8 de janeiro de 2012

Onde está o poder do povo?

Esta "democracia" é uma farsa, uma enorme fraude

Hoje, ao ler as notícias, "perdi a cabeça" e, indignado, tenho que desabafar. Afinal onde estamos?
Consultei o dicionário Aurélio (online), e outros de referência e vi: Democracia é ”1-Governo do povo; soberania popular; democratismo. 2-Doutrina ou regime político baseado nos princípios da soberania popular e da distribuição equitativa do poder.”
“É o governo do povo, para o povo, pelo povo”. “Governo do povo” quer dizer governo com um sentido popular; “para o povo” significa que o objetivo é o bem do povo; “pelo povo” quer dizer realizado pelo próprio povo. Na democracia é o povo quem toma as decisões políticas importantes - direta ou indiretamente por meio de representantes eleitos.

De uma forma mais condensada como diz o Dicionário Priberam, Democracia é: "Governo em que o povo exerce a soberania, directa ou indirectamente."
Muitas outras definições podem ser invocadas mas, em todas elas, é respeitado o princípio geral do "poder do povo" através de um "governo para o povo", decidido pelo povo. 

Acontece que, todos os dias, verificamos que cada vez o povo tem menos poder a ponto de se concluir que não manda nada.

Cingindo-me apenas à forma mais restrita de ver a democracia como a capacidade do povo escolher os seus representantes através do voto, o que vimos é o povo ser mais enganado nas escolhas que faz. Vota em quem promete fazer uma política e depois faz outra. Vota em quem engana melhor. Vota em quem tem mais apoios financeiros para enganar. 
Banqueiros e grandes capitalistas, financiam as campanhas eleitorais de alguns para, depois, cobrarem com juros, o que investiram.

Uma vez colocados os "representantes do povo", que melhor mentiram, como é que o povo exerce o seu direito de punir os falsários? Apenas através dos próprios representantes que escolheu, o que quer dizer que, se são os vigaristas que foram eleitos, só esses mesmo trapaceiros, se podem destituir a si mesmo. Esta é a lei desta “democracia”.
 
Mas afinal, quem é que efectivamente manda nos representantes do povo? Será o povo? Não, porque, como se vê, não tem poder para isso. Se o povo quiser mandar os deputados da Assembleia da República aprovar leis que defendam o povo, como por exemplo para punir os corruptos, impedir a fuga de dinheiro, impedir a acumulação de reformas milionárias, como é que o pode fazer, se a maioria se estiver nas tintas para o povo, se for corrupta e não quiser aprovar essas leis? A maioria, ao serviço dos grandes capitalistas, que ganhou as eleições enganando, tem que cumprir as ordens desses seus "chefes" em Portugal e no estrangeiro. 
  
São as ordens dos chamados "mercados" (banqueiros), dadas através de órgãos em que o povo nada decide, como por exemplo da troika, da Merkel, do Sarkozy, e agora descobrimos que também através de algumas lojas Maçónicas. 
Esta “democracia” formou uma rede de organizações nada democráticas e até secretas ou de cariz mafioso, que têm, na realidade, muito mais poder que o povo e, por isso, formam um sistema (identificado na gíria como "o polvo", não confundir com povo) de vários tentáculos que dominam a nossa vida.


A servir todo esse poderoso sistema, foram formados muitos outros órgãos nomeados e comandados pela cabeça do polvo e que são os seus tentáculos para controlar e dominar as nossas vidas. Os tribunais, incluindo o tribunal constitucional, são regentes e executantes das leis fabricadas pelos deputados da maioria e "apadrinhadas" pelo verdadeiro poder dos 1% dos grandes capitalistas, que nesta democracia, mandam mais que os 99% do povo. A comunicação “social” é outro dos poderes das grandes fortunas, que contribui para enganar e “adormecer” o povo.

Esta é a realidade actual, até que o povo acorde e verifique que tem mais poder do que aquele que este sistema lhe permite. Em que consiste esse poder? No trabalho que cria a riqueza de que esses 1% se servem para oprimir os restantes 99%. O mundo está a acordar. A indignação alastra. O povo bem organizado, se quiser, tem de facto muita força. Não digo mais. O resto é com cada um.




