Como todos sabemos o dinheiro
não se evapora. Se não está nos bolsos dos trabalhadores, que produzem e criam
a riqueza, está nos cofres de alguns.
Os trabalhadores produzem.
Recebem no salário uma pequena parte do valor que produzem. Do que lhes resta o
Estado cobra em impostos uma outra parte significativa.
Esses impostos deveriam ser
para pagar os serviços que o Estado (todos nós) precisamos, Saúde Educação, Segurança, etc.
Contudo esse dinheiro vai na
maioria para os bancos. Como?
Simplificando:
O Estado pede financiamentos
aos bancos privados.
Os "intermediários"
Os Bancos que se servem do
dinheiro dos depositantes, emprestam-no a juros elevados. Quando o dinheiro não
chega os bancos vão ao Banco Central Europeu (BCE) buscar o dinheiro que lá
está e que também é de todos nós. Das transacções de bens produzidos entre a Europa e os países.
O BCE não empresta o dinheiro aos países que lá
o puseram. Empresta-o aos bancos (privados) a juros de 0.75% (menos de 1%). Então os
bancos com esse dinheiro que é nosso, emprestam-no aos estados (a todos nós) a
juros que atingem por vezes os 10% ou 20% como é o caso da Grécia.
1.000% de lucro, com o dinheiro dos outros
Isto significa que se Portugal
precisa de 100.000 Milhões de euros e o vai buscar aos bancos privados, vai ter
que pagar os 100.000 Milhões mais os juros que podem ser da ordem dos 10.000
milhões por ano.
Os bancos privados pagam de
juros ao BCE cerca de 750 milhões de euros (0.75%) e ficam a lucrar cerca de 9.250
Milhões por ano. Tudo isto com o dinheiro que é produzido por todos nós. Os que
trabalham e produzem.
Quer dizer que se Portugal não
tem dinheiro e precisa de o pedir emprestado, vai buscar aos trabalhadores (que
já só ficaram com uma ínfima parte do que produziram), o dinheiro para pagar aos
bancos privados. Trata-se de um claro roubo mascarado de complexa transferência
de dinheiro de quem produz para os que nada produzem.
Marx, desmascarou o sistema
Foi esta mecânica que Marx bem
demonstrou nos seus trabalhos em especial em “O Capital”. É isto que os grandes
capitalistas escondem, dizendo que tem que ser assim. Dizem eles que não há
alternativas. Mas bem sabemos que há.
Se os bancos fossem
nacionalizados, estes lucros agiotas, ou não existiam e os trabalhadores pagavam
menos, ou, se existissem, serviam para o Estado amortizar a dívida que o sistema capitalista criou.
Se o Banco Central Europeu (BCE), que tem o dinheiro ganho com que os trabalhadores produziram, emprestasse
directamente ao estado, estes 9.250 Milhões de euros por ano que vamos ter que pagar (neste
exemplo simplificado) não teriam que ser pagos - e os bancos privados nada tinham que ganhar com isso.
Roubar até poderem
Este é o negócio do século, que
o grande capital financeiro não quer perder. Por isso, antes que o capitalismo
acabe - e todo o sistema passe a ser directamente gerido pelos trabalhadores que
tudo produzem - eles tentam sacar tanto quanto podem e, quem vier atrás, que feche a
porta.
A CGTP foi directa ao cerne do
negócio do capitalismo internacional gerido pela troika e, no conjunto de
propostas alternativas a esta política, apresentou valores concretos, que têm em
conta a realidade dos juros que estamos a pagar:
Uma das propostas
“Exigimos que o Governo português, em conjunto com outros, exija a
revisão do Regulamento do BCE, para que este passe a financiar directamente os
Estados a 0,75%, tal como hoje faz ao sector financeiro.
Num
quadro em que em 2012, os juros da dívida atingem os 7,5 mil milhões de euros,
a concretização desta medida levaria a que Portugal pagasse apenas 3 mil
milhões de euros, poupando mais de 4.500 milhões de euros”.
Estes 4.500 milhões
de euros poderiam ter sido poupados em 2012. Podemos imaginar à medida que os
juros sobre juros vão aumentando, quanto estamos a dar, de mão beijada, aos
bancos.
O dinheiro que sai de um lado vai para o outro
No fim de contas como a matemática não é uma batata, estamos a dar aos bancos quase tudo o que nos roubam. As migalhas ficam para os "lacaios" da troika interna, que mantêm esta política a funcionar.
As outras propostas da CGTP podem ser vistas aqui http://www.cgtp.pt/
O que eu costumo chamar de "crochet financeiro". Partilho!
ResponderEliminarAssim destas muitos nós. Daqueles em que nos enrolam. Quando os homens se põem a pensar... o mundo pula e avança.
ResponderEliminarEste é um primeiro comentário...
Com um abraço