26 de abril de 2011

As dívidas e os empréstimos

Tenho um amigo que ficou desempregado há ano e meio e encravado por uma dívida de 90 euros na farmácia. 

O farmacêutico não lhe aviava mais o medicamento que tem que tomar sem que ele pagasse a dívida. 

Há oito meses foi falar com o antigo patrão da empresa onde trabalhou 15 anos e lá conseguiu que este lhe emprestasse 100 euros mas com um juro de 8%. Ficou com uma dívida de 100euros. 
Como teve que continuar a tomar o medicamento e, apesar de ter reduzido a comida ao mínimo, tem já nova dívida de 90 euros na farmácia, mais os 108 euros do empréstimo para pagar e arrisca-se a ter que pedir novo empréstimo.

Há dois meses veio falar comigo para lhe emprestar 220 euros para pagar a farmácia, comprar o medicamento e pagar a dívida ao ex-patrão. 

Chamei-o à realidade e disse-lhe que, pagar dívidas com novos empréstimos é não morrer do mal mas morrer da cura. Cada vez deve mais e quem vai ganhando é o farmacêutico que continua a vender e quem lhe empresta dinheiro a juros.

Respondeu-me que isso é inevitável, que é a única solução que existe.

E SE MUDARMOS DE POLÍTICA ?

Não há inevitabilidades, disse-lhe. Sugeri-lhe uma mudança de política: Em vez de pedir dinheiro emprestado a solução é pedir trabalho. 
Respondeu-me que o ex-patrão lhe disse que não tinha trabalho mas lhe emprestava o dinheiro a juros de 8% que era muito bom.

Suspeitei que o negócio do ex-patrão era ganhar os juros do empréstimo. Então, propus-lhe que a mudança de política deveria ser procurar outra farmácia que lhe fiasse o medicamento, até arranjar trabalho e, dizer ao ex-patrão que, se não lhe desse trabalho, teria que adiar o pagamento do empréstimo que lhe tinha pedido.

Encheu-se de coragem e assim fez. Conseguiu trabalho na antiga empresa pagou já metade da dívida com o primeiro salário e no mês seguinte vai pagar à farmácia. Disse-me, com alegria, que já tem novo trabalho em vista e que dentro de quatro meses terá as dívidas todas pagas.

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