16 comentários:

  1. Boa análise da "democracia" do grande capital que nos desgraça.
    E quanto ao "resto", sendo "com cada um", é afinal "o tudo" daquilo que temos "todos" por fazer: parte dele que somos, contribuirmos, na medida das nossas capacidades, saberes e responsabilidade, para que o povo "queira" finalmente aplicar a sua "muita força", correndo com esta gentalha!
    Um abraço.

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  2. Obrigado Filipe
    Esta "democracia" é no fim de contas a história do "rei vai nu" . Anda a maioria do povo a julgar que vive em democracia lá porque pode votar de quatro em quatro anos e pode falar e protestar, sem ir preso. De que vale isso? Há de facto conceitos que estão enraizados na consciência das pessoas e que nada têm a ver com as realidades da vida.
    Um abraço

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  3. Já Winston Churchill dizia com razão:
    A democracia é o pior sistema de governo, com exceção de todos os outros...
    Há pois que lutar para o aprefeiçoar, sem o perder, sem perder o direito de falar e protestar e sobretudo poder faze-lo sem ir preso; ou seja, sem perder a liberdade.
    Carlos

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  4. Carlos
    Essa visão da democracia de Churchill levaria a uma discussão muito longa. Uma democracia só interessa se servir as pessoas, a sociedade se for justa e repartir o esforço de todos de forma justa. Só dessa forma se poderá caminhar para uma sociedade em que nos sintamos bem connosco e com os outros. Quando a felicidade de alguns é conseguida com a infelicidade de muitos mais vale que esses alguns percam a liberdade de poder fazer os outros (muitos) infelizes. Quem se preocupa com a perda da liberdade se não tem que comer, se vive escravizado por ter que ganhar uma miséria que não dá para alimentar a família. Ninguém diz que "Sou doente, não tenho médico, passo fome, mato-me a trabalhar, mas sou livre!). Nos EUA JÁ HÁ CASOS DE PESSOAS A QUERER IR PARA A PRISÃO PARA NÃO MORREREM À FOME. Há pouco mais de um mês foi divulgada uma notícia dessas.
    Portanto essa noção de liberdade pouco tem a ver com a prisão. Liberdade é ser feliz, é ter as necessidades básicas resolvidas, é ser reconhecido e pago pelo seu trabalho, é viver num mundo e numa sociedade em que não hajam alguns a explorar a maioria. Eu não me sinto bem nem em liberdade quando vejo outras pessoas que são vítimas de injustiças básicas, como não terem trabalho.
    Abraço

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  5. Penso que tens razão, Eduardo. Desde a invenção da democracia na Grécia clássica - aliás, democracia para uma minoria, a dos "cidadãos" da cidade-Estado, enquanto para uma imensa maioria, a dos escravos e agricultores pobres, era uma violenta e penosa ditadura - muitas formas de "democracia" se sucederam ao longo da História. Entre nós, também o fascismo se reclamou uma "democracia orgânica", corporativa...
    Actualmente, esta nossa "democracia" surge cada dia mais desapiedada para quem trabalha - com práticas de verdadeiro terrorismo social, mesmo genocida para os mais idosos e os mais pobres - enquanto para os mais ricos lhes proporciona descaramente os milhões que são "sacados" integralmente à imensa maioria, afinal a todos nós, contribuintes à força, pois não temos gabinetes jurídicos às ordens, para nos proporcionarem a evasão fiscal e a fuga ao fisco, como acontece com os banqueiros e os grupos económicos, todos tão "patrióticos"...!
    Sim, democracia, sim liberdade, mas para o nosso tempo e se posta ao serviço da imensa maioria da população laboriosa. Afinal, a democracia vislumbrada em Abril de 1974, de todo o Povo e para todo o Povo.
    Abraço.

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  6. Eduardo

    "Uma democracia só interessa se servir as pessoas e a sociedade".

    Totalmente de acordo, é assim que vejo a democracia. E acredito que se possa atingir essa democracia em liberdade. E duma forma mais duradoira e consensual do que com revoluções armadas.

