16 de março de 2012

Corrupção em Portugal (4)


O exemplo da Argentina

Falei da Islândia, país da União Europeia, e agora vou referir uma outra situação com a qual devemos também aprender, para não cairmos nas patranhas que os políticos da direita no Governo e os comentadores contratados para abanar a cabeça (num movimento vertical de baixo para cima e de cima para baixo), vão dizendo.

Para não ter que inventar o que já está inventado, adaptei o escrito (aqui), com a devida vénia.

- O Leitor pensa que as receitas do FMI e das Troikas são a única possibilidade para sair da crise?
- O Leitor pensa que, não aceitar o que quer a Troika, significa a exclusão dos mercados?
- O Leitor acha que a solução está num Estado mais pobre, nos cortes dos serviços sociais?
- O Leitor julga que devemos fazer tudo o que os bancos querem, porque eles é que têm o dinheiro?
- O Leitor pensa que certas coisas funcionam só na Islândia porque é pequena e tem vulcões?
- O Leitor acha a recessão e "austeridade" um mal necessário?
- O Leitor acredita que não há Alternativa?
Mas porque é que o Leitor pensa coisas destas?
  
Vejamos o que nos escondem a Televisão e Jornais:
  
Argentina: depressão, rebelião, retoma

Entre 1998 e 2002, a Argentina enfrentou a pior crise económica da sua história.

A economia mergulhou numa recessão e numa depressão em larga escala. 
O desemprego tinha ultrapassado os 25%.
  
Viam-se dezenas de milhares de profissionais da classe média em fila para o pão ou uma sopa, a pouca distância do palácio presidencial. 
Centenas de milhares de trabalhadores desempregados, os "piqueteros", bloqueavam as estradas principais e alguns assaltavam os comboios carregados de animais e grãos que iam para o estrangeiro. 
O País fortemente endividado e as pessoas profundamente empobrecidas. 
O descontentamento popular estava à beira de provocar uma revolução.
  
O Presidente Fernando De La Rua foi deposto em 2001. 
Até ao final de 2002, centenas de fábricas falidas foram ocupadas e geridas pelos trabalhadores.
  
A Argentina estava, impossibilitada a  pagar a dívida contraída e os elevados juros exigidos.
  
No início de 2003, Nestor Kirchner foi eleito Presidente no meio da crise. Começou por rejeitar as pressões externas que pretendiam o pagamento da dívida e a austeridade.  
Ao contrário das pressões do "mercados" e do FMI, Kirchner inaugurou uma série de programas de emergência para o sector público. Autorizou o pagamento de um subsídio para os trabalhadores desempregados (150 pesos por mês) para atender as necessidades básicas de cerca de metade da força-trabalho. 


Argentina: a crise antes, o crescimento depois

As vitórias eleitorais de Kirchner e Fernandez foram o reflexo do "estado social capitalista" que após 30 anos de exploração neoliberal e regimes servos dos americanos, e do FMI, deixaram o país na miséria.
  
Kirchner/Fernandez declararam a impossibilidade de pagamento da dívida. Contrapôs-se uma moratória, nacionalizaram-se os fundos de pensões e muitas empresas anteriormente privatizadas. Assim o Estado pôde expandir os investimentos públicos e favorecer o consumo, com a intenção de conseguir a recuperação económica. Uma vez livre do FMI, a Argentina passou duma fase de recessão para um crescimento do PIB de 8%. 


Comparações

A economia argentina cresceu cerca de 90% entre 2003 e 2011.
A recuperação tem sido acompanhada por programas vocacionados para a redução da pobreza. A percentagem dos Argentinos que vivem abaixo da linha da pobreza desceu de 50% em 2001 para menos de 15% em 2011. Em contraste, a pobreza nos Estados Unidos, aumentou de 12% para 17% na mesma década e continua a subir. 
  
Os Estados Unidos tornaram-se o País com a maior desigualdade na área da OCDE, com 1% da população que detém 40% da riqueza nacional. 
As desigualdades na Argentina foram reduzidas para metade.
  
Na Argentina, os níveis de rendimento das pessoas empregadas aumentaram 50% na última década, enquanto nos EUA caíram cerca de 10%. 
  
Na Argentina o protesto das massas populares obrigou a um repúdio da dívida, ao abandono das medidas do FMI e a um maior cuidado com as faixas sociais mais desfavorecidas.
Nos Estados Unidos os eleitores votaram num Presidente ao serviço de Wall Street. 
Os resultados estão à vista!


Os Profetas da "Austeridade" e da desgraça.

O rumo seguido pela Argentina, foi ao contrário de todas as "recomendações" do FMI (e Troikas), dos gurus financeiros e dos apoiantes políticos deles, os comentadores de serviço na Televisão.
  
A imprensa económica já tinha profetizado uma Argentina fora dos mercados financeiros e económicos (segundo a equação: Não pagas a tua dívida? = Ninguém vai vender-te mais nada), contudo o que sucedeu foi exactamente o contrário




Conclusão: 
O FMI e as Troikas, são incompetentes? Não! Eles são é oportunistas exploradores que ganham o dinheiro dos povos com os juros do que emprestam. Por isso, interessa-lhes que os países estejam dependentes deles para terem que pedir dinheiro emprestado. Ora, um país que se desenvolva, não precisa de recorrer aos pedidos de "ajuda" e eles perdem o "cliente" e perdem os elevados juros que ganham.
Os políticos que nos amarraram à Troika, PS, PSD e CDS, perdem "os favores e as benesses" dos seus financiadores, os bancos e banqueiros. 
Só não vê quem não quer.

2 comentários:

  1. Só não vê quem não quer?! Mas se as pessoas só vêm televisão e a televisão não diz nada - vá-se lá saber porquê - como é que as pessoas vão acordar? é esse o nosso espaço natural: dizer o que os outros escondem!
    Um abraço com cês

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    1. Tentemos que as pessoas compreendam o que vêm na televisão sem aceitar como verdades tudo o que ouvem e veem.
      Um abraço para vossa Magestade

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