19 de novembro de 2014

Ainda o Muro de Berlim e os Muros do mundo.

18 mil quilómetros de muros

Depois do que escrevi no poste do dia 11, volto a falar de muros.  

Hoje existem mais de 7,5 mil quilómetros de muros construídos pelo capitalismo para isolar países e povos. Muros físicos, bem sólidos, que fazem parte da política de exploração e subjugação de países e populações, à estratégia imperialista. Estão projetados e em construção mais de 10 mil quilómetros de outros muros todos construídos pelo capitalismo e nomeadamente pelos EUA, como o que acontece para isolar o México. Só esse tem 3.000 quilómetros. Quando todos os muros em construção estiverem acabados, e se entretanto o capitalismo não projetar novos, atingirão mais de 18 mil quilómetros. 

Os muros mais famosos

Deixando para outra ocasião os outros tipos de muros que o capitalismo usa para limitar a liberdade a quem lhes interessa, falemos apenas dos muros puros e duros. Os muros mais conhecidos são o que separam os EUA do México, o muro de Ceuta e Melilla, o muro da Cisjordânia e faixa de Gaza (construído pelo Governo de Israel que vai roubar mais 10% do território da Cisjordânia, que ficará dividida e isolada do resto do país), o muro da Irlanda do Norte (eufemisticamente "Linha de Paz"), o muro que divide as Coreias, O Muro da Arábia Saudita que atingirá 9.000 km e será o mais longa do mundo, altamente sofisticado com tecnologias de segurança, o muro de Chipre (Nicósia que divide a capital em duas partes, e tem 180 km.), o Wall Bagdad, construído pelo exército americano (iniciado em 2007) e tem 5 km., O Muro da Índia e do Paquistão com 2,9 mil quilómetros de arame farpado, o Muro Caxemira, o Wall Botswana e Zimbabwe com 500 km. de comprimento, o Muro Irão e Paquistão, o Muro da Tailândia e da Malásia, o Muro do Iraque e Kuwait, o Muro da Índia e Bangladesh com 4.000 km., o Muro Uzbequistão, eletrificado e minado que isola em parte o Afeganistão, o Muro Egito-Gaza e ainda outros como o do Rio de Janeiro para separar a cidade Olímpica das favelas.

Bloqueio. Muro à volta de Cuba.

Os EUA só não construíram um muro à volta de Cuba porque é uma ilha. Contudo sujeitam esse país a um bloqueio económico que infringe as leis internacionais e pela 23ª vez foi condenado na ONU por 188 países. Apenas Israel e EUA votaram contra.
Se há tantos muros, muitos deles maiores que o de Berlim, outros que criam situações dramáticas entre habitantes que estão isolados e até condenados à sede por cortes do abastecimento de água como é o caso de Gaza, porque é que só o de Berlim (com motivações que não vale a pena repetir) é que é citado? Da parte da propaganda e da censura controlada pelo imperialismo não admira. Admira sim que, democratas e pessoas que deveriam lutar por uma sociedade melhor, se coloquem do lado do imperialismo para, com ele, fazer coro contra o Muro de Berlim que deveriam saber, foi construído justamente para defesa do socialismo contra as permanentes guerras, conflitos, invasões e ingerências para criar dificuldades.

A derrota dos países socialistas

O imperialismo venceu e acabou por derrotar os países socialistas. Mas que aconteceu depois disso?
O Pacto de Varsóvia foi extinto. Mas a NATO logo estendeu os seus domínios e guerras a quase todo o mundo. O tratado de Lisboa consolidou esse expansionismo.
Os EUA e a Europa trataram de lançar as suas multinacionais aos novos mercados. Meia dúzia de grandes multimilionários dominaram o poder económico e o poder político. 
Lançaram o desemprego, a fome, a miséria com o nome de liberdade.
Vencida a resistência dos países socialistas, os EUA lançaram-se em novas guerras que destruíram países e mataram milhares de pessoas, civis, mulheres e crianças inocentes, para dominarem o Médio Oriente e as suas riquezas como o petróleo.
Fomentaram golpes militares e o terrorismo para derrubar governos legítimos substituindo-os por ditaduras dando apoio e abrindo o caminho ao fascismo declarado.