    E se nos EUA há pessoas que querem ir para a prisão, para não morrerem de fome: EM CUBA HÁ PESSOAS QUE PREFEREM MORRER DE FOME, A ESTAR NAQUELA PRISÃO (Guillermo Fariñas e tantos outros que fazem e morrem pela greve de fome, na sua luta pela liberdade). E sabemos como são tratados por se terem atrevido a manifestar opinião diferente do regime.

    Defendo uma forma diferente de alcançar a mesma felicidade, com os Direitos do Homem defendidos. O direito de liberdade de pensamento, de opinião de expressão, de associação, o direito de manifestação e de igualdade perante a lei; o direito a uma imprensa plural sem censura e mais modernamente o direito de acesso às televisões internacionais, à Internet, ao Facebook e Twitter. E isso não se encontra em Cuba, na Coreia do Norte, ou em qualquer outro tipo de ditadura. Como não se encontrava na URSS ou na China comunista de Mao ou Deng Xiaoping e o seu massacre de Tiannanmem. Por isso entendo que essas sociedades não são servidas pela democracia.

    Compare-se a qualidade de vida das duas Coreias, ou das antigas Alemanhas. Os mesmos povos, as mesmas culturas, mas sistemas diferentes que determinam no caso da Coreia, um Produto Interno Bruto 16 vezes maior no Sul, do que no Norte; no Norte onde os "eleitores" votam sempre na família Kim, tal como em Cuba "votam" nos Irmãos Castro.

    Um abraço

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  7. Carlos
    Não vou entrar neste estilo de discussão. Admitindo que não saibas que é Fariñas, e que estejas a ser mal informado, contribuindo para informar mal aqui vai um artigo de Alberto Nuñez Betancourt que terá que ser publicado em duas partes devido à sua extensão:
    Importantes veículos de comunicação ocidentais voltam a chamar a atenção com uma mentira pré-fabricada. Assim, respondem aos interesses imperialistas contra nosso país.
    Enquanto em Cuba ocorre, por exemplo, a campanha de vacinação contra a poliomielite, que preserva a saúde de mais de meio milhão de crianças e, no Haiti devastado, centenas de médicos cubanos reafirmam o seu espírito humanista de luta pela vida, manchetes maliciosas se esmeiram em orquestrar uma campanha a favor do contrarrevolucionário Guillermo Fariñas Hernández.
    Em greve de fome, em sua casa, em Santa Clara, há 13 dias, ele declarou que procura impor a liberação de mais de 20 presos contrarrevolucionários, sancionados com todas as garantias processuais em nossos tribunais, para atuarem a serviço de interesses estrangeiros, contra a independência e a ordem constitucional de nosso país.
    A manipulação é tal que as notícias chegam a argumentar que o Governo cubano teria indicado que se deixe morrer este assalariado da Seção de Interesses dos Estados Unidos em Havana, sem apontar nenhuma palavra sobre os múltiplos esforços de muitos dos nossos profissionais da saúde para assistir esta pessoa.
    Guillermo Fariñas Hernández, conhecido no ambiente dos 'vende-pátrias' (traiçoeiros) como "Coco", transita de uma posição simpática à Revolução ao comportamento anti-social.
    O primeiro ato público que revelou o grande desajuste de sua personalidade, e que não teve nenhuma matiz política, ocorreu no final de 1995, quando ele agrediu fisicamente uma mulher, funcionária da instituição de saúde onde trabalhava como psicólogo, lhe causando ferimentos múltiplos no rosto e nos braços. O crime provocou uma pena de três anos de prisão sem internamento, além de uma multa de 600 pesos.
    Para escapar à justiça inventou sua primeira greve de fome e logo depois passou ao limiar das atividades contrarrevolucionárias. Com a ajuda desses pequenos grupos, divulgava seu caso, fazendo uma série de tergiversações por emissoras de rádios subversivas, além de expressar a disposição de morrer se não lhes dessem respostas às demandas que desejava.
    Um segundo evento, em 2002, confirma a característica violenta deste sujeito e o desprezo evidente por sua pátria e os cidadãos que a defendem. Em plena cidade de Santa Clara, Fariñas espancou fortemente com um bastão um ancião que havia evitado um ato terrorista de um enviado especial do terrorista Luis Posada Carriles. Os danos causados no lesionado provocaram uma urgene intervenção cirúrgica para retirar-lhe o baço.
    Uma vez condenado a 5 anos e 10 meses de prisão, na Causa 569 de 2002 do Tribunal Popular Provincial de Villa Clara, usou de novo seu método de fazer show: a greve de fome.

