Paulo Portas quer apagar, ou desvalorizar a sua ideologia de direita para conquistar os votos da esquerda.
Não se iludam os mais crédulos.
Vejamos o que ele diz:
Portas cita o Presidente Kennedy. “Eu não te pergunto de onde tu vens mas o que queres fazer pelo teu país”, recordou, insistindo na desvalorização das “categorias ideológicas”.
(Público de 29/05/2011)
Parece uma frase bonita e sábia mas é apenas mais uma embalagem para esconder o conteúdo falso. Porquê?
O dizer: "Eu não te pergunto de onde tu vens" dá a ideia de grande democrata e que aceita todos, mas logo a seguir desmente essa ideia dizendo, que apenas lhe interessa saber: "o que queres fazer pelo teu país”. Esta segunda ideia "o que queres fazer pelo teu país” pode parecer que envolve um desejo de coisa boa, mas será? E que coisa?
É aqui que entra a ideologia escondida que dizia não lhe interessar ou desvalorizar.

Se Paulo Portas perguntar a um trabalhador consciente, provavelmente ele dirá que deseja que o país produza e dê trabalho a todos, emprego estável e remunerado de acordo com o trabalho de cada um, e que proporcione educação, cultura e formação acessível a todos, saúde gratuita, segurança social, etc.
Mas se Paulo Portas perguntar aos seus amigos de partido e a quem ele serve, eles dirão que querem um país sem contratos de trabalho, com um mercado de trabalho amplo e bastante desemprego e com os trabalhadores sem direitos para as empresas terem elevados lucros para os seus accionistas. Quanto à Educação é apenas para os seus filhos e não precisa de ser gratuita pois é uma forma de seleccionar bem a sociedade. A Cultura não faz falta se não der dinheiro. A Saúde deve ser entregue a especialistas privados, pois pode ser uma boa fonte de rendimentos.

Portanto, sem perguntar de onde se vem, pode bem saber-se de onde é, e para onde quer ir. Se isto não é ideologia, então o que é?

Poderá o Paulo Portas extinguir o seu partido, ou chamar-lhe fundação ou outro nome, pode até mudar de casa, mas não deixará de ter exactamente as mesmas reuniões, fazer os mesmos planos a mesma política com os seus amigos, banqueiros e empresários e estar bem organizado e apoiado para tentar levar Portugal para mais "à direita" ou para... com o nome da treta que queira arranjar (com a tal política que não quer que tenha nome). Se não quer falar em "direita" e "esquerda", que fale "em cima" e "em baixo", ou nalguma coisa que defina o que ele quer. Mas que não esconda o Sol com a peneira.

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