7 de abril de 2011

O poder sonífero da Televisão


Mais do mesmo para uma informação pluralista 

É escandalosa a proporção de "tempo de antena" que a Televisão tem dado às análises do PSD, PS e CDS-PP, comparativamente com o que dedica ao PCP. Mesmo o tempo que o PCP tem a "sorte" de poder utilizar, é gerido de acordo com critérios muito duvidosos, que escondem parte do fundamental das suas posições. Estes critérios visam uma estratégia de evitar a divulgação e esclarecimento das acções e propostas do PCP e dar relevo a críticas que possam servir para transmitir a ideia que o PCP só critica e não apresenta propostas.




A Televisão não perde oportunidades para ouvir os mais variados comentadores, num leque muito "pluralista" e "democrático". Membros do Governo, deputados do PS, do PSD, do CDS, banqueiros de gravata azul, banqueiros de gravata amarela, grandes industriais de gravata verde, os representantes das grandes empresas de várias cores de gravata, especialistas da bolsa, com e sem gravata, enfim, todos os que geraram a crise que estamos a viver, mas cada um com gravata diferente, numa prova de grande pluralismo. 
Não há trabalhadores e sindicatos em Portugal? Ou será que não têm gravata? 
Não há partidos com outras propostas e visões da política que nos desgoverna? 
Com que critério é feita esta escolha? 
Quando, raramente, algum destes é convidado, as suas palavras, depois de muitas interrupções, são diluídas no conjunto de tantas e variadas opiniões das sumidades presentes, que o telespectador têm que possuir uma vontade de ferro e tomar muitos cafés para não se ter deixado adormecer entretanto. 
Isto faz-me adivinhar como vai ser a campanha eleitoral. 
Claro que isto não é nada de novo e portanto nem sequer é notícia! Não é notícia mas é uma denúncia para alertar as mentes que a televisão adormece, não só vencidas pelo sono, como pelas ideias que permanentemente injectam. Que raio... não podemos dormir tanto! 

8 comentários:

  1. Concordo em absoluto com o este teu post.
    Com o devido respeito vou "surrapia-lo" e publica-lo no Ponta Esquerda.

    Um abraço.

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  2. deveria enviá-lo para o provedor da rtp. Paquete de oliveira

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  3. Num regime comunista,(Cuba por exemplo) quanto tempo de antena dão aos sociais-democratas e democratas-cristãos?

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  4. carlos batista, de acordo com a sua opinião de que vivemos numa ditadura onde as opiniões verdadeiramente diferentes são silenciadas. junte-se à nossa luta para que isso não aconteça mais.

    só lamento a sua ignorância sobre cuba. mas não se pode estar de acordo em tudo...

    Manuel Gouveia

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  5. Carlos Baptista
    Em Cuba tudo se discute e com todos. A democracia em Cuba, felizmente é muito mais avançada que nos países da ditadura do dinheiro, em que só os que têm dinheiro têm possibilidade de influenciar o voto dos que são mantidos na ignorância, justamente porque não têm dinheiro para ter acesso à instrução e à participação na vida social. Mesmo que qualquer pessoa nesta "democracia" possa falar, e até chamar nomes ao Primeiro Ministro, que é que isso adianta? Muda alguma coisa? A democracia de um voto condicionado de 4 em 4 anos é uma farsa de democracia. Democracia aconselho a leitura das reflexões que fiz neste blog sobre "O que é a Democracia?" De facto a Democracia de Cuba não é igual à nossa.
    E com este hábito de cada vez que um comunista faz uma crítica ao sistema em que vivemos, que leva aos resultados que estamos a ver, logo vem alguém, não a discutir o assunto em causa, mas a falar de Cuba ou da Coreia ou...Que mau hábito!