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  8. Naquela ocasião, a posição adotada por Fariñas Hernández levou a uma desidratação leve, para a qual foi indicado tratamento com soro. Interrompeu a greve e, em 4 de novembro de 2002, decidiu reiniciá-la exigindo que colocassem uma TV na sala de Enfermagem da prisão onde ela estava se recuperando.
    Em 5 de dezembro de 2003, em atenção aos seus problemas de saúde, foi concedida a ele uma licença extra-penal (no artigo 31, parágrafos 3.b e 4, do Código Penal, se estabelece a faculdade de conceder a suspensão da detenção ao condenado à privação de liberdade por causas justificadas, com base no bom comportamento), em conformidade com nossas leis e com base na concepção humanitária da nossa justiça e do sistema prisional.
    Três anos depois, este agente a serviço dos Estados Unidos protagoniza um prolongado jejum para exigir a funcionários do ETECSA o acesso à Internet a partir de casa. Fariñas é um assíduo repórter da infame emissora chamada Rádio Martí e de outras estações anti-cubanas.
    Sua folha de servilos é ampla também na assistência a atividades da todo tipo dfa SINA e de algumas embaixadas europeias que dirigem a subversão em Cuba, das quais recebe instruções, dinheiro e suprimentos.
    Existem princípios bioéticos que obrigam o médico a respeitar a decisão de uma pessoa que decidiu iniciar uma greve de fome. Portanto, de forma nenhuma se pode forçá-lo a ingerir alimentos, como fazem cotidianamente as autoridades norte-americanas nas prisões e centros de tortura de Guantánamo, Abu Ghraib e Bagram, em violação aos direitos dos detidos.
    A medicina só pode atuar quando o paciente entra em choque, fase em que, via de regra, é tarde, pois o ser humano está já no limite da sobrevivência, o que se chama ponto de não retorno. Como resultado de sucessivos episódios de greves de fome, o corpo Fariñas está em um processo de deterioração notável.
    Se hoje está vivo, é preciso dizer, é graças ao atendimento médico qualificado que ele tem recebido, independentemente de sua condição de mercenário.
    Nesse caso, não é a medicina que deve resolver o problema intencionalmente criado com o propósito de desacreditar nosso sistema político, mas o próprio paciente e os apátridas, diplomatas estrangeiros e veículos de imprensa que o manipulam. As consequências serão de sua inteira e única responsabilidade.
    Cuba, que tem demonstrado em excesso que tem como principal divisa a vida e a dignidade humana, não vai aceitar pressões ou chantagens.

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  9. 200 milhões de crianças no mundo dormem hoje nas ruas. Nenhuma é cubana. 250 milhões de crianças com menos de 13 anos são obrigados a trabalhar para viver. Nenhuma delas é cubana. Mais de um milhão de crianças são forçadas à prostituição infantil e dezenas de milhares foram vítimas do comércio de órgãos. Nenhuma delas é cubana. 25 mil crianças morrem a cada dia no mundo por sarampo, caxumba, difteria, pneumonia e desnutrição. Nenhuma delas é cubana.

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  10. Voltando ao princípio "A Democracia é servir as pessoas e a sociedade". A ONU reconheceu que apesar dos boicotes e bloqueio dos EUA e represálias dos países capitalistas, Cuba é o país da América latina de melhor índice de desenvolvimento humano.
    Democracia de fachada e liberdades em abstrato, apenas para burguês ver, não são o forte de Cuba.

