No blog Pedras Rolantes, Venerando de Matos mostra, com alguns exemplos, como a comunicação dita "social" (não) trata os assuntos que realmente são importantes para a sociedade. É um assunto que me indigna e que tenho referido muitas vezes.
Venerando de Matos aponta que "Em Espanha, uma greve geral de professores em defesa do ensino público, entra no segundo dia e anima o debate público no país vizinho". Do lado de cá da fronteira é bom que nada se saiba não vão os nossos professores lembrar-se da forma como eles e o ensino são tratados.
Diz também que, "Em Nova Iorque algumas centenas de jovens, imitando o movimento dos “indignados” assentam arraiais há vários dias em Wall Street". Maus exemplos que não devem ser revelados para, em Portugal, não acordar os adormecidos.
Matos lamenta que "mil e um pequenos e grandes acontecimentos que descobrimos na imprensa internacional aqui na net, que nem sequer são comentados na comunicação social portuguesa ...". Diria eu que não é por razões de espaço, pois também a nossa Comunicação dita Social, impinge-nos mil e um pequenos e grandes acontecimentos e futilidades para nos "distrair" do que é de facto importante. Há dias dei o exemplo da notícia muito difundida em Portugal de que os preservativos chineses são demasiado pequenos para os sul africanos.

O texto do Blog Pedras Rolantes conclui que "Os três canais informativos por cabo chegam a dar, ao mesmo tempo, a mesma conferência de imprensa, a discussão sobre o mesmo tema e muitas vezes, são os mesmos comentadores, todos a pensar da mesma maneira, apenas com ligeiras nuances para dar algum colorido à coisa".
Diz ainda que, "Em vez de reportagem, temos cada vez mais comentário, em vez de debate pluralista, temos cada vez mais “especialistas” de tudo e coisa nenhuma que, no essencial , pensam da mesma maneira, em vez de diversidade, o domínio do pensamento único…"
Não é por acaso, que o pensamento único que domina o país há 35 anos, tenta repetir e aproveitar o pensamento único que formatou os cérebros de muitos portugueses nos 48 anos da salazarenta ditadura. Agora o poder da direita instalada apoia-se nessas ideias, na submissão aos que mandam, na aceitação da intromissão da igreja na política, no anticomunismo, nos preconceitos difundidos de que a política é para os políticos, de que são todos iguais, de que assim foi sempre e sempre continuará a ser, que cada um "amanha-se", etc. etc.
Para garantir essa continuidade, para que os eleitores não despertem para outras soluções, para outras políticas, para outros modelos de sociedade,"Os mesmos ex-ministros que conduziram o país aos descalabro são ouvidos por tudo e por nada sobre a crise, e ainda têm o descaramento de darem a sua opinião e conselhos, e desta ser respeitada pelos jornalistas, sem recurso ao contraditório...".
"E quando não há “casos” para debater, inventam-se, forçando declarações ou distorcendo interpretações..." distraindo para futilidades, fazendo o apelo ao egoismo e ao individualismo do "salve-se quem puder", à lei do mais forte, e para terminar como termina Venerando de Matos, "…e é assim que se vai fazendo jornalismo em Portugal…".
Pode este "jornalismo" atrasar o progresso da sociedade mas, tal como acabou o esclavagismo, como acabou o feudalismo, acabará este modelo explorador, injusto, de sociedade capitalista.
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