Manual do trabalhador flexível
A Flexibilidade é como uma Deusa ao serviço do Deus Lucro.
A flexibilidade é o "objectivo" do trabalhador para servir o lucro objectivo do capitalista.
É desta complementaridade de objetivos que nasce a paz social.
Desde a antiguidade que se reconhece a Deusa "flexibilidade do trabalhador" e se enaltece a rigidez do Deus austeridade cujo fruto é o Lucro.
A explicação vem da Grécia.
Da flexibilidade de Hera e austeridade de Zeus nasceu o lucro Dionísio gasto em grandes farras.
Também em Portugal, brandos costumes, sempre se abrigaram em mentes e corpos brandos, flexíveis, que se deixam vergar bem, que se ajustam às cargas, ao peso de qualquer afronta.
A flexibilidade treina-se. Exercita-se.
Aos poucos, o corpo e a mente nem dão por isso
Todos os dias se carrega um pouco mais no trabalhador.
Primeiro 200 quilos de vexames.
Ao fim de alguns dias já o trabalhador aguenta os 500 quilos de injustiças.
Uns meses depois já não repara quando a carga aumenta para os 800 quilos mais algumas percas de ordenado.
Alguns dias antes do termo do contrato o trabalhador, que o quer ver renovado, para alcançar os objectivos da flexibilidade total, está apto para carregar uma tonelada de injustiças, de humilhações e trabalho não pago.
Contudo há que prevenir efeitos perversos que poderão provocar danos colaterais. O fortalecimento dos músculos e do cérebro podem provocar uma consciência que induza a rebeldia e o regresso à posição rígida e vertical do trabalhador.
Salvo essas situações, que exigem a interrupção dos exercícios de flexibilização, a crescente carga física e psicológica é benéfica para a conservação e habituação a esta sociedade de paz e de brandos costumes.
Também os trabalhadores beneficiam de uma vida mais pacata e sem chatices, próprias de quem não se submete a estes tratamentos e anda sempre revoltado. Com a flexibilização, os trabalhadores ficam mais calmos, mais brandos, mais maleáveis e os seus costumes também.
A posição de curvatura dorsal, facilita a vénia aos superiores uma vez que passa a ser a posição natural adquirida. O respeito aos superiores é permanente pela habituação da cabeça baixa.
Como complemento destes exercícios recomenda-se que as deslocações de casa para o trabalho e vice versa sejam feitas numa marcha agachada com a cintura tão baixa quanto possível e as pernas fletidas. O olhar para o chão evita tropeções e tentações de ver coisas que não convêm. Em casa o descanso faz-se a ver televisão.
Boa flexibilidade!
Não falas dos acocorados
ResponderEliminarNem dos que não se deixam ser enganados e lutam.
O resto está bem dito, claramente escrito!!!
(não sei se lá em minha casa a tua argumentação não irá ser útil à discussão...)