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  11. Já li muito sobre Fariñas.
    Também já conhecia o artigo de Alberto Nuñez Betancourt, jornalista do Granma, órgão oficial do PC Cubano, que leio com alguma regularidade.
    Contradizer o meu comentário com um artigo da parte interessada não parece ser de quem procura a verdade. E ainda por cima sem teres avisado.
    É como eu contraditar um artigo do “Resistir” e tu vires demonstrar que estou errado com um artigo do “Avante”. Assim não dá.
    Se é esse o critério para publicares aqui os teus artigos, tens de reconhecer que estás a veicular uma posição parcial e sem isenção.
    Para ajudar a formar opinião é preciso, no mínimo "ouvir" a parte contrária. Não com um, mas com vários artigos e saber separar o trigo do joio.
    Por isso vou enviar uma Carta Aberta a propósito deste assunto, que na minha opinião argumenta com suficiente razoabilidade e coerência. Pode também ser faccioso, mas parece-me uma opinião a considerar.
    Peço desculpa por ir em espanhol, mas penso que se lê melhor assim do que as péssimas traduções automáticas.

    (A carta segue no comentário seguinte, pois aqui já não cabe)

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  12. Carta abierta a Alberto Nuñez Betancourt.
    Mar 08, 2010

    Sr. Alberto Núñez Betancourt:
    Hemos de partir de la premisa, que su condición de periodista es a priori, la del asalariado de un partido político, usted escribe en el órgano oficial del Partido Comunista de Cuba lo cual hace previsible su opinión, teniendo en cuenta que la misma está condicionada a los intereses de quienes le proporcionan sus emolumentos. Su prosa por tanto no es la de un informador social sin condiciones, su labor restringida a los lineamientos partidistas le hacen acreedor del epíteto que usted habitualmente endilga a sus objetivos, el mercenario por concepto es usted.
    Usted llama mentira prefabricada a la amplia cobertura internacional que ha recibido la muerte del disidente Orlando Zapata Tamayo, responsabilidad ineludible del estado cubano y la reciente incorporación a una huelga de hambre del disidente Guillermo Fariñas Hernández. Ejerce usted un verdadero vudú lingüístico al llamar mentira a una muerte confirmada y otra en proyecto, tarea deleznable la suya de ignorar el dolor de una madre en pleno luto ante la indolencia de un sistema carcelario que tiene aristas tan dudosas, como impedir el acceso libre a los relatores de las organizaciones internacionales de Derechos Humanos.
    Es tal su ceguera política que se denuncia con su propio lenguaje, al señalar que Guillermo Fariñas exige la liberación de 20 presos “contrarrevolucionarios”. En un partido único como el que usted lamentablemente representa, sin una oposición legalizada, llamarles “contrarrevolucionarios” los ubica ipso facto en la categoría de presos políticos, sencillamente les acusa a usted de oponerse a un régimen totalitario y ello les enaltece. En un mundo democrático la oposición enriquece el ejercicio de los derechos, como el de expresión por ejemplo, vetado para la mayor parte del pueblo cubano. Disentir en un régimen totalitario es un delito, tan sólo tienen voz pública aquellos que como usted reciben un salario a cambio de distorsionar la realidad.
    El disidente Guillermo Fariñas, psicólogo de profesión, a quien usted llama “delincuente” curiosamente al igual que al fallecido Orlando Zapata, es un reconocido luchador por los derechos de los cubanos. Las cárceles cubanas son prolijas en profesionales, también tienen encarcelado al Dr. Oscar Elías Biscet, quien sin duda alguna usted no dudaría en tildar de delincuente y mercenario, condenado en la tristemente famosa Primavera Negra del 2003. Disentir en Cuba es delinquir, lo que implica que el menor acto de oposición al régimen totalitario es tildado como actividad delictiva. Créame, esos que usted llama delincuentes expresan abiertamente su derecho al ejercicio de libertades para todos los cubanos, jamás un pueblo había contado con delincuentes tan dignos. Delinquir por libertad, es más honesto que escribir ofensas por un salario. Sr. Alberto Nuñez Betancourt, estos hombres le aventajan en valores humanos, estos hombres atesoran la dignidad que usted arroja a las alcantarillas de un libelo gubernamental, representando una dictadura de carácter dinástico.
    Le cito textualmente: “...Cuba, que ha demostrado con creces que tiene como divisa principal la vida y la dignidad del ser humano, no aceptará presiones ni chantajes...” ¿Bajo que preceptos habla usted en nombre de Cuba, cuando Cuba es también de esos a los que usted ataca?. Son tan cubanos como usted, al menos así lo refleja la Constitución de la República, claro que habituados a medidas anticonstitucionales es previsible que la obvie en su escrito. Y lo de que su gobierno tiene como divisa el respeto a la vida y la dignidad humana es cuestionable, escriba sobre las decenas de niños asesinados en el remolcador 13 de Marzo, escriba sobre los jóvenes fusilados, escriba sobre el último mártir de la disidencia que aun caliente en su fosa, cruzaban su espalda las huellas de sus torturadores.
    Es imposible calzar a la infamia con la verdad, sus letras han de atravesar descalzas el largo camino del repudio de los hombres libres.

