16 de outubro de 2012

Uma explicação

Para não ter que fazer um desenho, aqui vai uma explicação, simplificada, do negócio dos bancos


Como todos sabemos o dinheiro não se evapora. Se não está nos bolsos dos trabalhadores, que produzem e criam a riqueza, está nos cofres de alguns.
Os trabalhadores produzem. Recebem no salário uma pequena parte do valor que produzem. Do que lhes resta o Estado cobra em impostos uma outra parte significativa.
Esses impostos deveriam ser para pagar os serviços que o Estado (todos nós) precisamos, Saúde Educação, Segurança, etc.
Contudo esse dinheiro vai na maioria para os bancos. Como?
Simplificando:
O Estado pede financiamentos aos bancos privados.
Os "intermediários"
Os Bancos que se servem do dinheiro dos depositantes, emprestam-no a juros elevados. Quando o dinheiro não chega os bancos vão ao Banco Central Europeu (BCE) buscar o dinheiro que lá está e que também é de todos nós. Das transacções de bens produzidos entre a Europa e os países.
O  BCE não empresta o dinheiro aos países que lá o puseram. Empresta-o aos bancos (privados) a juros de 0.75% (menos de 1%). Então os bancos com esse dinheiro que é nosso, emprestam-no aos estados (a todos nós) a juros que atingem por vezes os 10% ou 20% como é o caso da Grécia.
1.000% de lucro, com o dinheiro dos outros
Isto significa que se Portugal precisa de 100.000 Milhões de euros e o vai buscar aos bancos privados, vai ter que pagar os 100.000 Milhões mais os juros que podem ser da ordem dos 10.000 milhões por ano.
Os bancos privados pagam de juros ao BCE cerca de 750 milhões de euros (0.75%) e ficam a lucrar cerca de 9.250 Milhões por ano. Tudo isto com o dinheiro que é produzido por todos nós. Os que trabalham e produzem.
Quer dizer que se Portugal não tem dinheiro e precisa de o pedir emprestado, vai buscar aos trabalhadores (que já só ficaram com uma ínfima parte do que produziram), o dinheiro para pagar aos bancos privados. Trata-se de um claro roubo mascarado de complexa transferência de dinheiro de quem produz para os que nada produzem.
Marx, desmascarou o sistema
Foi esta mecânica que Marx bem demonstrou nos seus trabalhos em especial em “O Capital”. É isto que os grandes capitalistas escondem, dizendo que tem que ser assim. Dizem eles que não há alternativas. Mas bem sabemos que há.
Se os bancos fossem nacionalizados, estes lucros agiotas, ou não existiam e os trabalhadores pagavam menos, ou, se existissem, serviam para o Estado amortizar a dívida que o sistema capitalista criou.
Se o Banco Central Europeu (BCE), que tem o dinheiro ganho com que os trabalhadores produziram, emprestasse directamente ao estado, estes 9.250 Milhões de euros por ano que vamos ter que pagar (neste exemplo simplificado) não teriam que ser pagos - e os bancos privados nada tinham que ganhar com isso.
Roubar até poderem
Este é o negócio do século, que o grande capital financeiro não quer perder. Por isso, antes que o capitalismo acabe - e todo o sistema passe a ser directamente gerido pelos trabalhadores que tudo produzem - eles tentam sacar tanto quanto podem e, quem vier atrás, que feche a porta.
A CGTP foi directa ao cerne do negócio do capitalismo internacional gerido pela troika e, no conjunto de propostas alternativas a esta política, apresentou valores concretos, que têm em conta a realidade dos juros que estamos a pagar:
Uma das propostas
“Exigimos que o Governo português, em conjunto com outros, exija a revisão do Regulamento do BCE, para que este passe a financiar directamente os Estados a 0,75%, tal como hoje faz ao sector financeiro.
Num quadro em que em 2012, os juros da dívida atingem os 7,5 mil milhões de euros, a concretização desta medida levaria a que Portugal pagasse apenas 3 mil milhões de euros, poupando mais de 4.500 milhões de euros”.

Estes 4.500 milhões de euros poderiam ter sido poupados em 2012. Podemos imaginar à medida que os juros sobre juros vão aumentando, quanto estamos a dar, de mão beijada, aos bancos.

O dinheiro que sai de um lado vai para o outro
No fim de contas como a matemática não é uma batata, estamos a dar aos bancos quase tudo o que nos roubam. As migalhas ficam para os "lacaios" da troika interna, que mantêm esta política a funcionar.
As outras propostas da CGTP podem ser vistas aqui http://www.cgtp.pt/ 

2 comentários:

  1. O que eu costumo chamar de "crochet financeiro". Partilho!

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  2. Assim destas muitos nós. Daqueles em que nos enrolam. Quando os homens se põem a pensar... o mundo pula e avança.
    Este é um primeiro comentário...

    Com um abraço

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