14 de setembro de 2015

O drama dos refugiados

Algumas notas para ajudar a compreender mais esta crise

(notas baseadas em textos de Jorge Cadima)

1. Todos os anos cresce a lista dos países destruídos pelas políticas de guerra e rapina dos EUA, da NATO e das potências da União Europeia.
2. Os dois principais países de origem dos refugiados eram o Afeganistão, vítima da invasão dos EUA em 2001, com três milhões de refugiados no exterior, e o Iraque, vítima em 2003 com 1,7 milhões. Naquela altura, a Síria era o terceiro maior país de acolhimento, depois do Paquistão e do Irão, dando abrigo a mais de um milhão de refugiados. 
3. A Líbia, país que tinha em 2010 o maior Índice de Desenvolvimento Humano de África, acolhia então milhares de trabalhadores africanos na sua economia. Síria e Líbia foram entretanto destruídas pelas guerras NATO/EUA/UE. 
4. A Líbia tornou-se na maior porta de acesso de refugiados africanos para a Europa, atravessando o Mediterrâneo onde frequentemente encontram a morte. 
5. A Síria, reduzida a escombros pelos bandos ao serviço dos auto-proclamados «amigos da Síria» os terroristas apoiados pelos EUA, tornou-se o segundo maior país de origem de refugiados, com valores muito próximos do Afeganistão, ambos com 2,5 milhões. 
6. Nesse ano, continuavam a ser os países em vias de desenvolvimento a acolher a grande maioria dos refugiados: 86% do total, E a comunicação social “ocidental” continuava calada.
7. A comunicação social que esconde o que interessa ao imperialismo, fala muito do drama dos refugiados sírios que chegam à Europa. A comunicação social "esquece" quem decidiu intervir militarmente na Síria, arrasando o país.  
8. A comunicação social, controlada pelos poderes imperialistas, "esquece" que os terroristas armados pelos EUA, a que chamam "exército insurgente" está a ser coordenado a partir da Turquia [país da NATO] para depor o presidente Assad. 
9. A nossa comunicação dita "social" esquece o que diz (Telegraph, 3.11.11); «A CIA acusada de auxiliar no envio de armas para a oposição síria» ou (New York Times, 21.6.12); «Navio espião alemão auxilia os "rebeldes" sírios» ou (Deutsche Welle, 20.8.12); «Estados do Golfo pagam os salários do Exército Sírio Livre» (ABCnews, 1.4.12). 
10. Há que estar atentos ao que se pode esconder por detrás do súbito interesse da comunicação social pelo tema dos refugiados. O primeiro-ministro inglês Cameron quer «uma intervenção militar para resolver a crise síria» e um ex-Arcebispo de Cantuária (chefe espiritual da Igreja de Estado em Inglaterra) defende «ataques aéreos e outro tipo de assistência militar para criar enclaves seguros e pontos de abrigo na Síria» (Telegraph, 5.9.15). 
11. Um dos maiores patrocinadores dos bandos fundamentalistas que destroem a Síria, o Rei Salman da Arábia Saudita, encontrou-se na semana passada com o Nobel da Paz Obama, para ouvir que «o Pentágono está a ultimar um acordo armamentista no valor de mil milhões de dólares com a Arábia Saudita, para lhe fornecer armas para o seu esforço de guerra contra [???] o Estado Islâmico e o Iémen» (New York Times, 4.9.15). 

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