Logo após a vitória dos povos sobre o nazi-fascismo, em 10
de Novembro de 1945, a Conferência Mundial da Juventude, reunida em Londres,
fundava a Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD), representando mais
de 30 milhões de jovens de 63 países de todo o mundo.
Nesse momento foi adoptado um pacto de comprometimento de
luta pela paz e pela erradicação de qualquer traço de fascismo da face da
terra, bem como de união da juventude progressista e anti-imperialista do
mundo. Adoptou-se o dia 28 de Março como Dia Mundial da Juventude.
Juventude que sabe o que quer ..
A juventude portuguesa, mesmo sob as difíceis condições do
fascismo, aderiu entusiasticamente aos objectivos de luta no mundo e contra o
fascismo em Portugal.
Em 28 de Março de 1947, milhares de jovens participaram no
acampamento organizado pelo MUD Juvenil em São Pedro de Moel. Exigiram
democracia e liberdade e tiveram como resposta a violência, a repressão e a
prisão.
Em 1949, lutaram contra a criação da NATO, organização de
que Portugal fascista foi membro fundador. Em Fevereiro de 1952 os jovens e os estudantes do Ensino
Superior por ocasião de uma reunião do Conselho da NATO em Lisboa, promoveram
fortes manifestações de protesto, lutando igualmente pelo pão, pela paz e
contra às armas nucleares.
Abril de 1974
Os Jovens tiveram um papel de extraordinária importância no
25 de Abrils de 1974. Quer os Jovens militares quer os muitos milhares que
invadiram as ruas em apoio à Revolução. Tiveram papeis de grande significado
nas Campanhas de Alfabetização em todo o país rural, no apoio aos trabalhadores
agrícolas e à Reforma Agrária.
Recordemos ainda a Interjovem, estrutura dos jovens
trabalhadores da CGTP-IN, que herdou os princípios da defesa e prática de um
sindicalismo de classe e onde os jovens encontraram uma forma de se organizar e
lutar em defesa dos trabalhadores.
Bons tempos para alguns e difíceis para a maioria
Hoje a Juventude enfrenta outras, igualmente duras, formas
de ditadura. Os Jovens não são presos, mas impedidos de ter uma vida com
direitos. São discriminados no ensino pelos custos que hoje são exigidos a quem
quer estudar. Acabam os seus cursos, para muitos com grandes sacrifícios e,
depois, não têm emprego. Quando conseguem algum trabalho são sujeitos às
arbitrariedades que o Governo permite aos patrões. Baixos salários, horários
que variam conforme o que cada chefe entende. Apesar da juventude representar
uma força social de desenvolvimento e progresso, o país não a aproveita. O
desemprego nos jovens atinge cerca de 30% o que significa que em cada três
jovens um está desaproveitado, com custos elevados para eles e suas famílias.
Os Jovens hoje, estão sujeitos a outras formas de repressão
e de ditadura de classe. Não a mesma do fascismo, mais disfarçada, por vezes
subtil, mas igualmente dura em especial do ponto de vista psicológico.
Vingança contra o 25 de Abril
Os Governos de direita, do PS, PSD e CDS, ora uns ora
outros, permanecem há 36 anos a destruir, nos planos económico, social e
cultural, o projecto de sociedade afirmado pelo 25 de Abril de 1974 e presente
na Constituição da República Portuguesa.
Os problemas da Juventude para além dos problemas que afetam
todos os portugueses, são acentuados pelas políticas do ensino, do trabalho, da
saúde, de combate à toxicodependência, da segurança social, da cultura, do
desporto, da habitação.
O respeito da Constituição da República, exige:
- o direito ao emprego, à educação pública, gratuita e de
qualidade, à saúde, à habitação, à sexualidade assumida e responsável,
inerentes à juventude;
- o salários iguais para trabalho igual e não discriminação
salarial para os jovens;
- o direito ao pleno emprego, estável e com direitos;
- a abolição do trabalho precário e de contratos de trabalho
temporários;
- o ensino público gratuito e de qualidade, acessível a
todos, a valorização das condições materiais e humanas, o fim das propinas, a
acção social escolar, a participação democrática dos estudantes na vida das
escolas.
Jovens Estudantes
Jovens Estudantes
Os Jovens Estudantes lutam contra a crescente degradação da
escola pública.
Mais de 40% dos jovens abandonam a escola sem completar o
ensino obrigatório. Como eles têm dito "não são os jovens que abandonam o
ensino, mas o ensino que abandona os jovens".
Os que conseguem prosseguir, mais por capacidade financeira
do que por capacidade intelectual, enfrentam a degradação do ensino superior,
das condições de estudo, das propinas, da Acção Social Escolar, a fúria da
privatização das residências e cantinas. Hoje é deprimente a falta de resposta
do ensino para as necessidades técnicas
e cientificas do país.
Jovens Trabalhadores
Jovens Trabalhadores
Os Jovens Trabalhadores foram apanhados por uma política de
destruição dos direitos dos trabalhadores, pela generalização da precariedade,
do trabalho temporário, do contrato individual de trabalho, dos baixos
salários, do aumento dos ritmos de trabalho, do aumento e desregulação dos
horários de trabalho.
O desemprego, as condições de trabalho e a política de
direita que incentiva os jovens a abandonar o país, são responsáveis pelo
ressurgimento da enorme emigração juvenil. São hoje muitos milhares os jovens
que abandonam o nosso país em busca de melhores condições de vida. Jovens com
poucas qualificações mas principalmente jovens altamente qualificados, nos
quais o país investiu, são hoje convidados a saír de uma pretensa "zona de
conforto". É revoltante como esta política falseia as realidades, chamando
"zona de conforto" ao que se passa em Portugal e que sub-repticiamente
difunde a ideia de que os Jovens, aqui estão bem e não querem trabalhar.
Este dia Nacional e Mundial da Juventude é ocasião para
sublinhar a capacidade transformadora da juventude portuguesa, a sua
inteligência, combatividade e criatividade, para defender os valores do
Portugal de Abril e para substituir esta política de direita que maltrata a
maioria dos portugueses.
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ResponderEliminarpartilhado no fb!
ResponderEliminarAntes do 25 de Abril 74 havia sido criado o M.J.T., Movimento da Juventude Trabalhadora, com largas dezenas de participantes por todo o pais, no verão de 1973, realizou-se um picnique, um encontro melhor dito, na zona de Torres Vedras, o qual foi interropido pela legião Portuguesa, GNR. Pide, sei lá,ficaram completamente cercados e obrigados a identificarem-se.Apesar do aparto ninguém foi preso. Muito recentemente, em entrevista ao Canal Q, Miguel Portas (que participou no encontro, embora ainda muito jovem, falou do acontecimento).
Natercia Pedroso
Obrigado, Natércia por relembrares momentos históricos da luta da Juventude portuguesa.
EliminarCertamente que os jovens de hoje continuarão a luta das gerações anteriores para que os seus filhos possam ter uma vida melhor. Como dizem os Homens da Luta, lutar é alegria por sentirmos que participamos na construção de um mundo melhor. Os jovens que lutaram por causas justas, sentem a alegria de também serem suas as conquistas alcançadas no progresso civilizacional e é com orgulho que relembram as lutas que travaram.