No Jornal online do Barreiro vi publicado um artigo de Armando Teixeira sobre uma velha técnica, que muitos políticos no poder utilizam, infelizmente com sucesso, para convencer o povo.
Essa manobra consiste em propagar o boato que "vão ser precisas terríveis e duras duras medidas, para evitar o pior". Depois de todos convenientemente assustados, vêm o "político salvador" dizer que, conseguiu que as medidas, afinal, não sejam tão duras como isso.
Fica o povo aliviado e agradecido.
Em Portugal, essa manobra tem vindo a ser usada pelo governo em diversas situações. Algumas vezes de forma dissimulada. Por vezes o povo percebe e cria várias anedotas.
Há anos, quando ainda havia negociações para os contratos colectivos de trabalho, uns tempos antes da negociação o governo dizia: "Este ano o aumento não pode ser superior a 1%." A CGTP respondia, que isso é "um escândalo pois a inflação foi superior a 4%" e contrapunha 5%. A UGT, menos exigente, pedia 3%. A CGTP protesta pois isso é inferior à inflação. O Governo não cede e diz que a inflação prevista vai ser de 1%. Acende-se a discussão e a UGT baixa para 2.5%. O Governo dramatiza mais a situação e a CGTP convoca greves. O governo "num esforço de muito boa vontade", sobe o aumento para 2%. A UGT concorda e vem a público dizer que conseguiu uma grande vitória pois levou a que o Governo passasse de 1% para 2%.
Muitos dos trabalhadores, enganados, vão atrás da cantiga e dizem: Sim 2% de aumento já é mais razoável. Foi uma vitória pois o Governo queria apenas dar 1%.
Os 5%, que seriam os justos, dada a inflação verificada, foram varridos da memória das pessoas e nunca mais o jornais falaram disso.
As greves foram pouco participadas e, o Governo, discretamente, festeja a vitória com a UGT.
Armando Teixeira descreve esta técnica manipuladora aplicada ao recente acordo com o FMI. (para ver o artigo clique aqui). Neste caso a manipulação é mais requintada pois, o governo, criador da situação, pretende ser transformado no salvador da situação que criou.
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