9 de fevereiro de 2012

As infâmias da guerra


Líbia: A verdade acabará por ser descoberta

De um artigo de opinião de Jorge Cadima na Crónica Internacional do Avante, acabei de ler:
O New York Times (21.1.12) agora confessa que o linchamento de Kadafi teve a participação dos drones (aviões não tripulados) dos EUA, que estiveram em acção «até ao último dos ataques, que atingiu a caravana do Coronel Kadafi no dia 20 de Outubro e levou à sua morte». A imprensa ocidental confessa agora (só agora) que os «rebeldes» que a NATO colocou no poder torturam sistematicamente. Até a organização Médicos sem Fronteiras se retirou da «livre» cidade líbia de Misrata por achar que «a nossa missão é dar cuidados médicos a feridos de guerra ou presos doentes, e não tratar repetidamente os mesmos doentes por entre sessões de tortura» (Independent, 27.1.12).

4 comentários:

  1. Torturas, linchamentos... os horrores da guerra e das revoluções populares. É sempre a mesma coisa em todo o lado em todas as épocas.
    No Egipto como na Síria; na Bósnia e Kosovo, como na Revoluções francesa ou bolchevique; em Angola, como na Chechénia, no Cambodja como no Vietnam.
    É a natureza humana.
    Como é da natureza humana, ser-se sectário e denunciar as barbaridades na Líbia e branquear as da Síria. Defender a queda das ditaduras de Ben Ali ou Mubarak e apoiar as ditaduras de Bashar al-Assad ou de Kadhafi.
    É da natureza humana ser-se faccioso, defendendo a invasão soviética no Afeganistão e condenar a guerra anti-terrorista dos americanos no mesmo país. Condenar a intervenção da NATO na Líbia (sancionado pela ONU) e apoiar a intervenção unilateral de Cuba em Angola, em favor do MPLA (do corrupto Eduardo dos Santos e ao arrepio dos acordos de Alvor), contra a UNITA.
    Condenar o (miserável) apoio logístico da CIA a Pinochet, e defender a igualmente miserável invasão da Hungria pelos tanques soviéticos. Condenar o apoio ao ao Xá da Pérsia (Irão) e defender a vergonhosa Primavera de Praga.
    Antes, como hoje, é assim a isenção e imparcialidade comunista.

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    1. Carlos
      Claro que é a natureza humana. Mas a natureza humana evolui e educa-se com a luta dos oprimidos contra os opressores. Como referi noutra resposta não há isenção nem justiça absoluta. Qualquer pessoa em sociedade interage com as outras movidas por interesses. Mas quando uma minoria se apodera do poder explorando uma maioria a maioria tem o direito de se defender. Se essa maioria for ameaçada de morte pela força das armas, na minha opinião tem o direito de se defender se necessário eliminando quem oprime. Portanto essa noção de justiça é diferenciada por duas razões.
      1. Democrática por ser uma maioria, ainda que não seja a maioria a lutar.
      2. Consciência do direito de não ser explorado por outros homens.
      É esta luta de classes que forçosamente implica acções indesejáveis mas indispensáveis para a luta da libertação do homem.
      Foi assim na época da escravatura, em que os escravos para se libertarem tiveram que matar e morrer.
      Foi assim nas guerras feudais e na ascensão da burguesia contra a aristocracia, eliminando e expropriando a propriedade feudal e que deu origem ao poder da burguesia que fundou o capitalismo.
      Será assim na luta pelo poder da classe trabalhadora e todos os explorados, contra o grande capital explorador que controla os meios de produção indispensáveis à vida e progresso da humanidade.
      Portanto há lutas e lutas. Não se podem misturar as lutas das duas classes em confronto. Não é nem política nem socialmente justo dizer que há igualdade de direitos. Não é hoje admissível dizer que os donos dos escravos tinham o direito de matar "os objectos" da sua propriedade, enquanto os escravos tinham que aceitar as acções dos seus donos, pois era isso que estava na Lei. Hoje aceita-se que a burguesia se tenha revoltado contra o poder feudal, (desrespeitando a lei e até em grande parte a cultura conservadora) como amanhã se aceitará que os trabalhadores se revoltem contra o poder da burguesia.
      Para quem, como eu acredita no Processo Histórico, e na sua Dialética como forma científica de a interpretar, sabe bem que é no socialismo (tomada do poder pelos trabalhadores) que se criam as condições para o progressivo desaparecimento das classes (exploradores e explorados) dando lugar a uma sociedade mais justa em que o produto do trabalho é melhor distribuído e para satisfazer as necessidades básicas de cada homem.