Da guerra fria para a guerra quente

O mundo passou da guerra fria para a guerra quente, violenta e assassina, sem controlo, à revelia da ONU e das leis internacionais.
Os EUA nunca respeitaram os direitos humanos, mas agora, de mãos livres a CIA (Agência Nacional de Inteligência) pratica os mais hediondos crimes e torturas, discricionariamente, em qualquer lugar do mundo capitalista. O orçamento da CIA, e militar, atinge verbas incalculáveis enquanto grande parte do povo americano vive com fome e na miséria (46,2 milhões).
Em 2013, o orçamento da CIA equivalia a mais de 52,6 mil milhões de dólares. 
A NSA (Agência Nacional de Segurança), cuja missão é interceptar todas as conversas telefónicas, e-mails e mensagens de rádio no planeta. gasta muito mais. 
Por sua vez a NRO (Serviço Nacional de Reconhecimento), gasta ainda mais do dobro destes valores.
Os serviços secretos do exército que tem também orçamentos equivalentes. Existem mais de 15 agências de inteligência dedicadas a áreas específicas, com mais de 107.000 funcionários que desestabilizam governos ou oposições, formam terroristas, para em seguida intervirem de acordo, exclusivamente, com os interesses dos EUA e do imperialismo.

Foi isto que a queda do Muro de Berlim facilitou. Festejem que o imperialismo e o fascismo, agradecem.


2 comentários:

  1. Bom artigo, dados interessantes.
    Faltou talvez dizer que o muro de Berlim foi construído pela RDA para impedir que a nova moeda da RFA, o marco, contaminasse o lado oriental da Alemanha. Ou pelo menos creio que esse foi o pretexto - corrija-me se estou errado...

    De todo o modo, embora tenha exercido um importante papel equilibrador no mundo, evitando por 4 décadas o domínio que se verifica após a queda do muro, com todas as consequências que bem refere, o bloco soviético não era socialista.

    Foi sim uma tentativa de construção de socialismo, com qualidades e defeitos, mas que não logrou realmente construir o tal "homem novo" - se assim fosse não se compreende a facilidade com que caiu, dando de imediato lugar a sociedades capitalistas, ainda por cima dum capitalismo algo mafioso. E tudo sem qualquer resistência séria por parte da população.

    Pode ver-se algum desenvolvimento deste tema no meu blogue: http://economia-e-sociedade.blogspot.com.br/2014/10/capitalismo-assistencialista-e-o.html.

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    1. A Alemanha, foi dividida por imposição da França, Inglaterra e EUA e contra a vontade da URSS que se opôs. O imperialismo através desses países, na parte ocidental da Alemanha conservaram em grande parte as estruturas hitlerianas, protegeram nazis e sobretudo os monopólios alemães (Krupp, Siemens, e outros) que financiaram o partido de Hitler e apoiaram económicamente o exército nazi. A divisão da Alemanha e a criação da RFA fez parte do plano de afrontamento dos países socialistas e da URSS, tal como agora está a acontecer com a criação de bases de misseis junto as fronteiras da Rússia e a utilização da Ucrania para esse fim. A URSS opos-se à divisão da Alemanha que desvirtuou os Acordos de Ialta e de Potsdam feitos em 1945. Dessa estratégia de confronto com os países socialistas, a quem se deveu a vitória da guerra contra o nazismo, foi também a criação da NATO, fundada nesse mesmo ano (1949). Só seis anos depois os países socialistas do Leste da Europa para sua defesa criaram o Tratado de Varsóvia em 1955 e depois da entrada da Republica Fedreal da Alemanha como ponta de lança da NATO.

      A construção do muro de Berlim em 1961, é consequencia da «guerra fria» – desencadeada pelo imperialismo e foi uma necessidade de defesa contra as permanentes provocações, violações de soberania da RDA, criação de conflitos, preparados em território da RFA contra a RDA e bem explícitos na estratégia de «contenção do comunismo» anunciada por HarryTruman, presidente americano.
      A RDA viveu anos de permanente insegurança em especial nas zonas de fronteira com a RFA.

      Não conheço justificações de situações de "para impedir que a nova moeda da RFA, o marco, contaminasse o lado oriental da Alemanha". Quanto ao socialismo na URSS e a construção do "homem novo", na minha opinião avolumaram-se erros em grande parte por falta de participação e vigilância dos trabalhadores, da classe operária. Contudo a construção do homem novo é coisa para se fazer em muitas gerações e em ambientes que nada têm a ver com a guerra fria e as tensões e confrontos permanentes com o capitalismo, na sua fase imperialista. O apelo a valores egoístas, à concorrência, ao salve-se quem puder, à corrupção como forma de conseguir elevar o poder pessoal, subir na vida calcando o próximo, ao consumismo, e a permanente intoxicação com os preconceitos e culturas retógradas mas que colhiam em muita gente e em especial nos jovens que não conheceram mo passado de luta, foi gerando as tensões que conhecemos.
      Vi o seu blogue, ainda não em profundidade, mas que me pareceu interessante. Vou passar a vê-lo com mais atenção.

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