    R. Muñoz.

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  13. Carlos
    Essa ideia de ter que ser um explorador a defender a luta dos explorados, para que os argumentos possam ser consistentes é, de facto, uma boa forma de encerrar o diálogo.
    Estás no teu direito de não confiar nos que são do Partido Comunista como o senhor R. Muñoz, que começa por dizer "Hemos de partir de la premisa, que su condición de periodista es a priori, la del asalariado de un partido político, usted escribe en el órgano oficial del Partido Comunista de Cuba".
    Para quem não se quer definir de que lado está da luta é mesmo a melhor desculpa.
    Que é que esse senhor Muñoz esperava, que o Partido Comunista em nome de uma "isenção" defendesse os inimigos do povo trabalhador? Esperava que ficasse "neutro" a ver os inimigos do povo, como em Portugal, a destruir todos os direitos dos trabalhadores, para que os ricos fiquem cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres? É essa "liberdade" venenosa, de deixar a liberdade de explorar instalar-se, que estamos a assistir em Portugal, que esse senhor Muñoz, duma forma "isenta" e em nome da Liberdade, gostaria de ver? Esse senhor Muñoz quer-nos convencer que é "isento"? Que é "neutro"?
    Se o facto de um comunista não poder ter crédito por ser parte no interesse que defende, então esses que assim pensam, mesmo que façam o mesmo relativamente a um capitalista, ou a um liberal, ou a um social democrata, revelam-se incapazes de raciocinar sobre os vários argumentos, e, não querendo tomar partido, acabam por tomar o partido dos "conservadores" (pelo menos).

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  14. Carlos

    Apesar da irracionalidade do assunto, do absurdo que representa, fui procurar uma concepção de Partido Comunista, sem ser no Avante, no Militante ou em qualquer publicação do Partido Comunista.
    Creio que isso é fundamental para se entender qual a posição que deve assumir um militante desse partido, perante as questões que foram levantadas.
    Creio ser também importante para rebater as ideias de "interesses" que ficando no vago podem ser entendidos como "secretos" ou "obscuros", de um Partido Comunista e do combate que faz aos que pretendem manter uma sociedade de classes com a classe exploradora a dominar.
    Encontrei um sítio de um Professor de Filosofia, que não conheço e também não fui investigar se é filiado em algum partido. Vi na Net que é Autor de livros didácticos de Filosofia e de Psicologia para o grupo editorial Plátano – editora portuguesa com sede em Lisboa – desde 1989.
    Colaborador de Crítica, Revista de Filosofia e Ensino
    Membro do Centro para o Ensino da Filosofia (Sociedade Portuguesa de Filosofia) desde 2002.
    Membro da Sociedade Portuguesa de Filosofia
    Nem me venham agora dizer que se não é do Partido Comunista era o pai dele.
    Os textos que esse professor publica, são baseados nos trabalhos de Marx. Não me venham também dizer que Marx não é suficientemente "isento" para falar de marxismo ou do que é um Partido Comunista.
    Só falta dizerem-me que tenho que consultar Passos Coelho ou Paulo Portas, ou Adriano Moreira, ou António Saraiva, ou João Machado, para ter uma ideia "isenta" do que é um Partido Comunista ou quais os seus objectivos.
    O sítio chama-se Teorias e Argumentos e pode ser consultado em http://lrsr1.blogspot.com/2011/04/karl-marx-socialismo-e-comunismo.html. Passo a reproduzir, o texto a partir de Marx, Textos de 1844 e de a A Questão Judaica:
    "O que caracteriza o comunismo não é a abolição da propriedade em geral, mas a abolição da propriedade burguesa (isto é, do capital, da propriedade privada que explora o trabalho assalariado e que só pode crescer sob a condição de produzir mais e mais trabalho assalariado, para o explorar de novo).
    Ora a propriedade privada de hoje, a propriedade burguesa, é a última e a mais perfeita expressão do modo de produção e de apropriação baseado no antagonismo de classes, na exploração de uns por outros. Neste sentido, os comunistas podem resumir a sua teoria nesta fórmula única: abolição da propriedade privada.
    Nós não queremos de modo algum abolir aquela apropriação pessoal dos produtos do trabalho indispensável à reprodução da vida no dia seguinte, apropriação essa que não deixa nenhum lucro líquido que possa conferir um poder sobre o trabalho de outrem. O que nós queremos é suprimir o triste modo de apropriação que faz com que o operário não viva senão para fazer crescer o capital (a riqueza do burguês, do patrão explorador) e só vive enquanto o exigem os interesses da classe dominante.
    A aplicação prática do direito de liberdade é o direito à propriedade privada. Mas em que consiste este último direito?
    "O direito de propriedade é o que pertence a todo o cidadão de desfrutar e de dispor a seu gosto dos seus bens, dos seus lucros, do fruto do seu trabalho e do seu engenho. "
    O direito de propriedade privada é, portanto, o direito de gozar da sua fortuna e dela dispor "a seu gosto" sem se preocupar com os outros homens, independentemente da sociedade: é o direito do egoísmo. É esta liberdade individual, com a sua aplicação, que forma a base da sociedade burguesa. Ela faz com que cada homem veja no outro homem não a realização mas antes a limitação da sua liberdade."
    Marx, Textos de 1844 e de a A Questão Judaica.
    (continua a seguir)