      Posto isto, que responde ao comentário que pretende desculpabilizar a guerra do imperialismo pelo facto de também existirem outras guerras (de libertação)como "intervenção unilateral de Cuba em Angola, em favor do MPLA", é uma forma de não "imparcialidade" tal como os adjectivos colocados nas lutas. Nota que classificaste de um lado a "invasão do Afeganistão" e do outro a luta anti terrorista.
      Colocaste de um lado a "intervenção da NATO na Líbia (sancionado pela ONU)" o que é falso, pois a ONU ainda que tenha a grande maioria dos países capitalistas, não autorizou a intervenção ofensiva, nem os agentes da CIA a comandar os rebeldes, etc. etc.. Do outro lado colocas a "intervenção unilateral de Cuba em Angola", associada ao "corrupto Eduardo dos Santos e ao arrepio dos acordos de Alvor". Bom exemplo da pretensa "isenção não facciosa". Repugna-me continuar pelos exemplos "Condenar o (miserável) apoio logístico da CIA a Pinochet, e defender a igualmente miserável invasão da Hungria pelos tanques soviéticos". Essa do "apoio logístico da CIA a Pinochet é emblemático.

      A História, julgará todos estes actos, como julgou as revoluções que fizeram avançar a Humanidade, apesar das tentativas de falsificação que o poder económico e político, preponderante no mundo, tem feito.
      Agradeço o comentário que me permitiu esclarecer coisas que os preconceitos e a dominação ideológica tornam difícil esclarecer.

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  2. Não precisas agradecer.
    Tem sido sempre assim. Aproveitas tudo, para fazer a tua propaganda, sem responder à argumentação e aos factos que comprovam a incoerência e a hipocrisia que aponto; desviando para discursos teóricos de carácter generalista e ignorando a essência dos meus comentários.

    A invasão do Afeganistão, tal como todas as intervenções militares soviéticas, acabavam sempre na anexação e/ou na ocupação militar do país invadido. Foi assim que o Império soviético se constituiu a partir da Rússia Imperialista e expansionista.
    A guerra dos EUA naquele país não é do mesmo tipo. Foi fundamentalmente para punir e liquidar Bin Laden pelo seu acto de guerra do 11 de Setembro e destruir os campos de treino terroristas talibãs, que espalham o terrorismo por todo o mundo.
    Missão cumprida, regresso a casa.
    Não é como na Polónia, na Checoslováquia, na Roménia e Hungria, na Bulgária, RDA, Estónia, Letónia e Lituânia. Nem é sequer a Ucrânia e as restantes repúblicas que constituíam a URSS, que logo lutaram pela independência após a implosão do império.

    Quanto a Angola, verifico que consideras uma luta de libertação, o apoio a um ditador corrupto, um ladrão do seu povo, que na miséria e na fome, é explorado por um dos regimes mais corruptos do planeta, com o Eduardo dos Santos a conquistar o vergonhoso lugar de um dos políticos mais ricos do mundo; quando estava de tanga quando tomou o poder. É essa a tua luta de libertação? É essa a tua isenção?
    Tanto barulho com a lei do enriquecimento ilícito em Portugal, mas este bandido, porque se intitulou comunista, já o pode fazer a coberto da esfarrapada justificação da luta de classes? A luta de classes que dizes justificar tanta hipocrisia!

