Logo após a morte de Kadafi, apesar da profusão de vídeos e demonstrações dos troféus de guerra dos rebeldes, o CNT tentou fazer passar a mensagem de que Kadafi tinha sido morto pelos seus apoiantes para que não revelasse segredos. Isso chegou a ser sugerido como verdadeiro na nossa televisão (ver aqui em 18/out.). Contudo a grande maioria das notícias revela o contrário. Kadafi foi morto com crueldade pelos rebeldes. Era aos rebeldes que não interessava que Kadafi fosse julgado pois isso iria motivar grandes ações de apoio em sua defesa.
Guerrilheiros, revolucionários, não se comportam assim.
Acaba a intervenção da NATO, não acabou a luta e a guerra da desinformação
Acaba hoje a intervenção da NATO que "oficialmente" durou oito meses, depois de um mês de guerra civil em que os rebeldes foram apoiados pelas tropas especiais inglesas e pela CIA. Oito meses de guerra da NATO, com forças potentissimas, muitos milhares de bombardeamentos diários, que, para alem dos alvos militares, mataram imensos civis, mulheres e crianças, destruiriam as infraestruturas de comunicação, de água, de electricidade, de gás e muitos edifícios de habitação, escolas creches e até hospitais. Destruíram o país mais desenvolvido de África.
Guerra de uma organização, de um grupo de países, que decidiu, unilateralmente, interceder a favor de rebeldes em oposição a um governo legal que ainda há poucos anos era considerado amigo.
Se Kadafi era ditador há 42 anos porque é que foi, tanto tempo, amigo dos que agora o combateram.
Incompreensível é também a afirmação de que o ditador era odiado pela maioria do povo. Como é possível que fossem precisos nove meses de guerra, com fortes apoios em armamento, da Inglaterra, França e Estados Unidos, e oito meses de intervenção directa da NATO, com milhares de bombardeamentos, por aviões e navios de guerra, em apoio a uma das partes (que se dizia maioritária) e fortemente armada, numa guerra civil. Onde foi Kadafi buscar as forças para aguentar este combate? É questão que o futuro dirá.
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