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  15. (continuação)

    Diz Marx:
    a) «Não me é devido qualquer mérito pela descoberta da existência de classes na sociedade moderna ou da luta entre elas. Muito antes de mim tinham já os historiadores burgueses descoberto o desenvolvimento histórico desta luta de classes e os economistas burgueses a anatomia económica das classes. O que fiz de novo foi demonstrar: 1) que a existência de classes está ligada apenas a determinadas fases históricas do desenvolvimento da produção; 2) que a luta de classes leva, necessariamente, à ditadura do proletariado; 3) que esta ditadura em si mesma apenas constitui a transição para a abolição de todas as classes e para uma sociedade sem classes.»
    Carta de Marx a Weydemeyer, (1852); MESC, pág. 69
    b) «Entre a sociedade capitalista e a sociedade comunista existe o período de transformação revolucionária da primeira na segunda. Um período de transição política que lhe corresponde e onde o Estado não poderia ser outra coisa senão a ditadura revolucionária do proletariado.»
    Marx, Crítica do Programa de Gotha
    c) «Na sua luta contra a força colectiva das classes possidentes, o proletariado só pode actuar como classe se se constituir num partido político distinto, oposto a todos os velhos partidos formados pelas classes possuidoras. Esta constituição do proletariado num partido político é indispensável para assegurar o triunfo da revolução social e do seu fim último: a abolição das classes.
    A conjugação de forças da classe trabalhadora, alcançada já pela luta económica, deve servir, também, nas mãos desta classe, como uma alavanca na sua luta contra o poder político dos seus exploradores.
    Uma vez que os senhores da terra e do capital fazem sempre uso dos seus privilégios políticos a fim de defenderem e perpetuarem os seus monopólios económicas e escravizarem o trabalho, a conquista do poder político torna-se o grande dever do proletariado.»
    Resolução da Conferência de Londres (1871); MESW, I, pp. 388 e segs.
    d) Quando, no curso do desenvolvimento, as distinções de classe tiverem desaparecido, e toda a produção se tiver concentrado nas mãos de uma vasta associação da nação inteira, o poder público perderá o seu carácter político. O poder político, propriamente dito, é apenas o poder organizado de uma classe para a opressão de outras. Se o proletariado, por força das circunstâncias, se vir obrigado a organizar-se em classe, se, por meio de uma revolução, se tornar a classe dominante, e, enquanto tal, arrasar pela força as velhas condições de produção, então terá, juntamente com essas condições, arrasado as condições para a existência de antagonismos de classe e de classes em geral, e terá, com isso, abolido a sua própria supremacia de classe. No lugar da velha sociedade burguesa, com as suas classes e antagonismos de classe, teremos uma associação, na qual o livre desenvolvimento de cada um é a condição do livre desenvolvimento de todos.
    Manifesto do Partido Comunista (1848); MESW, I, pp. 53 e segs.

