14 de maio de 2012

Política, atos e atores


Quem são os executantes da política de direita?

A política de direita é caraterizada pela defesa de interesses da classe exploradora. Muitos dos atores desta política, para além da defesa dos interesse da sua classe, aproveiem o balanço e, por extensão, defendem-se a si próprios como representantes da burguesia.


Mulher de César pode ser... E parecer? Poderá?


Os exemplos têm sido muitos. Consta que Salazar dizia aos amigos que não tolerava corrupção que fosse conhecida publicamente. 
De facto nesses tempos, a corrupção era menos "democrática" e não era para todos. Salazar conhecia todos os esquemas e os corruptos mas, quando algum dos membros do governo a fazia "mal feita" e era públicamente descoberto, Salazar, de imediato, o demitia e arranjava-lhe um lugar de Administrador bem remunerado mas fora das vistas públicas. 


Hoje não existem tantas preocupações com as aparências. Hoje a mulher de César pode ser e pode parecer. Estamos em "democracia", dizem eles.


Duarte Lima, um exemplo entre muitos


Desde os anos 80 que Duarte Lima está envolto em negócios e "esquemas".
Em 1981, Ângelo Correia, ministro da Administração Interna, (o tal da Revolução dos Pregos), descobriu a habilidade e coêrencia política de Duarte Lima e nomeou-o seu assessor político. A política de direita do PSD saiu reforçada.


Em 1983 foi eleito Deputado do PSD onde se manteve, sempre a subir, até ser  Presidente do Grupo Parlamentar do PSD em 1991. Nessa altura devido ao seu brilhante perfil e apoio de Cavaco Silva, seu grande amigo, foi nomeado vice-presidente da Comissão Política Nacional do PSD.


Qualidades comprovadas


Devido ao reconhecimento dos seus méritos, o PSD, em 1998 elegeu-o Presidente da Comissão Política Distrital de Lisboa do PSD, vencendo Passos Coelho e Pacheco Pereira.


Duarte Lima foi enriquecendo rapidamente. Apesar dos rendimentos inexplicados e de aparentes esquemas para esconder o património, nunca foi acusado pela Justiça. A direita sabe o que faz e faz as leis que defendam a classe (apesar de minoritária). É assim a nossa "democracia".


O enriquecimento ilícito


Em 1987 o deputado do PSD, compra um andar de luxo no edifício Via Venetto, na avenida João XXI. Nunca se soube ao certo o valor real. O advogado não celebrou o contrato de compra e venda e, aproveitando um
"buraco" na lei, também não pagou o imposto de sisa. 


Não declarou os rendimentos e o património ao Tribunal Constitucional em 1991. "Esqueceu-se" do Via Venetto.


É por isso que PS, PSD e CDS-PP sempre rejeitaram as propostas de lei do PCP para criminalizar o enriquecimento ilícito e a corrupção.


Soma e segue


Em 1993, mudou-se para um edifício, do mesmo construtor. Os dois apartamentos do Edifício Valmor foram avaliados em cerca de 230 mil contos. Duarte Lima declarou 45 mil contos.


Entre 1993 e 1994, Lima comprou seis terrenos em Nafarros, Sintra, juntando-os numa única propriedade de três hectares. As escrituras referiam 31 mil contos, mas, segundo "O Independente", terão sido gastos 141.500 contos. 


Com o cartão de crédito da Assembleia da República sem limite de gastos Duarte Lima só terá conseguido justificar um terço dos gastos feitos.



Ao fisco devia 800 contos de IVA


Foi apurado que, entre 1986 e 1994, recebeu um
milhão de contos em depósitos (750 mil em cash), valor muito superior ao declarado às finanças (entre 1987 e 1995 declarou 180 mil contos). 


Entre 2002 e 2003, construiu uma mansão na Quinta do Lago, que registou em nome de uma offshore com o valor de 5,8 milhões. Essa casa está agora à venda por 10 milhões.


Fiel cliente do BPN


Desde 2002 tem vindo a contrair empréstimos no BPN, mantendo uma relação próxima com o banqueiro Oliveira Costa. 


Na sua condição de deputado, não incluiu a casa da Quinta do Lago e os créditos no BPN nas declarações de rendimentos entregues em 2002, 2005 e 2009. 


E o resto, o que falta apurar e o que foi apurado no Brasil, daria para um filme onde se juntariam muitos outros personagens da "família". É nesta gente e nesta política que os eleitores "enganados" desde Felgueiras a Isaltinos passando por Linos, Portas e janelas...

2 comentários:

  1. Nada é novidade
    a novidade é a aceitação passiva
    os braços caídos
    os gritos omissos
    a complacência
    a falta da justiça
    que nem tem lei, nem jurisprudência

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    1. Sim Rogério, nada é novidade nem o facto de muitos trabalhadores continuarem a julgar que é a direita que defende os seus interesses.
      Por isso a passividade, os braços caídos à espera de um milagre que lhes resolva os problemas. Para muitos o que estão a sofrer é um castigo divino, uma doença, uma peste que contraímos, uma tempestade da natureza. A noção de que a luta de classes está presente desde que o homem passou a explorar outros homens, é, essa sim uma novidade que a consciência trará a cada vez mais trabalhadores. Então, a novidade será os trabalhadores construírem uma nova sociedade com novas leis, com o homem novo.

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