
A encíclica reflectiu sobre as questões levantadas pela revolução industrial e pela dita “democracia” das sociedades liberais do final do século XIX. Leão XIII apoiou o direito dos trabalhadores para formarem sindicatos, mas rejeitou o socialismo, na defesa da propriedade privada dos meios de produção.
A encíclica criticou fortemente a falta de ética e valores morais na sociedade, responsabilizando o Estado pelo afastamento dos princípios defendidos pela Igreja e indicou regras que deveriam ser usadas na procura de maior justiça sócio-económica, e em especial na melhor distribuição da riqueza. Defendeu a intervenção do Estado na economia, a favor dos mais pobres e desprotegidos, tal como pugnou pela caridade que os ricos e os patrões deviam ter para com os trabalhadores.
O Prof.BARBOSA, Gustavo H C. no seu estudo “A encíclica Rerum Novarum e o Direito do Trabalho” mostra “o palpitante medo da Igreja Católica com o avanço das idéias socialistas” tais como a "luta de classes", o "materialismo dialéctico", o "fim da propriedade privada dos meios de produção”, que foram incluídos na "lista negra". No entanto, a encíclica foi importante para a evolução do Direito do Trabalho em especial no que se refere à dignidade humana do trabalhador.
Como já referi, o Estado liberal, dominado pela burguesia, não legislava, não intervinha nas relações capitalistas formadas na época, deixando que as desigualdades se acentuassem dramaticamente. Voltando a Lacordaire, “Entre o forte e o fraco, entre o rico e o pobre, é a liberdade que escraviza, é a lei que liberta”.
O direito, apenas defendia a propriedade privada e esquecia os direitos do homem no campo moral. A dignidade humana foi rebaixada ao extremo pela ("liberdade") opressão económica.
Muitos intelectuais desenvolveram estudos e movimentos, preconizando a busca pela igualdade social, desenvolvendo o colectivismo. Nesse ambiente de reflexão Karl Marx atingiu o máximo da sistematização na sua importante obra, de rigor científico, “O Capital”.
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