Estive uma semana afastado deste blogue, em viagem pelo país. As notícias que li, ouvi e vi, trataram de rever o que foi o ano que findou.
Um ano, pode ser uma fatia da nossa vida mas é uma pequeníssima migalha na História da Humanidade, na História das lutas do Homem, pelo progresso.
O tempo vão volta atrás, os ponteiros dos relógios giram continuamente no mesmo sentido. Os calendários têm sempre mais uma unidade na contagem dos dias, dos meses, dos anos.
As pessoas nascem, crescem e morrem e são renovadamente diferentes. A História não se repete. Contudo a vida das pessoas e das sociedades tem avanços e recuos. Por vezes, essas condições, dão saltos qualitativos importantes. Há revoluções. São rupturas com as políticas do passado.
No percurso que fiz visitei imensas vilas e aldeias. Em todas se viam as marcas do 25 de Abril de 1974. As pessoas assumiram que eram donas dos seus destinos e tinham querer. Bem ou mal discutiam a sua vida, a vida das suas terras.
O Poder Local, nuns sítios mais, noutros menos, passou a fazer parte das vidas dos habitantes. Os sinais são claros. Nas obras, nos hábitos ou nas controvérsias de café ou da taberna.
Mas se a história não se repete, repetem-se os sinais de velhas políticas que o 25 de Abril há 37 anos venceu.
2011 foi um ano - a somar a outros 34 - de ver a vida a andar para trás, para muitos milhões de pessoas. O calendário que acabámos de substituir era de 2011 mas, para muitos portugueses, parece repetir-se a vida dos tempos em que as paredes tinham pendurado o calendário de 1973.
2011 foi mais um ano de luta desigual na tentativa de travar a destruição do que foi construído pelo povo e para o povo. Nas cidades, vilas e aldeias que percorri, falei com muita gente. Todos indignados. Muitos convencidos que “é a vida”, “é a crise”, “essa maldição”... Alguns reconhecendo que foram enganados, outros culpando “quem lá os meteu”.
A História não se repete. Contudo a vida das pessoas e das sociedades tem avanços e recuos. Depende de nós, com a nossa luta organizada, impedirmos os que querem recuar nos tempos e voltar à exploração sem leis, sem limites, ao regime liberal do século XIX em que a lei era a do mais forte, dos que detêm os meios de produção e dão trabalho apenas a quem querem.
A História não se repete. O Homem aprende sempre. Diz o povo: “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”.
Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem.
Bertolt BrechtAumentemos, pois a pressão e o caudal da água contra as pedras que tentam impedir o livre curso da História.
Fizeste uma óptima viagem ao nosso "Portugal Profundo", a avaliar pelo inspirado e certeiro post que publicaste!
ResponderEliminarExperiência pessoal, a confirmar que sempre ganhamos - e muito, e insubstituivelmente - quando nos ligamos estreita e activamente ao nosso Povo.
Vamos lá, vamos dar a volta a isto! Este 2012, pode também ser um Grande Ano!
Forte abraço.