    (continua)

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  16. (continuação)
    No estádio da sociedade industrial capitalista, a luta de classes desenvolve-se entre o proletariado e a burguesia. A pertença a uma ou outra das classes é determinada pelo lugar que cada homem ocupa nas relações de produção: o burguês é o proprietário dos meios de produção; o proletário só possui a sua força de trabalho.
    Marx conclui que o liberalismo económico é um tremendo fracasso... o trabalhador assalariado não tinha meios de se tornar proprietário, enquanto os proprietários capitalistas podiam dispensar-se de trabalhar. A liberdade de que fala o liberalismo é puramente abstracta (não concreta ou real): entende-se que o empregado e o patrão discutem livremente o salário; mas o empregado ameaçado pelo desemprego é, de facto, constrangido a aceitar o salário proposto. A sua liberdade abstracta nada mais é do que uma servidão real. O direito de propriedade (a propriedade privada dos meios de produção) está na origem da exploração do homem pelo homem.
    Mas não é só o facto de o homem não produzir para si mas para um outro que faz com que o produto do seu trabalho se lhe oponha como realidade estranha. Apropriando-se do produto do trabalho alheio e transformando-o em capital, o proprietário dos meios de produção utiliza parte desse capital (uma pequena parte) para comprar e explorar a força de trabalho do operário. Afastado dos meios de produção e do capital que o seu trabalho gera, o trabalhador tem de aceitar, para sobreviver, as condições de exploração que lhe são impostas.../...

    A revolução proletária não pode, para Marx e Engels, ser uma questão de boa vontade.../... O proletariado deve lutar organizadamente.
    Só um partido político pode organizar o proletariado, ser o intérprete esclarecido das suas aspirações e interesses. Pode-se mesmo dizer que o partido formado pelos comunistas, não só organiza a luta da classe operária (o proletariado) como também dá a esta consciência de classe, i. e., «consciência de si contra a alienação». Como diz Marx no segundo capítulo do Manifesto do Partido Comunista, os comunistas «têm sobre o resto do proletariado a vantagem de uma inteligência clara das condições da marcha e dos fins gerais do movimento proletário».
    A revolução, uma vez criadas as suas condições objectivas, instaurará, durante um período transitório, a ditadura da classe operária, i.e., um Estado proletário cuja finalidade é pôr fim definitivo ao domínio da burguesia. A classe operária exerce a sua ditadura sobre as antigas classes exploradoras (os capitalistas, os grandes latifundiários) mediante o domínio do poder político, do aparelho de Estado, em aliança com os camponeses e outras classes assalariadas. Esta ditadura revolucionária será necessária enquanto a burguesia constituir uma ameaça, uma resistência aos objectivos da revolução: a instauração de uma sociedade comunista, sem classes. A este período transitório e ditatorial dá-se, em sentido estrito, o nome de socialismo. Nesta fase a distribuição dos bens materiais e culturais dá-se de acordo com a quantidade e qualidade do trabalho de cada um. «A cada um segundo as suas capacidades.» Enquanto fase prévia à instauração do comunismo, o socialismo pretende combater a divisão entre trabalho intelectual e trabalho manual, eliminar a discriminação da mulher, educar o povo na base de princípios de cooperação e de solidariedade que vençam as motivações egoístas e as tendências à acumulação privada.
    O socialismo é assim a fase preparatória de uma fase de organização social mais desenvolvida e que constitui o objectivo final da revolução proletária: a sociedade comunista. Caracteriza-a a inexistência de classes. Acabado o antagonismo de classes, o Estado, que é, por definição, um poder organizado para a opressão de uma classe por outra, definha e perece. O poder público perde o seu carácter político, i. e., deixa de ser um instrumento de opressão e de repressão para se transformar em «associação livre» ...
    Cada qual que apele à sua consciência, e se coloque do lado que considerar justo.
    Cumprimentos

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