    Quanto ao julgamento da história ele só se fará de forma isenta e justa se essa mesma história estiver na posse dos documentos secretos que o ex-KGB, sr. Putin se recusa a entregar. Como na China e na Coreia do Norte, regimes totalitários quase impenetráveis. Em contraste com a liberdade da democracia, onde por força da lei, automaticamente divulgados passados 20, 25 ou 30 anos todos os documentos secretos. Daí a luta desigual e oportunista, que fazem contra a democracia. Servindo-se das armas que a liberdade vos oferece, para a poder destruir; e que combatem para impor a opressão e limitar os Direitos Humanos consignados na Carta da ONU que o bloco comunista não quiz aprovar.

    Repudío o embargo a Cuba, mas pela tua ordem de ideias, esse embargo na óptica dos EUA, seria justificado e legitimado pela luta da Liberdade contra a Opressão de Fidel.

    Dizes: “Mas quando uma minoria se apodera do poder explorando uma maioria a maioria tem o direito de se defender”.
    Completamente de acordo. Sou democrata, logo pelo direito da vontade da maioria. Por isso me revolto com tão tendenciosa argumentação.
    Quem vos deu o direito de se intitularem representantes da maioria? Com que sistema eleitoral o PCP adquiriu essa representatividade. Partido dos Trabalhadores? Será, mas duma pequena parte. Um décimo da classe trabalhadora, cerca de 8% do eleitorado.
    É a coberto dessa representatividade que se acham no direito de sabotar a economia capitalista portuguesa, fazendo tudo o que conduza à bancarrota? Uma economia de mercado, por vontade do povo português, expressa nas urnas com cerca de 85%, através do voto popular, não de braço no ar, mas livre por ser secreto.
    Um abraço

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    1. Carlos
      Claro que não vou responder a coisas que nada têm a ver com o texto que publiquei e apenas transcreve o escrito por "O New York Times (21.1.12)" e pelo Independent, (27.1.12), jornais que certamente não são comunistas mas revelam que o povo líbio está a ser martirizado pelos chamados "rebeldes". Outras notícias mostrariam mais pormenores.
      Ao chamares para o debate nas tuas respostas os "crimes no Afeganistão, na No Egipto como na Síria; na Bósnia e Kosovo, como na Revoluções francesa ou bolchevique, em Angola, na Chechénia, no Cambodja como no Vietnam, as ditaduras de Ben Ali ou Mubarak, a intervenção unilateral de Cuba em Angola, em favor do MPLA", ao referires o "apoio logístico da CIA a Pinochet, a igualmente miserável invasão da Hungria pelos tanques soviéticos, o apoio ao ao Xá da Pérsia (Irão) e defender a vergonhosa Primavera de Praga, a Polónia, a Checoslováquia, a Roménia e Hungria, na Bulgária, RDA, Estónia, Letónia e Lituânia" juntando a tudo isso "a Ucrânia e as restantes repúblicas que constituíam a URSS", e ainda a acusação de "o apoio a um ditador corrupto", (Eduardo dos Santos), os exemplos da "China e na Coreia do Norte, os Direitos Humanos consignados na Carta da ONU que o bloco comunista não quiz aprovar", "o embargo a Cuba", legitimado pela luta da Liberdade contra a Opressão de Fidel", e perguntando no final "Quem vos deu o direito de se intitularem representantes da maioria?" e sabotar a economia capitalista portuguesa, fazendo tudo o que conduza à bancarrota?" revela, tudo isso uma baralhada de ideias, tal é o somatório de coisas, que inviabiliza, na prática, uma resposta séria.

      Refiro por último a acusação: "Aproveitas tudo, para fazer a tua propaganda, sem responder à argumentação e aos factos que comprovam a incoerência e a hipocrisia que aponto; desviando para discursos teóricos de carácter generalista e ignorando a essência dos meus comentários".
      Creio que esta acusação é só por si demonstrativa da incoerencia dos teus comentários, pois esses sim pretenderam aproveitar um assunto "SITUAÇÃO NA LÍBIA" para despejares um chorrilho de acusações anticomunistas, que impossibilita o debate sobre o tema em causa.
      Afinal o acusador faz o que acusa ser feito pelo acusado, aproveitando o meu texto.
      Certamente, qualquer pessoa de bom senso compreenderá a impossibilidade de em sede de Comentários de um blogue, responder a estas enormes confusões, para além do que já foi feito.
      Um abraço

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