a baralhar para confundir. Cita os objectivos da investigação: “apurar os factos” e “avaliar as alegações sobre o recurso a mercenários no conflito recente”, assim como “as medidas tomadas pelo Governo para combater esse fenómeno”. Como se verifica não volta a afirmar que se trata de "mercenários de Khadafi" nem se sabe bem a que Governo se refere, deixando no ar a dúvida. Diz mais adiante o Público: "Para além da questão dos mercenários, o grupo de trabalho pretende obter “informações directas e em primeira mão” sobre “as actividades das empresas privadas que ofereceram assistência militar e serviços de consultoria e de segurança na Líbia” e avaliar o impacto que essas actividades tiveram no gozo dos direitos humanos, adiantou Faiza Patel, que preside ao painel que fará a investigação". Continuamos sem saber a que empresas e a que serviços de consultoria se referem. Fica no ar a curiosidade do leitor.
Seguidamente o Público avança uma informação de há um ano difundida pelos rebeldes "A presença de mercenários de países africanos a combater do lado do ex-líder líbio Muammar Khadafi foi denunciada pela oposição ainda durante o conflito". Esta informação "relembrada agora pretende reforçar o inicialmente dito pelo Público no seu título: "os mercenários são de Khadafi" e iludir o leitor que ficou curioso para saber a que mercenários e serviços de consultoria se refere o Público. Esta pulhice é reforçada por uma afirmação de setembro do ano passado que o Público cita: "Pater disse que os mercenários tinham cometido “graves violações aos direitos humanos”. Afirmação que não atrasa nem adianta. Contudo o Público ligando estas duas informações pretende que os seus leitores concluam que sempre que fala de mercenários estes são pagos por Khadafi. E assim termina a notícia do Público, nunca referindo os mercenários introduzidos pela CIA e pela NATO, nem os consultores e conselheiros de guerra ingleses, americanos e franceses, e cobardemente, sem o afirmar no corpo da notícia, engana os seus leitores com a ideia que introduziu no título. Os mercenários são de Khadafi.
Vejamos agora uma análise feita pelo Jornal Avante de ontem. (Ver: http://www.avante.pt/pt/2007/internacional/120110/)
Título: "Tortura denunciada na ONU"
Diz a notícia: "O enviado especial das Nações Unidas para a Líbia confirmou, sexta-feira, 11, que a tortura é uma prática disseminada no país após o derrube do anterior regime.
Sete mil pessoas estão em cárceres onde a tortura é frequente".
"Perante o Conselho de Segurança da ONU (CS), Ian Martin admitiu que os dados recolhidos pela sua equipa indicam que os maus-tratos e a tortura são frequentes nos 31 cárceres administrados pelo autoproclamado Conselho Nacional de Transição (CNT), nos quais se calculam que estejam detidas cerca de três mil pessoas".
"«Persistem os casos de maus-tratos e tortura», disse Martin, para quem a «resposta a estas práticas devia ser uma prioridade do governo no caminho da construção de uma nova cultura de direitos humanos e de Estado de direito no país» (EFE 11.05.2012)".
"O responsável instou ainda as novas autoridades a assumirem o controlo das dezenas de centros de detenção, muitos dos quais ilegais, que permanecem nas mãos dos grupos de mercenários. Calcula-se que nestas prisões estejam outros quatro mil supostos apoiantes do regime derrubado pela agressão imperialista, sujeitos a igual tratamento."
"Martin exemplificou a situação com a morte, a 13 de Abril, de três pessoas num centro de detenção em Misrata, casos sobre os quais a missão da ONU no território diz ter «informações confiáveis»."
"As mesmas provas indicam que «pelo menos outras sete pessoas foram torturadas até à morte no mesmo centro» (Telesur 11.05.2012)".
"O enviado das Nações Unidas notou ainda que os relatos respeitantes aos maus-tratos e às torturas, e os «sérios obstáculos no acesso dos cidadãos à justiça», contrastam com as promessas feitas pelo CNT... (EFE)"...
O leitor deste blogue que veja as notícias e conclua.
Minha conclusão: O Jornal Público, como a generalidade dos Jornais propriedade dos grupos económicos, tentam mostrar-se independentes mas na realidade mentem (com mais ou menos subtileza) e são dependentes dos interesses do poder económico.
O Jornal Avante, assumidamente, defende os interesses dos trabalhadores e para isso não precisa de mentir. Basta que informe o que os outros escondem ou deturpam.
Como disseram grandes revolucionários "Só a verdade é revolucionária".
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