Uma consulta ao povo, num problema vital para o país, parece ter desorientado as "democracias". Ninguem esperava que uma decisão dos que mandam na Europa, pudesse ser referendada.
A história não é nova. Já o Presidente da República da Islândia exigiu que o povo se pronunciasse sobre o plano do governo para pagar a dívida desse país. Nessa altura isso foi "abafado" pois constituia um mau exemplo.
O que é certo é que as crises e as medidas de austeridade têm sido tratadas sem a participação popular.
Não tem sido explicada a origem destas crises e, muito menos, as alternativas para as superar.
As vozes que o tentam fazer, têm sido abafadas e as televisões e jornais quase não lhes dão "tempo de antena".
Temos que exigir conhecer a origem da crise.
Queremos saber quem são os responsáveis.
Exigimos saber para onde está a ir o dinheiro das tais "ajudas", com juros especulativos, que se pagam aos bancos.
É evidente que não é com a política que provocou a crise que vamos sair dela.
Na Grécia, o Governo parece ter chegado à conclusão, após as medidas impostas pela cimeira, que as "ajudas" que a Europa está a dar, nada resolvem e, pelo contrário, tornam mais difícil a recuperação e o país cada vez mais dependente.
Em Portugal a situação é semelhante. Com as medidas das troikas o país está a afundar-se.
Não é com emprestimos a 20% que vamos saír da crise.
Não é a pagar as dívidas que os bancos criaram que desenvolvemos a economia.
Não é a vender ao desbarato as empresas públicas que o Estado pode controlar o crescimento.
Não é a aumentar o tempo de trabalho e o desemprego e a reduzir os salários que se aumenta a produtividade.
Claro que, aos banqueiros e às actividades especulativas, que nada produzem, não convem alterar o rumo das coisas. É com as "ajudas" e os juros que eles ganham. A crise, para eles, não tem dado grandes prejuizos, pelo contrário. Por isso lhes convém não desestabilizar este negócio.
O pior que lhes poderia acontecer era o povo fiscalizar esta política.
Um referendo, apesar de um ato isolado, é uma ação fiscalizadora que não pode ser permitido, nestas "democracias" em que o povo apenas serve para votar (depois de bem enganado).
É certo que também se pode enganar o povo com um referendo. Mas é um risco e, sobretudo, um mau exemplo que pode "contaminar" outros povos.
Segundo esses interesses, a estabilidade é deixar os bancos, os "mercados", decidir e o povo limitar-se a pagar.
Por isso, a decisão do Governo grego foi uma pedra neste charco (tranquilo) da Europa dos bancos.
Sem comentários:
Enviar um comentário