Depois do veto americano à resolução aprovada por 14 dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU, o secretário-geral do comité executivo da Organização de Libertação da Palestina (OLP), manifestou a sua indignação e diz que vai recorrer à Assembleia Geral das Nações Unidas para que ela adopte uma resolução condenando a colonização e afirmando o seu carácter ilegal. Acrescentou, que "o veto americano não nos impedirá de nos dirigirmos às instituições internacionais e não inibirá a nossa vontade de luta pela independência".
A decisão arbitrária e escandalosa dos EUA contra o povo palestiniano tem sido comentada internacionalmente.
A diplomacia norte-americana, com este veto, está a ser fortemente abalada. Apesar das promessas de Obama, mais uma vez, os EUA mostram a sua verdadeira face.
O recurso a este veto, vergonhosamente antidemocrático, agora sem o pretexto do “perigo”do "Bloco de Leste", num conselho de segurança composto por muitos países aliados dos EUA, é uma confissão do fracasso da política externa norte americana e, segundo vários comentadores, "evoca reminiscências da diplomacia de canhoneira, mais modernamente apodada de unilateralismo da era Bush".
Desde o ano 2000, registaram-se 14 vetos no Conselho de Segurança, 10 dos quais norte-americanos. Desses 10 vetos, nove destinaram-se a proteger Israel contra resoluções que condenavam a sua política.
Os EUA vetaram absolutamente isolados uma resolução proposta pelos países da Liga Árabe que teve o consenso e votos favoráveis de todos os outros países no CS, não se verificando sequer uma abstenção.
Os países da União Europeia, normalmente pró-israelitas, deram sinais de apoiar a diplomacia árabe. Certamente que agora as pressões dos EUA sobre a Europa vão aumentar.
Até a embaixadora dos EUA, na ONU, Susan Rice, reflectiu o desconforto da Administração Obama perante a resolução árabe, ao reconhecer, "a loucura e ilegitimidade da persistente actividade de colonização israelita". Rice ainda tentou, argumentar que o veto norte-americano "não deve ser tomado por um apoio à actividade de colonização" de Israel. Contudo isto não passa de uma desculpa de mau pagador para tentar iludir e atenuar o gesto condenado por todos. O projecto de resolução, patrocinado por cerca de 130 países, afirmava que "os colonatos israelitas estabelecidos nos territórios palestinianos ocupados desde 1967, incluindo Jerusalém Oriental, são ilegais e constituem um obstáculo importante ao êxito de uma paz justa, duradoura e global".
A Human Rights Watch condenou o veto norte-americano dizendo que o presidente Obama diz ao mundo árabe, nos seus discursos, que se opõe à colonização, mas ao recusar deixar o Conselho de Segurança dizer a Israel que acabe com essa colonização, está a apoiar a colonização.
Também o Egito, país que garantiu durante três décadas um apoio quer a Israel quer aos EUA, criticou, em comunicado do seu Ministério dos Negócios Estrangeiros, dizendo que o veto dos EUA "contradiz as declarações americanas rejeitando a política de colonização e limitará ainda mais a credibilidade dos Estados Unidos como mediadores dos esforços de paz".
Embargo dos EUA a Cuba
É impossível deixar de relacionar este facto com um outro relativo a atitude de Obama não aceitar, mais uma vez, a resolução das Nações Unidas sobre o fim do embargo a Cuba. A resolução que tem sido favorável a Cuba, foi votada pelo órgão máximo da ONU, de 192 países, e aprovada com os votos favoráveis de 187 países e três contrários (EUA, Israel e Palau) e três abstenções.
Note-se que o bloqueio que os EUA impõem a Cuba, há 50 anos, tem causado perdas de 751 bilhões e 363 milhões de dólares para os cubanos. Apesar de todas as resoluções da comunidade internacional, os EUA, numa atitude de desprezo pela ONU, pelos restantes países e pelo sofrimento de um povo, continuam na violenta determinação, ditatorial, hegemónica e imperialista, de colonizadores do mundo.
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