25 agosto 2025

EUA e a ameaça militar nas Caraíbas

Os EUA estão a enviar e re­forçar os seus meios mi­li­tares nas Ca­raíbas a pre­texto do “com­bate ao nar­co­trá­fico”. Lí­deres la­tino-ame­ri­canos acusam os EUA de fabricar pro­vo­ca­ções e pretextos contra a Re­pú­blica Bo­li­va­riana da Ve­ne­zuela e outros países.

O mais re­cente re­la­tório do Ga­bi­nete das Na­ções Unidas contra a Droga e o De­lito (ONUDD), re­vela que a Ve­ne­zuela é um ter­ri­tório livre de cul­tivos ilí­citos e pro­ces­sa­mento de drogas e muito tem feito para o combate ao tráfico. O relatório indica que apenas 5% das drogas tentam atravessar o território venezuelano, enquanto a maioria (87%) parte pela Colômbia e Equador com destino aos Estados Unidos e à Europa. O relatório aponta os Estados Unidos como o principal mercado consumidor de drogas e opióides sintéticos. Os analistas dizem ainda que as acusações da Casa Branca carecem de provas e pois parecem justificar medidas coercivas contra a Venezuela.

Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional, afirmou que "não há país neste continente com maiores vitórias contra o narcotráfico do que a Venezuela nos últimos tempos".

Vários países con­de­naram as calúnias usadas pela ad­mi­nis­tração Trump e os pretextos para ameaçar a região como aconteceu nos anos 80 com a Ni­ca­rágua e Pa­namá.

O mi­nistro da De­fesa, Pa­driño López, re­cordou que as mai­ores agres­sões im­pe­ri­a­listas são pre­ce­didas pela pre­pa­ração da opi­nião pú­blica in­ter­na­ci­onal, a partir da ma­ni­pu­lação dos factos e de mentiras para confundir os incautos. Disse: «o apa­rato me­diá­tico do im­pe­ri­a­lismo é tão vasto que con­segue apre­sentar a men­tira como se de “ver­dade” se tra­tasse» e referiu que o facto os EUA enviarem forças militares para o Mar das Ca­raíbas e não para o Pa­cí­fico, por onde passa a maior parte da droga com des­tino aos EUA, revela as intenções de ameaça à Ve­ne­zuela.

O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, fez na quinta-feira um apelo direto aos Estados Unidos e à Venezuela para que "resolvam as suas diferenças por meios pacíficos" e "exerçam moderação", numa tentativa de neutralizar a escalada promovida pela Casa Branca e pelo Secretário de Estado, Marco Rubio. A porta-voz adjunta de Guterres, Daniela Gross, confirmou que o Secretário-Geral está a acompanhar os acontecimentos "de perto", embora se tenha abstido de descrever a mobilização militar como uma violação da Carta da ONU. 

O Ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, manifestou na sexta-feira, durante uma conversa telefónica com a Vice-Presidente Delcy Rodríguez, o apoio inequívoco do seu país ao Governo venezuelano e ao Presidente Nicolás Maduro face às crescentes ameaças dos Estados Unidos, "solidariedade com o Governo venezuelano "numa altura em que a Casa Branca representa um perigo significativo para uma região Declarada como Zona de Paz, adotada em 2014 em Havana.

China, Irão, países da ALBA-TCP e organizações sociais de todo o mundo, também já condenaram a agressão dos EUA e manifestaram a sua solidariedade para com a Revolução Bolivariana, além de apoiarem a histórica Declaração da América Latina e Caraíbas como Zona de Paz. 

As declarações que condenam o cerco ao país sul-americano continuam a chegar de todo o mundo. Algumas organizações lembraram a "ultrajante" a tentativa do regime norte-americano, feita no passado dia 7, de oferecer recompensa US$ 50 milhões por informações que levem à prisão ou condenação de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela. Disseram que tal anúncio da procuradora-geral Pam Bondi é um procedimento copiado dos "filmes de faroeste". 

O texto traça paralelos entre as políticas de Donald Trump e o sionismo, apontando a cumplicidade em crimes internacionais e solicitando a emissão de mandados de captura contra o presidente norte-americano e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

A Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América - Acordo Comercial dos Povos (ALBA-TCP) realizou uma cimeira extraordinária onde líderes, entre os quais o presidente boliviano Luis Arce, denunciou a "provocação inaceitável" dos Estados Unidos, que "ainda acreditam que a nossa América é o seu quintal". O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, classificou as ações de Washington como uma "nova demonstração de força imperial", enquanto o seu homólogo nicaraguense, o copresidente Daniel Ortega, apelou à unidade para defender a soberania regional.

Face a esta ameaça, o presidente Nicolás Maduro anunciou esta quinta-feira que "Solicitei um processo nacional de alistamento para toda a força da milícia nos quartéis, unidades militares, praças públicas centrais, Praça Bolívar e sede das 15.751 Bases Populares de Defesa Integral".

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