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  6. Respeito a opinião, mas discordo que uma “democracia” em ditadura, seja mais democrática do que numa “ditadura” que vive em democracia.
    Lamento o entendimento que quem não tem as “nossas” ideias tenha de ser rotulado de ignorante e sem instrução.
    Nem a participação na vida social exige “ter dinheiro”, nem o povo é tão ignorante quanto alguns querem fazer crer, para justificar que esse mesmo povo não queira mais ditaduras neste país tão sacrificado. Nem “democracias” como a de Cuba, onde em quase 50 anos o povo, não obstante o seu elevado grau de instrução, não consegui produzir um dirigente com mais capacidades que o ditador. E que a sucessão vá parar a um irmão, como se duma herança se tratasse. Como se Cuba fosse uma Coreia do Norte, (agora sim) onde as famílias são proprietárias do poder.

    Foi por ter lido as reflexões sobre a democracia neste blogue, que me indignei a ponto de ter feito agora este comentário. Foi a gota de água…
    Não percebi porque é mau hábito, analisar o que se passa em Cuba, talvez o último país comunista deste planeta. Os factos dizem mais do que as teorias dogmáticas e não gostava de viver num país onde alguns dos mais elementares direitos humanos, são expurgados aos cidadãos. Como o direito ao sindicalismo, de manifestação, ou de opinião; como o direito de circulação dentro do seu próprio país e o direito de “fugir” para a liberdade; e também o de ter acesso a uma Net sem limitações e sem o controlo do Estado; e o direito de ver canais de TV estrangeiros. Já estamos mais perto do “assunto em causa”?

    Sou leitor frequente do Granma e mesmo com a censura a que esse jornal está sujeito, não se inibe de relatar as razões porque condenam os “anti-revolucionários”, que compram, (ou vendem) nesse emergente mercado paralelo, tarjetas de acesso a esses canais. Com fortes penas de prisão, equivalentes às que nos países democráticos, são aplicadas a homicidas ou crimes similares; acusados de traidores à “Revolução” por terem tentado ganhar algum dinheiro extra que lhes reduza as privações.
    Por isso concordo com a ideia de que “a Democracia de Cuba não é igual à nossa”.
    Felizmente que não; o povo português não vai deixar que seja.

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  7. Carlos
    Há questões básicas que deformam todo o raciocínio à volta do que é uma ditadura ou uma democracia. Ditadura é o poder de uma classe sobre outra. Que ditadura mais injusta pode haver numa dita "democracia" em que a classe minoritária, exploradora domina a classe maioritária, trabalhadora?
    Como pode uma "democracia" deixar de ser ditadura quando não inclui os direitos fundamentais das pessoas (económicos, sociais e culturais)?
    Qual será a maior democracia? Aquela que limita esses direitos ou a que impede a classe exploradora de limitar esses direitos?
    Pensemos nisto para não invertermos os argumentos.

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  8. Carlos
    Uma vez que me parece muito importante esclarecer ideias erradas que proliferam publiquei hoje um texto sobre isso. Como tinha referido no meu comentário de ontem, seria conveniente reflectir sobre o conceito de democracia e ditadura. No entanto, para que não fique esquecido, relembro o que escrevi sobre a democracia em Cuba.
    "http://c-de.blogspot.com/2011/03/o-que-e-democracia-11.html

    o Sistema Político Cubano “(…) Fundamenta-se na existência de um só poder, o do povo, que o exerce com apenas uma condição, a de ser cidadão do território nacional cubano, independente da sua filiação política ou ideológica. Para os cubanos, democracia é o direito do cidadão de nomear, eleger e revogar os seus representantes,(...) é justiça social, igualdade, imparcialidade no direito à vida, ao trabalho, à educação, à cultura, à habitação, à segurança pessoal e familiar (...), dignidade, direito e dever a ter e defender uma nação livre, independente, soberana e solidária (...), o direito do povo a ter o sistema político que quer. (…). Neste e em outros planos os cubanos fazem seu, o pensamento Martiano de que :”O governo é um compromisso popular, dá-lhe o povo e é sua obrigação satisfaze-lo; Deve consultar a sua vontade, de acordo com as suas aspirações, ouvir a sua voz necessitada, nunca voltar o poder recebido contra as confiadas mãos que o deram, e que são as suas únicas donas.” José Marti coincide na perfeição com a visão mais contemporânea que diz que o valor da democracia e a sua finalidade é: “proporcionar as condições para o pleno e livre desenvolvimento das capacidades humanas essenciais a todos os membros da sociedade”.

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